Fluoroquinolonas x risco de aneurisma e dissecção de aorta

Fluoroquinolonas são usadas com frequência devido a seu amplo espectro, que inclui gram-positivos, gram-negativos e anaeróbios.

As fluoroquinolonas (FQ) são uma classe de antimicrobianos usada com bastante frequência na prática clínica devido a seu amplo espectro, que inclui gram-positivos, gram-negativos e anaeróbios. A despeito de sua grande importância, seu uso está associado a diversos riscos conhecidos.

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Fluoroquinolonas x risco de aneurisma e dissecção de aorta

Riscos associados a essa classe de medicação

Os efeitos adversos mais comuns desses antibióticos são cefaleia, náuseas e diarreia. Contudo, o mais preocupante são os eventos graves associados às FQ, tais como ruptura de tendão (mais comumente o Aquileu), insuficiência renal, hepatotoxicidade, disglicemia, fototoxicidade, crises convulsivas e infecções por Clostridium difficile. São descritas também complicações cardíacas, como prolongamento do intervalo QT e torsades de pointes, aumentando o risco de arritmia e da mortalidade decorrente de causas cardiovasculares.

A relação entre fluoroquinolonas e aneurisma de Aorta

Mais recentemente, o FDA (United States Food and Drug Administration) publicou novos alertas sobre as FQ e a sua associação ao risco de aneurisma e dissecção de aorta. Segundo estudos recentes, esse risco foi mais elevado no sexo feminino e em idosos. O risco também se mostrou progressivamente maior em tratamentos com duração de até 60 dias. O tempo de duração foi diretamente proporcional ao aumento do risco.

Em pacientes previamente portadores de aneurismas, ou com história dissecção de aorta, o uso de FQ foi associado a maior mortalidade geral e mortalidade por complicações aórticas, além de acarretar aumento de cirurgias aórticas a posteriori.

Mecanismo dos aneurismas de Aorta

O mecanismo desse tipo de evento adverso das FQ necessita de maior elucidação e evidências, ainda assim, estudos já apontam para algumas hipóteses.

A integridade da parede arterial é dependente, dentre outros fatores, da composição da matriz extracelular (MEC) — colágeno e fibras elásticas — e da musculatura lisa. As FQ parecem aumentar a atividade de metaloproteinases (MMPs), enzimas que degradam a MEC, através da diminuição da expressão dos fatores inibitórios das metaloproteinases (TIMPs) nos fibroblastos, miofibroblastos e nas células da musculatura lisa, que compõem a parede da Aorta.

Saiba mais: Maior atenção e cuidado na hora de prescrever fluoroquinolonas

Além disso, as FQ são quelantes de ferro e as enzimas responsáveis pelo processo de maturação do colágeno, em uma forma mais forte e resistente, são dependentes desse íon. As FQ também promovem apoptose e diminuem a proliferação de diversos tipos de células que fazem parte da estrutura da parede da aorta. Dessa forma, há um remodelamento e enfraquecimento da MEC, associada a diminuição no número de células, o que torna a parede do vaso mais frágil e suscetível a eventos como dissecção e formações aneurismáticas.

Mensagem final

As quinolonas têm papel fundamental como terapia antimicrobiana, no entanto estão associadas a sérios riscos. Alguns pacientes são particularmente suscetíveis a esses efeitos adversos, como idosos e portadores de doença aórtica prévia. Assim, é importante avaliar com cautela o risco de aneurisma e dissecção de aorta, entre outros, antes de optar pelo uso das fluoroquinolonas.

Referências bibliográficas:

  • Jun C, Fang B. Current progress of fluoroquinolones-increased risk of aortic aneurysm and dissection. BMC Cardiovasc Disord. 2021;21(470). doi: 10.1186/s12872-021-02258-1.

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