Estudo mostra mais evidências de que o uso de broncodilatadores não é eficaz no tratamento da bronquiolite 

Um estudo multicêntrico publicado no jornal Pediatrics concluiu que os broncodilatadores não são eficazes no tratamento da bronquiolite.

Um estudo multicêntrico publicado no jornal Pediatrics concluiu que os broncodilatadores não são eficazes no tratamento da bronquiolite, corroborando a recomendação atual da Academia Americana de Pediatria para limitar o uso rotineiro desses medicamentos em bebês com esse diagnóstico. 

Atualmente, não há nenhuma intervenção eficaz conhecida para reduzir a probabilidade de internação por bronquiolite no pronto-socorro (PS). Com o objetivo de caracterizar as tendências e os desfechos associados ao uso de broncodilatadores no manejo da bronquiolite, pesquisadores do Departamento de Pediatria do Boston Children’s Hospital e da Harvard Medical School realizaram um estudo multicêntrico, retrospectivo e transversal, incluindo bebês com menos de 1 ano de idade e com diagnóstico de bronquiolite feito no PS de 49 hospitais pediátricos americanos no período entre 1° de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2018. Um total de 446.696 visitas foram analisadas.

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A idade média dos bebês foi de 5 meses. A maioria dos pacientes era do sexo masculino (59,9%), brancos (49,9%), não hispânicos (65,3%) e com seguro de saúde público (71,5%). No geral, 142.873 (32%) foram tratados com broncodilatadores, sendo que os lactentes que os receberam eram mais propensos a ser do sexo masculino, mais velhos, não hispânicos e segurados publicamente do que aqueles que não os receberam. 

Estudo mostra mais evidências de que o uso de broncodilatadores não é eficaz no tratamento da bronquiolite 

Achados

O uso de broncodilatadores, as internações hospitalares e as visitas de retorno ao PS em três dias diminuíram entre os anos 2010 e 2018 (51,5% para 22,8%;  34,4% para 33,1% e 5,9% para 5,2%, respectivamente – todos com P < 0,001). As admissões na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e a necessidade de ventilação mecânica não invasiva (VNI) e invasiva (VMI) aumentaram durante o período do estudo (2,4% para 4,3%; 1,0% para 2,9% e 0,7% para 1,5%, respectivamente – todos com P < 0,001). Por fim, a utilização precoce de broncodilatador em nível hospitalar não foi associada a diferenças nas admissões hospitalares, admissões em UTI, consultas de retorno ao PS, VNI ou VMI (todos com P > 0,05).

Conclusão

Trata-se, portanto, de um estudo com amostra ampla e realizado em um grande número de centros hospitalares pediátricos e que, consistente com artigos e consensos prévios, reforça que o uso precoce de broncodilatadores não está associado a reduções nas admissões hospitalares em bebês com bronquiolite, fornecendo mais evidências de que esses medicamentos não são uma terapia eficaz nessa condição. No entanto, os pesquisadores relatam que pesquisas futuras podem definir um subgrupo de crianças com bronquiolite que respondam aos broncodilatadores, fato que é descrito, muitas vezes, na prática clínica.

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Congruente com as atuais diretrizes internacionais, a Sociedade Brasileira de Pediatria também não recomenda o uso dessa classe de fármacos no manejo da bronquiolite. 

Referências bibliográficas:

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