Estudos que avaliam anticoagulação plena em Covid-19 grave são interrompidos

Três estudos que estão avaliando a eficácia de anticoagulação plena em pacientes hospitalizados com Covid-19 interromperam a inscrição.

Na última semana, três estudos que estão avaliando a eficácia de anticoagulação plena em pacientes hospitalizados com Covid-19 interromperam a inscrição para aqueles com doença grave. Segundo a declaração do US National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI), o motivo foi a falta de eficácia e possível problema de segurança nesses pacientes.

Os ensaios clínicos estão acontecendo em quatro continentes e têm como objetivo comparar o benefício de doses completas de anticoagulantes versus doses profiláticas. Os estudos ainda continuam em andamento para pacientes com Covid-19 moderada que necessitam de internação hospitalar, sem tratamento intensivo.

Apesar disso, a anticogulação profilática continua sendo indicada para os pacientes internados com Covid-19, tanto pelo protocolo da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) quanto pelo National Institute of Health (NIH).

paciente internado com covid-19 fazendo anticoagulação

Anticoagulação na Covid-19

A principal hipótese de que poderia haver algum benefício partiu da associação da Covid-19 com coágulos sanguíneos generalizados, que acontecem mesmo em vasos menores nos pacientes com a doença. Como essa coagulação incomum pode causar diversas complicações, de insuficiência pulmonar a derrame, os pesquisadores iniciaram um trabalho de avaliar o papel da anticoagulação plena versus profilática nesses pacientes.

Os estudos em questão são: Randomized, Embedded, Multi-factorial Adaptive Platform Trial for Community-Acquired Pneumonia (REMAP-CAP) Therapeutic Anticoagulation; Accelerating COVID-19 Therapeutic Interventions and Vaccines-4 (ACTIV-4) Antithrombotics Inpatient; and Antithrombotic Therapy to Ameliorate Complications of COVID-19 (ATTACC).

Leia também: Estratégias de anticoagulação na Covid-19: o que recomendam as principais sociedades

Segundo o NHLBI, porém, avaliando os primeiros resultados, os conselhos de supervisão notaram que, além de os pacientes graves não terem apresentado benefício com o uso de doses completas de heparina, não foi possível excluir um potencial dano nesse subgrupo, já que o sangramento é uma complicação comum desse tipo de anticoagulação.

Análises adicionais estão sendo realizadas para disponibilizar, o mais rápido possível, os resultados encontrados até este momento.

Covid-19 moderada

Os ensaios clínicos continuam, porém, com inscrições para pacientes com Covid-19 que necessitam de hospitalização sem indicação de cuidados intensivos. Segundo a nota do NHLBI, a comparação de dose plena e doses baixas de anticoagulantes nesses pacientes ainda é uma questão importante, por isso deve continuar sendo avaliada.

Os pacientes que precisam de anticoagulação completa por alguma outra indicação médica não estão inclusos nos estudos.

Recomendações atuais de anticoagulação

As recomendações de anticoagulação pela AMIB orientam:

  1. Não fazer uso rotineiro de dose plena de heparina em pacientes com Covid-19;
  2. Fazer a melhor profilaxia possível de trombose venosa profunda (TVP), com medidas farmacológicas e não farmacológicas, naqueles pacientes com Covid-19 que necessitam de hospitalização e não possuem contraindicações para anticoagulação.

Além disso, a American College of Chest Physicians (ACCP) e a International Society on Thrombosis and Hemostasis (ISTH) não recomendam dosagem do D-dímero como ferramenta de screening para TEV, determinação de gravidade ou até mesmo para guiar a intensidade do tratamento.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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