Enxerto ósseo autólogo ou sintético no tratamento de fraturas do platô tibial?

Fraturas do platô tibial impactam a qualidade de vida e são causadas por traumas de alta energia em jovens e baixa energia em osteopênicos.

As fraturas do platô tibial têm impacto substancial na qualidade de vida dos pacientes e são causadas por traumas de alta energia em pacientes jovens e de baixa energia em pacientes osteopênicos. Há risco significante de consolidação viciosa, artrose precoce e infecção profunda, o que debilita gravemente tais pacientes.

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O enxerto ósseo está indicado no tratamento das fraturas do platô tibial para auxiliar na redução aberta e fixação interna das fraturas intra-articulares melhorando a biomecânica e promovendo crescimento ósseo para preenchimento do defeito. Historicamente, o enxerto ósseo autólogo (tipicamente da crista ilíaca) era o preferido dadas as suas propriedades estruturais e osteogênicas. Entretanto, essa intervenção está sujeita à morbidade no sítio doador, podendo chegar a 40% de dor residual em 6 meses de pós-operatório.

Subsequentemente, nas décadas recentes, cresceu o interesse nos substitutos ósseos sintéticos com a evolução do setor de bioengenharia e biomateriais. Estudos em animais e cadavéricos demonstraram maior rigidez e menores desvios na enxertia com fosfato de cálcio sintético em relação ao enxerto autólogo. Entretanto, não há estudos de qualidade comparando os custos adicionais do enxerto sintético em relação ao autólogo.

Enxerto ósseo autólogo ou sintético no tratamento de fraturas do platô tibial

O estudo

Foi publicado no último mês na revista Bone and Joint Open uma revisão sistemática com o objetivo de demonstrar superioridade clínica do enxerto sintético ou autólogo no tratamento das fraturas do platô tibial. Foram eleitos apenas ensaios clínicos randomizados que compararam o enxerto ósseo autólogo com alternativa sintética. O desfecho primário era depressão articular pós-operatória e os secundários incluíram alinhamento, satisfação com a redução, retorno à função, perda sanguínea, duração da cirurgia, infecção e necessidade de reintervenção.

Seis estudos envolvendo 353 fraturas foram identificados a partir de 3.078 registros. Após a avaliação, cinco estudos (representando 338 fraturas) foram apropriados para meta-análise. Os resultados primários mostraram reduções não significativas dos enxertos ósseos sintéticos na depressão articular no pós-operatório imediato (diferença média -0,45 mm, p = 0,25, intervalo de confiança de 95% (IC) -1,21 a 0,31, I ²= 0%) e a longo prazo (> seis meses, diferença média padrão -0,56, p = 0,09, 95% CI -1,20 a 0,08, I² = 73%).

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Quanto aos desfechos secundários, a perda média de sangue foi menor (90,08 ml, p < 0,001, IC 95% 41,49 a 138,67) e a cirurgia foi mais curta (16,17 minutos, p = 0,04, IC 95% 0,39 a 31,94) nos grupos de tratamento sintético. Todas as outras medidas secundárias foram estatisticamente comparáveis.

Conclusão

Esses achados suplantam a literatura anterior e indicam que, apesar das vantagens biológicas percebidas, o enxerto ósseo autólogo não demonstra superioridade aos enxertos sintéticos. Ao selecionar o enxerto, os cirurgiões devem considerar a comorbidade do paciente, fatores ambientais e sociais e prestação de cuidados perioperatórios e pós-operatórios.

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Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Cooper GM, Kennedy MJ, Jamal B, Shields DW. Autologous versus synthetic bone grafts for the surgical management of tibial plateau fractures: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Bone Jt Open. 2022 Mar;3(3):218-228. doi: 10.1302/2633-1462.33.BJO-2021-0195.R1.  

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