ESC 2020: Colchicina reduz eventos cardiovasculares em portadores de doença coronária crônica

O estudo LODOCO2 comparou o uso de colchicina 0.5 mg/dia vs placebo em 5.522 portadores de doença coronária crônica.

Como vimos em publicação anterior, a colchicina, um alcaloide derivado de extratos do açafrão-do-prado (Colchicum autumnale), atua na inibicão da divisão celular essa função interfere diretamente na atividade dos neutrófilos e inibe a formação do NLRP3 (estrutura multiproteica intracelular, importante para o processamento e a liberação das citocinas inflamatórias IL-1 e IL-18) induzida por cristais de ácido úrico.

Recentemente, tivemos a publicação de uma nova análise do COLCOT no congresso da European Society of Cardiology (ESC 2020), com publicação simultânea no European Heart Journal, demonstrando que o início precoce da colchicina (em até três dias, na dose de 0.5 mg/dia) reduziu significativamente o desfecho primário em 48% (4.3% vs 8.3%): RR 0.52 IC95%(0.32-0.84).

Os efeitos benéficos da iniciação precoce de colchicina também foram demonstrados para hospitalização urgente por angina que requer revascularização (RR = 0.35), revascularização coronária completa (RR = 0,63), e o desfecho composto de morte cardiovascular, parada cardíaca ressuscitada, IAM ou acidente vascular cerebral (RR = 0,55, todos P <0,05).

prontuário de paciente com doença coronária crônica que recebe colchicina

Colchicina e doença coronária crônica

Hoje, foi publicado no The New England Journal of Medicine e apresentado no ESC 2020 um novo estudo, o LoDoCo2. Trata-se de um estudo randomizado, multicêntrico, que comparou o uso de colchicina 0.5 mg/dia vs placebo em 5.522 portadores de doença coronária crônica.

O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio espontâneo (não procedimental), acidente vascular cerebral isquêmico ou revascularização coronária induzida por isquemia. O desfecho secundário foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio espontâneo ou acidente vascular cerebral isquêmico.

Resultados

A duração mediana do acompanhamento foi de 28,6 meses. Um evento final primário ocorreu em 187 pacientes (6,8%) no grupo de colchicina e em 264 pacientes (9,6%) no grupo de placebo (incidência, 2,5 vs. 3,6 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 0,69; 95 % intervalo de confiança [CI], 0,57 a 0,83; P <0,001).

Um evento de desfecho secundário chave ocorreu em 115 pacientes (4,2%) no grupo de colchicina e em 157 pacientes (5,7%) no grupo de placebo (incidência, 1,5 vs. 2,1 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 0,72; IC de 95%, 0,57 a 0,92; P = 0,007).

As taxas de incidência de infarto do miocárdio espontâneo ou revascularização coronária induzida por isquemia (desfecho composto), morte cardiovascular ou infarto do miocárdio espontâneo (desfecho composto), revascularização coronária induzida por isquemia e infarto do miocárdio espontâneo também foram significativamente menores com colchicina do que com placebo.

A incidência de morte por causas não cardiovasculares foi maior no grupo colchicina do que no grupo placebo (incidência, 0,7 vs. 0,5 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 1,51; IC 95%, 0,99 a 2,31).

As limitações do estudo incluíram uma porcentagem menor do que o esperado de mulheres, bem como a falta de coleta de dados basais sobre pressão arterial, níveis de lipídios ou estado inflamatório que teriam permitido relatar os resultados de acordo com o controle dos fatores de risco.

Conclusão

Os resultados unificados deste estudo, somando aos resultados do estudo LODOCO e do COLCOT, fortalecem a hipótese da terapia anti-inflamatória da doença coronária, apesar da elevação não significa em morte não cardíaca (ainda sem explicação).

Mais do ESC 2020:

Referências bibliográficas:

  • Nidorf SM, et al. Colchicine in Patients with Chronic Coronary Disease. The New England Journal of Medicine. August 31, 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2021372. Available at <https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2021372?query=RP>
  • Tardif J-C, Kouz S, Waters DD, et al. Efficacy and safety of low-dose colchicine after myocardial infarction. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa1912388
  • Bouabdallaoui N, Tardif JC, Waters DD, et al. Time-to-treatment initiation of colchicine and cardiovascular outcomes after myocardial infarction in the Colchicine Cardiovascular Outcomes Trial (COLCOT), European Heart Journal, , ehaa659,

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.