Estudo associa placenta lateral com parto pré-termo e cesariana

O risco de hipofluxo placentário parece ser mais frequente em casos de placenta lateral, podendo trazer consequências obstétricas.

Um estudo caso-controle desenvolvido em Israel e publicado em junho de 2022 no International Journal of Gynecology and Obstetrics analisou se a posição da implantação placentária interfere no desfecho gestacional. A implantação placentária ocorre 7 dias após a concepção e normalmente (mais de 90% das vezes) acontece em localizações centrais e superiores do útero (anterior, posterior e fúndica). Entretanto, a placenta pode se implantar na lateral também.

Leia também: Bebês apresentam bactérias diferentes no intestino após cesariana

As placentas laterais normalmente recebem fluxo sanguíneo de apenas um lado da irrigação uterina, enquanto as posições centrais recebem de ambos os lados. Logo, o risco de hipofluxo placentário parece ser mais frequente nos primeiros casos, podendo trazer consequências obstétricas como alteração de crescimento fetal e pré-eclâmpsia.

Estudo associa placenta lateral com parto pré-termo e cesariana

Metodologia

Trata-se de um estudo caso-controle que incluiu mulheres de um hospital terciário em Israel e tiveram suas gravidezes entre 2012 e 2020. Foram colhidos dados da posição placentária por ultrassonografia anteparto, dados demográficos maternos e obstétricos. Foram excluídas mulheres com placenta prévia e gestações múltiplas.

As mulheres foram divididas em dois grupos de acordo com a posição placentária: central ou lateral. O desfecho primário analisado foi o peso ao nascer dos neonatos.

Resultados

Foram analisados dados de 12.306 mulheres, divididas em 11.608 (94%) com placenta em posição central e 698 (5,6%) com placenta em localização lateral.

Os grupos eram semelhantes do ponto de vista demográfico.

O grupo placenta lateral apresentou maiores taxas de cesárea prévia (uma cesárea 14,5% vs 10,7%; duas ou mais 3,6% vs 3,3%; p=0,007). Em relação aos desfechos obstétricos, o grupo placenta central apresentou maior taxa de polidrâmnio (6,0% vs 3,6%, p=0,008), enquanto o grupo placenta lateral mostrou maiores taxas de partos instrumentalizados (9,3% vs 8,6%, p < 0,001), partos cesáreos (33,4% vs 26,8%, p < 0,001) e partos pré-termos (16,9% vs 12,7%, p=0,002).

Não houve diferença quanto ao desfecho primário entre os grupos que foi o peso ao nascer.

A regressão logística multivariável mostrou a placenta lateral como fator associado a parto pré-termo (aOR 1,36, 95% IC  1,11-1,66) e ao parto cesárea (aOR 1,22, 95% IC  1,02-1,47).

Saiba mais: Avaliação do fator de crescimento placentário em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia

Discussão e conclusão

Nesse estudo, a placenta lateral estava associada a parto pré-termo e parto cesárea, dois desfechos obstétricos desfavoráveis.

Apesar de não estar associada ao baixo peso ao nascer, os autores consideram uma tendência de associação e acreditam que a diferença estatística não ocorreu pelo número amostral baixo nesse grupo.

Assim, parece haver uma concordância na literatura que quando comparada a posições centrais, a posição lateral da placenta traz maiores complicações a gestação.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • Doctory N, Romano A, Navon I, Barbash-Hazan S, Bardin R, Hadar E. Placental location and obstetrical-neonatal outcomes - A retrospective study. Int J Gynaecol Obstet. 2022 Jun 24. DOI: 10.1002/ijgo.14316.