Existe associação entre a aspirina e degeneração macular relacionada à idade (DMRI)?

Degeneração macular (DMRI) é a principal causa de perda visual, alguns artigos buscaram uma associação entre o uso de aspirina e um maior risco para doença.

A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a principal causa de perda visual em países desenvolvidos. O número de pessoas com DMRI em 2020 pode chegar a 196 milhões. É uma doença que associa fatores de risco genéticos e ambientais e fortemente associada à idade. Na população branca estima-se que 1,7% tenha aos 70 anos aumentando para 5,6% aos 80 anos e 20,1% aos 90 anos. A DMRI pode ser classificada em precoce, intermediária e tardia. A última pode ocorrer em 2 formas: doença atrófica (atrofia geográfica) e neovascular (ou exsudativa), podendo as duas coexistirem no mesmo olho. Poderia a utilização de aspirina aumentar o risco de degeneração macular relacionada à idade (DMRI)?

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Paciente com degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e usuário de aspirina participa de estudo buscando uma resposta para relação entre os dois.

Aspirina e DRMI

A aspirina é um anti-inflamatório não esteroidal que tem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias, além de ser um agente antitrombótico utilizado na prevenção de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares. Alguns artigos controversos tentaram associar a aspirina a um risco alterado para DMRI. Essa questão é importante já que a aspirina é usada em muitos pacientes idosos, principalmente em países desenvolvidos, onde a doença cardiovascular é a principal causa de morte.

O estudo de doença ocular relacionada a idade (AREDS) foi um estudo prospectivo multicêntrico que avaliou os efeitos de suplementos nutricionais na DMRI e na progressão da catarata. O AREDS 2 analisou os efeitos de diferentes suplementos nutricionais no curso da DMRI. Um estudo publicado no Jornal da Academia Americana de Oftalmologia avaliou a associação potencial do uso de aspirina e a progressão para DMRI tardia nas coortes do AREDS e do AREDS 2.

Foram elegíveis 3.734 participantes do AREDS para as análises e 28,1% estavam tomando aspirina no início do estudo. A progressão para DMRI tardia, atrofia geográfica ou DMRI neovascular em follow-up de 10 anos foi 23,3%, 17,7% e 14,3%. 2403 participantes do AREDS 2 foram elegíveis para análises subsequentes e 49,9% usavam aspirina. A progressão para DMRI tardia, atrofia geográfica e DMRI neovascular em 5 anos foram 38%, 24.6% e 20.1% respectivamente.

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Conclusão sobre impacto do uso de aspirina para o risco de degeneração macular

A avaliação do estudo não demonstrou evidência de risco elevado de progressão para DMRI tardia com o uso de aspirina. Isso se manteve verdadeiro na análise da evolução para atrofia e DMRI neovascular. Esse resultado se manteve tanto no AREDS quando no AREDS 2. Em comum, além da idade avançada, aqueles que usam aspirina têm prevalência aumentada de tabagismo prévio, doença cardiovascular e outros fatores de risco para doença cardiovascular. Tanto a idade quanto o tabagismo são fortes fatores de risco para DMRI (particularmente neovascular), ou seja, a DMRI compartilha fatores de risco com a doença cardiovascular. Este fato pode gerar uma associação falsa de causa (uso de aspirina) e efeito (DMRI tardia) originada pela relação explicitada acima.

Referências bibliográficas:

  • Keenan TD, et al. The Association of Aspirin Use With Age-Related Macular Degeneration Progression in the Age-Related Eye Disease Studies: Age-Related Eye Disease Study 2 Report No. 20. Ophthalmology. 2019 Dez;126(12):1647-1656. doi: 10.1016/j.ophtha.2019.06.023

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