Eventos hemorrágicos no paciente crítico

Episódios hemorrágicos severos, com necessidade de transfusão, são um desafio enfrentado por médicos intensivistas diariamente. Saiba mais.

Episódios hemorrágicos severos, com necessidade de transfusão, são um desafio enfrentado por médicos intensivistas diariamente. As decisões de transfusão, que são fundamentais para o resultado clínico, muitas vezes baseiam-se de forma insatisfatória apenas nos níveis de hemoglobina (Hb). Desde 1999, o limite utilizado para guiar a indicação de transfusão sanguínea é Hb < 7g/dL. Entretanto, essa população de pacientes críticos é heterogênea, cuja causa de sangramento pode variar amplamente, possuindo, portanto, indicações de transfusão sanguínea diferentes entre esses pacientes. As causas de sangramento em pacientes críticos são numerosas, e incluem, entre outras, perda sanguínea aguda perioperatória, úlcera péptica hemorrágica, sepse, cirrose hepática, hemólise, etc.

A monitorização do paciente é imprescindível e pode ajudar nesta tomada de decisão. Um estudo randomizado, controlado e cego realizado por Zeroual et al. mostrou que o uso da saturação venosa central de oxigênio diminuiu o número de transfusões em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.

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Estudos sobre eventos hemorrágicos

Publicações recentes apoiam estudos prévios que mostram que protocolos restritivos de transfusão sanguínea melhoram o prognóstico do paciente, reduzem morbimortalidade e tempo de internação, além de custar menos, já que esses produtos derivados do sangue são caros e escassos.

Outra estratégia a fim de reduzir o número de transfusões é o uso do cell saver, dispositivo já conhecido no ambiente cirúrgico. Através de um processamento do sangue coletado, ele seleciona hemácias boas e as torna aptas para infusão, reduzindo assim a necessidade de transfusão de hemácias alogênicas com seus riscos associados de complicações infecciosas e não-infecciosas. 

Em relação ao manejo do sangramento associado a terapia antiplaquetária, a recomendação é de que o tratamento etiológico através de intervenção cirúrgica ou endoscópica sejam as medidas primárias a serem tomadas. A reversão da terapia antitrombótica por transfusão de plaquetas ou mesmo agentes neutralizantes específicos devem ser considerados como medidas secundárias.

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Considerações

Ainda não existem diretrizes de transfusão sanguínea específicas para pacientes críticos. Além do limite inferior consagrado de 7g/dL de Hb, uma monitorização minimamente invasiva, utilização de equipamentos já conhecidos no ambiente cirúrgico, além de medidas primárias de tratamento do sangramento podem ajudar na prevenção e tomada de decisão para transfusão sanguínea dentro da UTI.

Referências bibliográficas:

  •  Rauer MJ, Neef V, Berra L. Severe bleeding in the ICU. Curr Opin Anaesthesiol. 2021 Aug 1;34(4):530-536. doi: 10.1097/ACO.0000000000001019. PMID: 34039847.
  • Hébert PC, Wells G, Blajchman MA, et al. A multicenter, randomized, controlled clinical trial of transfusion requirements in critical care. N Engl J Med 1999; 340:409–417. doi: 10.1056/NEJM199902113400601
  • Zeroual N, Blin C, Saour M, et al. Restrictive transfusion strategy after cardiac surgery. Anesthesiology 2021; 134:370–380. doi10.1097/ALN.0000000000003682

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