Existe relação entre selênio e câncer de tireoide?

O interesse sobre a influência do selênio sobre o câncer de tireoide vem pela capacidade de inibir mutagênese e proliferação de células tumorais.

O selênio é um microelemento encontrado em alimentos, como aqueles ricos em proteínas, em castanhas (como a castanha-do-pará), bem como em cogumelos e leveduras. Na natureza, se apresenta sob sua forma orgânica (facilmente digerida) e, em alimentos fortificados e suplementos, na sua forma inorgânica.

As recomendações diárias de consumo são de 40 a 70 mcg para homens e de 45 a 55 mcg para mulheres (fora de gestação ou lactação, quando as necessidades aumentam).

As principais funções atribuídas a este elemento se devem ao fato de compor diversas enzimas, como as que participam do sistema antioxidante, como a glutationa peroxidase, na regulação do sistema imune (como produção de anticorpos e de linfócitos T reguladores), bem como ação antitumoral.

Em relação à glândula tireoide, ele também desempenha diversas funções, como fazer parte da estrutura das deiodinases, que são as enzimas responsáveis pela conversão dos hormônios tireoidianos em suas formas ativas e inativas e diminuir a expressão dos antígenos HLA-DR e dos anticorpos contra antígenos tireoidianos, tanto que atualmente se destaca seu papel adjuvante na Oftalmopatia de Graves.

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castanhas-do-pará que possuem selênio, tendo relação com o câncer de tireoide

Selênio versus câncer de tireoide

O interesse na questão acerca da influência do selênio sobre o câncer de tireoide vem do fato do selênio ter a capacidade de inibir mutagênese e proliferação de células tumorais.

Alguns estudos observacionais mostraram uma relação inversa entre os níveis deste elemento e a incidência de câncer e mortalidade, ou seja, houve a detecção de níveis mais baixos de selênio no sangue e no tecido tireoidiano nos pacientes com câncer de tireoide. Entretanto, outros não confirmaram esta associação.

Para lançar luz sobre o assunto, recentemente foi publicada uma revisão sistemática, que incluiu, ao final da triagem, cinco estudos. Porém, o resultado não foi capaz de diminuir a controvérsia ou indicar que a suplementação de selênio pudesse funcionar como medida preventiva.

Isto porque o número de estudos foi pequeno, em alguns a população estudada apresentava poucos casos de câncer de tireoide, além do fato de que estudos observacionais não são capazes de definir relação de causa e efeito.

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Conclusões

É necessário se ter em mente que o selênio é fundamental para a glândula tireoide de forma que deve haver a ingesta adequada do microelemento na dieta, bem como se suplementar em casos de deficiência inequívoca, porém não há dados suficientes para se afirmar que tem papel preventivo ou terapêutico especificamente para o câncer de tireoide.

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Referências bibliográficas:

  • Maia MO, Batista BAM, Sousa MP, et al. (2019) Selenium and thyroid cancer: a systematic review. Nutrition and Cancer, DOI: 10.1080/01635581.2019.1679194
  • Stuss M, et al. The Role of Selenium in Thyroid Gland Pathophysiology. Endokrynologia Polska 2017; 68 (4).

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