Exame de sangue pode determinar se as crianças estão dormindo o suficiente

O sono é essencial para a saúde das crianças e sua duração insuficiente está associada a resultados negativos para a saúde.

De acordo com um estudo recente, um exame de sangue pode informar aos pais se suas crianças estão dormindo o suficiente.

O sono é essencial para a saúde das crianças e sua duração insuficiente está associada a resultados negativos para a saúde. Nos seres humanos, a duração e a qualidade do sono são influenciadas por fatores genéticos, ambientais e sociais. Da mesma forma, os mecanismos epigenéticos regulam os ritmos circadianos e os padrões de sono.

Sono em crianças

Questionando se os padrões diferenciais de microRNAs (miRNAs) circulantes estão associados à duração do sono em crianças e adolescentes europeus com peso normal, Iacomino e colaboradores (2020) conduziram, portanto, o estudo “Circulating miRNAs are associated with sleep duration in children/adolescents: Results of the I.Family Study”.

Nesse estudo, os pesquisadores objetivaram identificar microRNAs circulantes associados à duração do sono em uma subamostra de crianças/adolescentes europeus de peso normal participantes do I.Family Study (o I.Family Study investiga determinantes da escolha de alimentos, estilo de vida e saúde em crianças, adolescentes e pais europeus). A equipe estudou 111 crianças e adolescentes saudáveis de oito países europeus: Alemanha, Bélgica, Chipre, Espanha, Estônia, Hungria, Itália e Suécia.

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Os participantes da pesquisa foram divididos em dois grupos com base na duração do sono autorreferida, de acordo com a quantidade recomendada de sono para populações pediátricas. As necessidades de sono para crianças com menos de 13 anos de idade eram, pelo menos, nove horas por dia e para crianças com mais de 13 anos de idade eram de, no mínimo, oito horas por dia.

Os pesquisadores observaram que houve diferenças entre os grupos (que dormiam pouco versus que dormiam normalmente) nos níveis circulantes de miR-26b-3p [média (IC95%) = 2,0 (1,3–2,7) versus 2,3 (1,9–2,7), p = 0,05] e miR-485 -5p [média (IC95%) = 0,6 (0,3-0,9) versus 0,9 (0,7 – 1,0), P <0,001], ajustados para país de origem, idade, sexo, status puberal, tempo de tela e maior nível educacional dos pais.

Resultados

Os resultados do estudo de Iacomino e colaboradores (2020) mostram, pela primeira vez, que a duração do sono reflete o perfil de microRNAs circulantes específicos em crianças e adolescentes em idade escolar. Segundo os pesquisadores, é concebível que modificações epigenéticas, principalmente relacionadas ao controle do ritmo circadiano, possam ser moduladas ou interferir na duração do sono.

O estudo não é isento de limitações. Para os pesquisadores, a primeira e mais importante limitação é que a correlação entre expressão de miRNA e duração do sono observadas em “dormidores normais”, embora estatisticamente significativo, é muito fraca e deve ser interpretada com cautela. Além disso, os autores ressaltam que fatores do estilo de vida podem afetar os resultados, mas a adição de covariáveis aos modelos estatísticos não influenciou a associação com a duração do sono.

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Para Iacomino e colaboradores (2020), a duração total do sono foi avaliada por questionários de autorrelato, que podem introduzir erros e imprecisões na medição. No entanto, um acordo justo foi encontrado em estudos anteriores entre a duração do sono autorreferida e objetivamente medida (observações actigráficas). Consequentemente, embora os dados autorrelatados não sejam tão precisos quanto a actigrafia, eles são frequentemente usados em crianças, devido à sua facilidade de uso e ao tempo e custos mínimos envolvidos na coleta de dados.

Os resultados desse estudo sugerem, portanto, que os médicos poderiam usar um simples exame de sangue para avaliar os níveis circulantes de microRNA e determinar se as crianças estão dormindo o suficiente. Para Fabio Lauria, um dos pesquisadores do estudo, na era da medicina personalizada, esses tipos de estudos representam um dos pontos-chave no campo da fisiologia molecular, porque são importantes para entender os mecanismos envolvidos em diferentes condições específicas, como câncer, doenças cardíacas, obesidade e distúrbios do sono.

A pesquisa de Iacomino e colaboradores (2020) foi publicada na revista Experimental Fisiology.

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