Exame de sangue diagnostica pré-eclâmpsia com mais rapidez

O teste PlGF demonstrou que foi reduzido o tempo médio para diagnóstico de pré-eclâmpsia de 4,1 dias para 1,9 dias, além das taxas de complicações graves.

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A pré-eclâmpsia é uma condição que afeta cerca de 8,5 milhões de mulheres em todo mundo, sendo responsável por cerca de 15% dos partos prematuros. O diagnóstico é realizado, normalmente, a partir da 20ª semana de gravidez ou nos primeiros dias após o parto. Ele baseia-se no desenvolvimento de hipertensão arterial superior a 140 x 90 mmHg e proteinúria maior que 300 mg em um intervalo de 24 horas.

Por ser uma doença silenciosa e muitas vezes de difícil diagnóstico, é fundamental que a gestante e o médico que está a acompanhando prestem atenção a qualquer sintoma suspeito, como oscilação da pressão arterial, inchaços (principalmente nos membros inferiores) e aumento exagerado do peso corpóreo.

O que acontece é que muitas vezes a pré-eclâmpsia é diagnosticada somente no término da gravidez, o que aumenta os riscos tanto para a mãe quanto para o bebê. Estudos de coorte prospectivos prévios demonstraram que os fatores angiogênicos têm alta acurácia diagnóstica em mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia, mas ainda não há certeza da eficácia desses testes em um cenário real.

Gestantes de risco merecem atendimento especializado, com rigorosa vigilância durante o pré-natal. De acordo com especialistas, complicações hipertensivas representam a principal causa de morte materna no Brasil. Em todo o mundo, morre uma mulher por pré-eclâmpsia a cada 20 minutos, 99% dessas mortes ocorrem em países de baixa e média rendas, como o Brasil.

Atualmente, há disponível no mercado um exame de biomarcadores para pré-eclâmpsia indicado a partir do sétimo mês de gestação. A partir daí, é possível avaliar o risco da paciente desenvolver a doença nas próximas semanas de gravidez, além de ajudar no manejo clínico.
Novo estudo

Um novo estudo publicado neste mês de abril na The Lancet constatou que um simples exame de sangue pode ajudar a fazer mais rapidamente o diagnóstico de uma complicação comum e potencialmente fatal da gravidez.
A equipe de cientistas do King’s College London descobriu que, medindo a concentração do fator de crescimento placentário (PlGF) no sangue de uma mulher, é possível diagnosticar a pré-eclâmpsia, em média, dois dias antes. Essa descoberta foi associada a melhorias significativas nos resultados para as mulheres sem causar problemas de saúde para os bebês.

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“Nos últimos cem anos, a medicina diagnostica a pré-eclâmpsia através da medição da pressão sanguínea e da verificação de proteína na urina de uma mulher. Mas, esses métodos são relativamente imprecisos. Dentro dos nossos estudos, sabíamos que o monitoramento de PlGF era uma maneira precisa de ajudar a detectar a doença, mas não tínhamos certeza se disponibilizar essa ferramenta para os médicos levaria a um melhor atendimento às mulheres. Agora sabemos que sim”, conta Lucy Chappell, professora de obstetrícia do King’s College London.

Entre junho de 2016 e outubro de 2017, a equipe da King’s inscreveu 1.035 mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia para o estudo de 11 maternidades em todo o Reino Unido. As mulheres foram aleatoriamente designadas para dois grupos. Um deles teve os resultados do teste PlGF disponibilizados para sua equipe clínica, o outro não.

O teste PlGF demonstrou que foi reduzido o tempo médio para o diagnóstico de pré-eclâmpsia de 4,1 dias para 1,9 dias, além das taxas de complicações graves antes do nascimento (como eclâmpsia, acidente vascular cerebral e morte materna), que caíram de 5% para 4%.

Após o estudo foi constatado que não houve mudança nas taxas de complicações para o bebê, nos índices de prematuridade ou ainda de internações na UTI neonatal. Em resposta aos resultados do estudo, o NHS England anunciou que tornará o teste mais amplamente disponível em todo o Departamento de Saúde e Assistência Social do país.

O professor Tony Young, líder clínico nacional para inovação no NHS England, disse que “este teste de sangue inovador, como estabelecido neste novo estudo, deve ajudar a determinar os riscos de pré-eclâmpsia na gravidez, permitindo que as mulheres sejam direcionadas para cuidados apropriados mais rapidamente”.

O professor Chappell acrescentou que “as evidências mostram que testes generalizados de PlGF podem salvar vidas. Muitos testes foram implementados sem uma avaliação robusta. Desta vez, avaliamos esse novo teste e mostramos que ele melhora efetivamente os cuidados e os resultados para as mulheres grávidas e os seus bebês”.

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