Estudo pesquisa a influência da dulaglutida no tratamento de diabetes

Estudo avaliou se a adição de dulaglutida ao tratamento para DM2 em pacientes de meia-idade e mais velhos, reduz a incidência de desfechos cardiovasculares.

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Apesar dos avanços no tratamento do diabetes, o risco de morte e eventos cardiovasculares continua sendo cerca de duas vezes maior nesses pacientes do que na população geral. A importância de saber se os medicamentos para baixar a glicose alteram esses resultados justificou muitos grandes ensaios cardiovasculares nesta população.

Evidências de que agonistas do receptor do peptídeo semelhante ao glucagon-1(GLP-1) e inibidores do co-transportador sódio-glicose do tipo 2 (i-SGLT2) reduzem os eventos cardiovasculares em pessoas com diabetes tipo 2  com mais de 50 anos, com concentrações de hemoglobina glicadaA1c (HbA1c) média de 8% ou mais,mudaram as diretrizes de prática clínica e fomentaram o debate em relação aos mecanismos que ligam o diabetes à doença cardiovascular.

Estudos anteriores sugeriram que os agonistas do receptor GLP-1 só poderiam reduzir os desfechos cardiovasculares em pessoas com doença cardiovascular prévia. Eles também foram incapazes de determinar os efeitos cardiovasculares dessas drogas através de uma ampla gama de níveis de controle glicêmico.

Estudo Rewind

O Estudo Rewind avaliou se a adição de dulaglutida, um dos agonistas do receptor GLP-1, ao esquema de tratamento para DM2 em pacientes de meia-idade e mais velhos, reduz com segurança a incidência de desfechos cardiovasculares em comparação com placebo.

Neste estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, realizado em 371 locais de 24 países, foram incluídas 9901 pessoas com um período médio de acompanhamento de 5,4 anos. Na população estudada, havia uma baixa proporção de pessoas (31,5%) com doença cardiovascular prévia, e uma alta proporção de mulheres (46,3%).  A duração média do DM2 foi de 10 anos, com uma média de HbA1c de 7,3%.

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Resultados

O desfecho primário foi a primeira ocorrência de infarto do miocárdio não fatal, AVC não fatal, ou morte por causas cardiovasculares (incluindo causas desconhecidas). A análise dos dados mostrou que o desfecho primário ocorreu em 594 (12%) participantes com uma taxa de incidência de 2,4 por 100 pessoas-ano no grupo dulaglutida, e em 663 (13,4%) participantes com uma taxa de incidência de 2 a 7 por 100 pessoas/ano no grupo do placebo (razão de probabilidades [HR] 0,88, 95% CI 0,99-0,099 p = 0,026).

Entre os três componentes do desfecho primário composto, a maior diferença entre os grupos foi vista no número de acidentes vasculares cerebrais não fatais, o que foi consistente com os achados de três estudos avaliando outros agonistas do receptor GLP-1 quanto aos desfechos cardiovasculares.

A mortalidade por todas as causas não diferiu entre os grupos (536 [10,8%] no grupo dulaglutidavs 592 [12%] grupo placebo; HR 0,90, IC 95% 0,80-1,11; p = 0,067). Os resultados mostraram que injeções semanais de dulaglutida reduziram os desfechos cardiovasculares em homens e mulheres com ou sem doença cardiovascular prévia.

Dulaglutida reduziu de forma duradoura a HbA1c, com média de 0,6% a mais que o placebo, enquanto não aumentou as taxas de hipoglicemia. Também reduziu modestamente o peso, o LDL colesterol e a pressão arterial sistólica, com aumento discreto da freqüência cardíaca.

O acompanhamento mediano de 5,4 anos foi muito mais longo do que nos outros estudos de desfechos cardiovasculares, em que o seguimento mediano variou de 1,5 a 3,8 anos, mostrando que os benefícios cardiovasculares dos agonistas do receptor de GLP-1 prolongam-se muito mais do que relatado anteriormente.

Várias possibilidades poderiam explicar os efeitos salutares dadulaglutida e outros agonistas do receptor GLP-1nos desfechos cardiovasculares. Estes incluem:

  • ↓ HbA1c, colesterol LDL, pressão arterial e peso;
  • Melhora da função endotelial, das respostas celulares do endotélio à isquemia e da função plaquetária;
  • Efeitos neuroprotetores diretos;
  • ↓ progressão da aterosclerose,inflamação vascular e vasoconstrição.

Os resultados do estudo sugerem que a dulaglutida pode ser eficaz para prevenção cardiovascular primária e secundária em uma alta proporção de pessoas com DM2.

Para cada 60 pessoas com DM2 e fatores de risco cardiovascular adicionais que foram tratados com dulaglutida por uma mediana de 5,4 anos versus placebo,um evento cardiovascular foi prevenido. O número necessário para tratar é 18 para pessoas com um evento cardiovascular prévio.

Considerações Finais

No julgamento dos autores, o estudo reforça a durabilidade e a segurança dos efeitos da dulaglutida na glicosesanguínea, pressão arterial e peso, e representa a mais longa observação dos efeitos de um agonista do receptor de GLP-1 nestas medidas.

Agonistas do receptor de GLP-1 que demonstraram reduzir desfechos cardiovasculares podem ser considerados para o manejo do controle glicêmico em pessoas com DM2 e doença cardiovascular prévia ou fatores de risco cardiovascular.

 

Referências:

  • Dulaglutide and cardiovascular outcomes in type 2 diabetes(REWIND): a double-blind, randomised placebo-controlled trial. The Lancet 2019 Jun.

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