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Durante a gestação, ocorre uma expansão fisiológica do volume plasmático, resultando em queda da hemoglobina. No entanto, vários fatores podem contribuir para a anemia durante o período gestacional, como deficiência nutricional, hemólise e processo inflamatório. A principal causa de anemia é a deficiência de ferro – a demanda por ferro aumenta progressivamente ao longo da gestação, devido ao crescimento e desenvolvimento fetal, bem como à maior eritropoiese materna.
A anemia ferropriva apresenta-se como anemia normocítica-normocrômica ou microcítica-hipocrômica, com reticulocitopenia, ferro baixo, ferritina baixa, capacidade total de ligação do ferro (TIBC) alta e índice de saturação de transferrina (IST) baixo. Na gestação, apesar de variações entre laboratórios e estudos, aceitam-se como valores de corte para hemoglobina 11 g/dL no primeiro trimestre, 10,5 g/dL após a 12ª semana e 10 g/dL no período pós-parto.
Fatores de risco:
Algumas gestantes têm ferropenia sem anemia, uma vez que a eritropoiese é geralmente preservada até estágios avançados de deficiência de ferro. Ferropenia, com ou sem anemia, associa-se à fadiga materna, resultando em pior qualidade de vida e maior risco de depressão pós-parto.
Alguns estudos mostram também relação entre anemia materna e maior risco de hemorragia pós-parto; uma possível explicação seria a menor contratilidade uterina secundária à menor oferta de oxigênio. Além disso, há aumento do risco de morte perinatal, prematuridade ou baixo peso ao nascer, além de prejuízo no desenvolvimento neurológico do neonato.
Para minimizar o risco de complicações, recomenda-se repor ferro em todas as gestantes com deficiência do elemento. A reposição oral é um método eficaz, barato e seguro para correção da ferropenia, sendo a dose diária recomendada de ferro elementar de 100-200 mg, em média. Na maioria das vezes, orienta-se fazer a reposição em jejum, com água ou alguma fonte de vitamina C, evitando o uso concomitante de polivitamínicos e antiácidos. A resposta ao tratamento é avaliada após 2-3 semanas e depende de inúmeros fatores, como grau de anemia e ferropenia antes da reposição e a presença de sangramento persistente.
Algumas pacientes relatam efeitos colaterais gastrointestinais (por exemplo, gosto metálico, náuseas, flatulência e constipação), o que pode afetar a aderência ao tratamento. Havendo normalização da hemoglobina, a reposição é mantida por mais três meses e, pelo menos, até seis semanas após o parto para correção dos estoques de ferro. Orientações dietéticas são importantes, como estimular o consumo de carne vermelha, vegetais verde-escuros, leguminosas e cereais integrais.
Gestantes com anemia grave (hemoglobina < 7 g/dL) e/ou sintomática ou no final da gestação (> 34 semanas) devem ser avaliadas por hematologista, assim como aquelas com falha à terapia oral.
Possíveis causas para falha terapêutica à reposição oral de ferro:
A reposição parenteral de ferro é contraindicada no primeiro trimestre e deve ser feita com cautela nos demais trimestres de gestação. Há raros casos relatados de bradicardia fetal em mulheres com reações de hipersensibilidade ao ferro parenteral.
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Indicações de reposição parenteral de ferro:
A via de parto não é influenciada pela anemia ferropriva. Recomendam-se sempre, independente da presença ou não de anemia, medidas para minimizar a hemorragia durante e após o parto. Mulheres com anemia não corrigida antes o parto e/ou com perda sanguínea > 500 mL durante o parto e/ou sintomas de síndrome anêmica após o parto devem ter hemograma realizado nas primeiras 48 horas após o nascimento da criança.
Se anemia leve e assintomática em paciente estável hemodinamicamente, o tratamento pode ser feito com ferro oral. As indicações de ferro parenteral no puerpério são semelhantes àquelas na gestação. Transfusão de hemácias deve ser considerada se sangramento intenso e persistente, descompensação cardiopulmonar ou anemia grave e sintomática, para correção rápida da hemoglobina.
Referências bibliográficas:
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