Espirometria: o que é e como pode ajudar no diagnóstico

A espirometria é um exame que mede os fluxos respiratórios na inspiração e na expiração, tendo grande utilidade na prática clínica.

A espirometria, ou prova de função pulmonar simples, é um exame que mede os fluxos respiratórios na inspiração e na expiração, tendo grande utilidade na prática clínica. Ela pode ser utilizada para diagnóstico e quantificação de distúrbios funcionais das doenças respiratórias, seguimento evolutivo de doenças e suas respostas à terapêutica, além de avaliação pré-operatória principalmente em cirurgias torácicas.

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espirometria

Como é feito? 

O exame é realizado através de espirômetros que medem os fluxos respiratórios após as manobras de inspiração máxima e expiração forçada. O paciente na maioria das vezes realiza o exame sentado, com o nariz ocluído e um bocal que deve estar totalmente vedado e adaptado à cavidade oral para evitar vazamentos e confundidores na interpretação dos valores e das curvas. Geralmente, são realizadas três manobras seguidas e a que melhor atende os critérios de aceitabilidade e reprodutibilidade é a escolhida. Os principais critérios de aceitabilidade do exame incluem um pico de fluxo expiratório adequado, duração de seis segundos ou presença de platô na curva volume-tempo, curva com alça fechada e término não abrupto. Muito do sucesso do exame depende da interação entre o paciente e o técnico que deve incentivar a correta realização das manobras.

A prova broncodilatadora é por vezes realizada e avalia a hiperresponsividade das vias aéreas, muito útil na investigação das doenças obstrutivas. Ela é considerada positiva quando há aumento de 200 ml no volume expiratório do primeiro segundo e uma variação de 12% em relação ao valor pré-broncodilatador. 

A relação entre o volume expirado no primeiro segundo (VEF1) e a capacidade vital forçada (CVF), previamente conhecido como índice de Tiffeneau, pode indicar a presença de doenças obstrutivas ou restritivas a depender do comportamento dos fluxos respiratórios.  Nas doenças obstrutivas como a asma, o DPOC e as bronquiolites, o VEF1 está mais reduzido que a CVF, levando à uma baixa relação VEF1/CVF, muitas vezes abaixo do limite inferior da normalidade, caracterizando a obstrução das vias aéreas. Já os distúrbios restritivos como a fibrose pulmonar, a relação VEF1/CVF tende a ser normal ou alta, também com aumento dos fluxos intermediários. Outros indícios de doença restritiva podem ser vistos com uma CVF muito baixa, sobretudo abaixo de 50% do predito e aumento da relação FEV25-75%/CVF acima de 150%. Além disso, a espirometria pode ajudar no diagnóstico diferencial de dispneia de origem pulmonar, cardiovascular ou periférica, além de inferir progressão das doenças respiratórias como queda progressiva de VEF1 ou da CVF ao longo do seguimento.  

A avaliação dos volumes pulmonares é feita pela pletismografia, também conhecida como prova de função pulmonar completa. Através dela é possível obter informações como a capacidade pulmonar total (CPT), o volume residual (VR), a ventilação alveolar e a resistência das vias aéreas. Diversas doenças levam a aumento do VR inferindo aprisionamento aéreo e aumento da CPT configurando hiperinsuflação, comum nos distúrbios ventilatórios obstrutivos. A medida da difusão de monóxido de carbono também pode ser realizada durante o exame e pode ser um marcador precoce de alterações como doenças intersticiais, doenças vasculares e o DPOC. Além disso, a medida da difusão de monóxido de carbono junto com a medida do VEF1 é um grande preditor de risco pré-operatório em cirurgias de ressecção pulmonar, oncológicas ou não.

Mensagens práticas

  • A espirometria é um exame muito útil na investigação de dispneia, tosse, avaliação pré-operatória e seguimento de pacientes com doenças pulmonares; 
  • Conhecer os valores preditos da nossa população é fundamental para caracterizar doença e a gravidade em relação ao esperado para a faixa etária, o sexo e a altura~;
  • A relação VEF1/CVF abaixo do limite inferior da normalidade caracteriza os distúrbios obstrutivos e o VEF1 pode ser utilizado na classificação de gravidade deles.

Referências bibliográficas:

  • Testes de função pulmonar: bases, interpretação e aplicações clínicas. Carlos Alberto de Castro Pereira, Atheneu, 2021. 

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