Existe fibromialgia em crianças?

A resposta é sim, existe. A fibromialgia juvenil (FMJ) está incluída nas síndromes de amplificação dolorosa da criança, e é muito similar à do adulto.

A resposta é sim, existe. A fibromialgia juvenil (FMJ) está incluída nas síndromes de amplificação dolorosa da criança, e é muito similar à do adulto. Apresenta-se com dor musculoesquelética crônica generalizada, pontos gatilhos à palpação e comumente associa-se a fadiga, transtornos do sono, cefaleia crônica e síndrome do intestino irritável.

Acomete de 1-6% das crianças, é mais comum no sexo feminino e na faixa etária de 13 a 15 anos.

Fibromialgia juvenil

A patogênese da FMJ ainda não é bem elucidada. Sabe-se que há predisposição genética e sensibilização do sistema nervoso central – um processo complexo que envolve, dentre diversas alterações, hiperativação das vias nociceptivas. Isso leva à percepção de dor mesmo para estímulos não dolorosos, como pressão leve na pele.

O diagnóstico é clínico, baseado na anamnese, exame físico e exclusão de outros diagnósticos. Não há consenso sobre os critérios para definir a FMJ, mas na prática são utilizados os critérios de 2010 do ACR para fibromialgia (imagem 1), no qual usa-se o índice de dor difusa e a escala de gravidade dos sintomas.

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É necessário excluir causas orgânicas antes de dar o diagnóstico. Em crianças menores, nas quais essas informações são mais difíceis de se extrair, o diagnóstico pode ser desafiador.

Imagem 1: O diagnóstico de fibromialgia é feito com índice de dor difusa ≥ 7/19 e escala de gravidade ≥ 5 ou, ainda, índice de dor difusa entre 3 e 6 e escala de gravidade ≥ 9.

Os diagnósticos diferenciais incluem:

  • Enxaqueca;
  • Hipotireoidismo;
  • Miopatias;
  • Outras doenças inflamatórias reumatológicas (ex: lúpus infantil, artrite idiopática juvenil);
  • Infecções virais;
  • Deficiência grave de vitamina D;
  • Depressão;
  • Dor de crescimento.

Os exames laboratoriais a serem solicitados devem ser guiados pelas suspeitas diagnósticas avaliadas caso-a-caso. Os mais comumente avaliados são PCR, VHS, função tireoidiana e hemograma. Em casos seletos, podem ser úteis: sorologias virais, FAN, fator reumatoide, vitamina D, exames de imagem, estudos genéticos e biópsia tecidual.

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O tratamento baseia-se na educação do paciente e da família, terapia cognitivo-comportamental e atividade física regular. O manejo medicamentoso pode incluir analgésicos, relaxantes musculares e antidepressivos tricíclicos, embora o papel desses seja limitado na FMJ. O prognóstico da FMJ varia muito na literatura, não havendo consenso se os pacientes tendem a melhorar ou cronificar.

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Referências bibliográficas:

  • De Sanctis, Vincenzo et al. “The juvenile fibromyalgia syndrome (JFMS): a poorly defined disorder.” Acta bio-medica : 2019 Atenei Parmensis vol. 90,1 134-148. 23
  • Provenza JR, Pollak DF, Martinez JE, Paiva ES, Helfenstein M, Heymann R, Matos JMC, Souza EJR. 2004. Fibromialgia. Revista Brasileira de Reumatologia, 44(6), 443-449.
  • Wolfe F, Clauw DJ et. al.: The American College of Rheumatology Preliminary Diagnostic Criteria for Fibromyalgia and Measurement of Symptom Severity. 2010 Arthritis Care & Research Vol. 62, No. 5, pp 600 – 610  

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