Fibrose pulmonar secundária à Covid-19

Potenciais fatores de risco para evolução para fibrose pulmonar foram apontado: sexo masculino, idade mais avançada, entre outros. Saiba mais.

A Covid-19 já fez inúmeras vítimas e é causa de milhares de internações no mundo inteiro. Números atuais apontam que cerca de três milhões de pessoas já receberam alta após uma hospitalização pela doença. O seguimento pós-Covid e as sequelas inerentes a cada caso ganham importância com o passar do tempo. Entre eles, a fibrose pulmonar pós-Covid é uma entidade nova e que merece atenção.

A definição de caso compreende aqueles com presença de tomografia de tórax com achado de distorção arquitetural, imagens em vidro fosco, opacidades reticulares, bronquiectasias de tração e faveolamento associados à perda de função pulmonar. O tempo exato para determinação do quadro ainda é controverso. Estudos anteriores envolvendo casos de SARS-CoV-1 já apontavam a presença de alterações pulmonares crônicas e redução da capacidade de exercício em até dois anos da fase aguda da doença.

Saiba mais: Combinação de fibrose pulmonar e enfisema (CFPE)

fibrose pulmonar

Fatores de risco para fibrose pulmonar

Potenciais fatores de risco para evolução para fibrose pulmonar foram apontados, entre eles: sexo masculino, idade mais avançada, tabagismo ativo no momento da internação, diabetes, pneumopatias prévias e doenças cardiovasculares. Além disso, fatores relacionados à gravidade do caso como altos fluxos de oxigênio, necessidade de ventilação mecânica e severidade da infecção também foram preditores para desenvolvimento de fibrose.

A fisiopatologia é multifatorial e parcialmente conhecida. Inflamação sistêmica, lesão induzida pela ventilação mecânica e infecção atuam diretamente na formação e progressão de dano alveolar difuso, membrana hialina e áreas de pneumonia em organização junto com áreas de pneumonia intersticial não usual. Clinicamente, os pacientes podem apresentar-se assintomáticos chegando até quadros com dispneia limitante, com necessidade de O2 domiciliar. O distúrbio restritivo é o que predomina, com redução da difusão de monóxido de carbono. O exercício foi pouco avaliado e não há estudos envolvendo doenças intersticiais pulmonares por Covid-19.

No seguimento clínico, a maioria dos pacientes tende a se recuperar, porém de forma lenta e gradual, com achados tomográficos presentes até um ano de seguimento e melhora em até dois anos após a alta. Revisões atuais propõem seguimento com tomografia de tórax e função pulmonar em 3, 6 e 12 meses nos pacientes que tiveram acometimento mais grave pela doença. 

Tratamento

O tratamento da fibrose pós-Covid-19 ainda é controverso, sobretudo em relação ao uso de anti-fibróticos nessa população. Ainda não se sabe ao certo se há benefício e qual seria o momento ideal para início. A maioria dos pacientes tende a melhorar no seguimento clínico, desfavorecendo o uso de tais drogas que são caras e pouco disponíveis. Corticoides parecem ter efeito em pacientes com lesões compatíveis com vidro fosco e pneumonia em organização associada a hipoxemia no momento da alta. A dose sugerida é de 0,5 mg/kg de prednisona por cerca de 4 a 6 semanas.

Leia também: Monócitos: um novo biomarcador para fibrose pulmonar idiopática (FPI)?

Mensagens práticas:

  • Pacientes com internação prolongada e doença grave por Covid-19 estão sujeitos a desenvolver fibrose pulmonar secundária;
  • O seguimento a longo prazo irá determinar o fenótipo desses pacientes e o prognóstico;
  • Ainda não existe tratamento eficaz, sendo que corticóides podem ter efeito em pacientes com lesões em vidro fosco e pneumonia em organização associada à hipoxemia;

Referências bibliográficas:

  • Suzana Erico Tanni, Alexandre Todorovic Fabro, André de Albuquerque, Eloara Vieira Machado Ferreira, Carlos Gustavo Yuji Verrastro, Márcio Valente Yamada, Sawamura, Sergio Marrone Ribeiro & Bruno Guedes Baldi (2021): Pulmonary fibrosis secondary to COVID-19: a narrative review, Expert Review of Respiratory Medicine, DOI: 10.1080/17476348.2021.1916472

 

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.