Fibromialgia: quais benefícios de exercícios físicos no controle da dor?

A fibromialgia (FM) é uma doença comum que atinge um a cada 20 pacientes na atenção primária, sendo uma condição que frustra seus portadores. Saiba como amenizar os sintomas.

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A fibromialgia (FM) é uma doença comum que atinge um a cada 20 pacientes na atenção primária, sendo uma condição que frustra seus portadores1, pois além de se apresentar como dor crônica generalizada, está associada a múltiplos outros sintomas como fadiga, ansiedade, depressão2 e distúrbios do sono; com impactos físicos, sociais e psicológicos.3

O tratamento da FM exige abordagem multidisciplinar que inclui educação do paciente, terapias farmacológica e cognitivo-comportamental, higiene do sono, manejo das comorbidades e exercícios físicos.4

O exercício físico mantém-se como um pilar no tratamento da FM desde antes dos primeiros critérios diagnósticos serem publicados1 e é a única terapia a ser fortemente recomendada (nível de evidência IA, grau A) pela European League Against Rheumatism (EULAR), a despeito de medidas farmacológicas como amitriptilina e duloxetina e da terapia cognitivo-comportamental, as quais têm nível de evidência IA, grau A, porém com fraca recomendação.4

Leia mais: Fibromialgia: quais condutas têm evidencia?

Evidências sugerem que exercícios aeróbico e resistido (fortalecimento muscular) são efetivos em reduzir dor e gravidade da doença5,6, enquanto que alongamentos e exercício aeróbio melhoram bastante a percepção individual das saúdes física e mental (a partir da ferramenta Health-Related Quality of Life – desenvolvida pelo Center for Disease Control and Prevention dos Estados Unidos)7. No caso dos sintomas depressivos, a combinação de exercícios (aeróbico, resistido e alongamento) se mostrou o meio mais efetivo de reduzi-los.2

Um trabalho realizado por um grupo brasileiro demonstrou que mulheres que previamente se encontravam em treinamento (aquático, neste caso), e com melhora da dor, do bem-estar e da qualidade de vida, não foram capazes de manter tal melhora após 16 semanas sem treinamento.3 Em outro estudo, pacientes submetidos a treinamento resistido tiveram retorno dos sintomas após 12 semanas sem treinos.5

De forma geral, exercícios aeróbicos são mais prescritos que exercícios resistidos, apesar de ambos terem benefícios 8,9 assim como exercícios em meio aquático.1,8,10

Em termos práticos, seguem alguns protocolos utilizados com bons resultados na redução de sintomas e melhora da qualidade de vida, desde que mantidos por pelo menos três meses: 2

– Exercício aeróbico de 30 a 60 minutos em uma intensidade moderada (entre 50 e 80%) da frequência cardíaca máxima, duas a três vezes na semana.2

– Treinamento resistido, variando entre oito a 11 exercícios (até 60 minutos) por sessão, cada qual de uma a três séries com oito a dez repetições e carga referente a 45% da carga máxima estimada para o paciente, em uma frequência de duas a três vezes na semana.2

– Combinar sessões de exercícios aeróbico, resistido e alongamentos em duas a três sessões por semana, com duração de 45 a 60 minutos.6

Embora não haja exatamente consenso acerca do melhor método ou tipo de exercício, há evidências de que duas a três sessões de atividade física, leve a moderada, por semana, com duração de 30 a 45 minutos, sejam efetivas.2

Por fim, salienta-se que pacientes com FM podem responder ao exercício com dor e fadiga excessivas, especialmente no dia seguinte ao esforço. Portanto, independente do tipo de exercício escolhido, ele deve ser implementado de forma muito lenta e intensificado gradualmente ao longo do tempo.1 Começar e progredir devagar é a estratégia.11

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Referências:

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