EuroElso 2019: efeitos da vancomicina em pacientes submetidos à ECMO

Um estudo apresentado no EuroElso 2019 analisou a farmacocinética da vancomicina em pacientes adultos submetidos à ECMO. Confira:

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O estudo Pharmacokinetics of Vancomycin in patients with ECMO support, apresentado no Congresso EuroElso 2019 analisou a farmacocinética da vancomicina em pacientes adultos submetidos à oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO). Os autores analisaram, prospectivamente, todos os pacientes adultos que necessitaram de ECMO venoarterial (VA) e venovenosa (VV), na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário Vall d’Hebron, em Barcelona, no período de janeiro de 2016 a dezembro de 2018. Os pacientes com função renal normal receberam antibioticoterapia profilática com vancomicina. Já os com falência renal receberam daptomicina.

Amostras de sangue pré-oxigenação, pós-oxigenação e arterial foram coletadas concomitantemente em seis pacientes antes (“durante”) e após 180 minutos (“pico”) da infusão de vancomicina. Todos os pacientes receberam uma dose intravenosa (IV) padronizada de 1 grama a cada 12 horas. As concentrações plasmáticas foram mensuradas por imunoensaio de micropartículas quimioluminescentes. O coeficiente de correlação intraclasse (intraclass correlation coefficient – ICC) foi usado para estudar a relação entre os valores encontrados.

Os autores observaram que, no período do estudo, 39 pacientes foram submetidos à ECMO (48,7% receberam ECMO VV e 51,3% receberam ECMO VA, sendo 60% com canulação periférica e 40% com canulação central). A mediana de duração da ECMO foi de 5 dias (1 – 27). A média de idade foi de 47,5 ± 15 anos e 51,28% eram pacientes do sexo masculino. O escore APACHE II foi 24 ± 7 e o escore SOFA foi 8,48 ± 3,77. Os autores obtiveram um total de 126 amostras de seis pacientes (5 em ECMO VV e 1 em ECMO VA central) entre os dias 1 a 9 de ECMO.

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Os níveis de vancomicina (“durante” e “pico”) foram baixos e tenderam a aumentar durante o suporte. Os autores encontraram uma ótima correlação entre as concentrações das amostras obtidas nos três pontos de coleta, tanto nos níveis “durante” [ICC 0,997 (IC 95% 0,995 – 0,999) com p < 0,01], quanto nos níveis “pico” [ICC 0,997 (IC 95% 0,994 – 0,999) com p < 0,01]. Nenhuma lesão renal foi evidenciada. Dois pacientes apresentaram bacteremia por estafilococos coagulase-negativos.

Os autores concluíram que a dosagem padrão de vancomicina em pacientes em ECMO pode ser insuficiente para atingir níveis adequados e que um efeito cumulativo pode surgir com o tempo. Os autores sugerem que o circuito da ECMO tem muito pouco impacto nestes níveis plasmáticos de vancomicina, mas propõem que esta hipótese seja confirmada em futuros estudos.

Em pediatria, a vancomicina é administrada, em geral, na dose de 40 a 60 mg/kg/dia, a cada 6 horas. Em pacientes em ECMO, deve continuar a ser administrada a cada 6 horas. No entanto, a dose deve ser reajustada de acordo com o nível sérico. Doses mais altas podem ser necessárias.

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Referências:

  • ARGUDO, E. et al. Pharmacokinetics of Vancomycin in patients with ECMO support. Perfusion, v.34, n.1S, p.141-2, 2019.
  • BROCCOLI, G. et al. Manejo do Paciente em ECMO. In: BROCCOLI, G. et al. Protocolo de Assistência Circulatória ECMO. Rio de Janeiro: Atheneu, 2018. Cap. 5. p.61-99.
  • HWANG, D. et al. Vancomycin dosing and target attainment in children. Journal of Microbiology, Immunology and Infection, v.50, n.4, p.494-499, 2017.

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