Seguindo a discussão de testes moleculares para diagnóstico na sepse, outra palestra do XVIII Fórum Internacional de Sepse versou sobre suas possíveis aplicações à beira-leito, em diversas situações.
Biologia molecular
- Diversos métodos moleculares estão disponíveis e os estudos que avaliam sua aplicabilidade podem ser heterogêneos por usarem metodologias diferentes. Entre as possibilidades, temos técnicas de PCR, hibridização in situ e MALDI-TOF.
- Uma revisão sistemática com meta-análise (DOI: 10.1093/cid/ciw649 ) sobre o uso de testes rápidos moleculares em bacteremias encontrou redução no tempo para antibioticoterapia adequada e redução no tempo de permanência, mas redução de mortalidade só foi significativa nos locais em que havia um programa de stewardship de antimicrobianos (ASP) estruturado.
- Em outro estudo (DOI: 10.1093/cid/civ447 ), comparou-se o uso de cultura clássica, uso de testes moleculares e uso de testes moleculares em associação com programas de ASP. Os grupos com uso de testes moleculares, em comparação com o grupo placebo, esteve associado a redução de tratamento de contaminantes e o uso de antimicrobianos de amplo espectro. Entretanto, aumento de descalonamento ocorreu somente no grupo de teste rápido com ASP.
- Para casos de pneumonias, o maior impacto parece ser no diagnóstico diferencial de quadros comunitários, principalmente entre agentes bacterianos e virais. Contudo, em um estudo conduzido na emergência de um hospital terciário, o uso dos painéis moleculares respiratórios só impactou na redução de antibióticos quando houve identificação de Influenza, não tendo impacto quando outros vírus foram identificados.
- Para casos hospitalares, a limitação dos patógenos englobados nos pacotes também limita sua utilidade na identificação de etiologia, uma vez que agentes comumente encontrados nesse contexto, como Acinetobacter baumannii, não estão contemplados nos kits.
- Uma possível aplicação seria a pesquisa de genes de resistência, permitindo tratamento precoce para germes resistentes. Um estudo chamado INHALE está em andamento para avaliar o uso de painéis moleculares no contexto de pneumonias hospitalares.
- Para casos de meningite, assim como pneumonias, o uso de painéis moleculares é bem validado para quadros comunitários, mas não em casos pós-operatórios e nem de origem hospitalar.
- Nos casos de investigação de diarreia, os testes rápidos moleculares mostram-se mais sensíveis do que métodos tradicionais, como a ELISA, para detecção de Clostridioides difficile toxigênico. A interpretação do resultado, contudo, deve ser feita com cautela, uma vez que pacientes podem apresentar-se como portadores assintomáticos e apresentar diarreia por outras causas. O uso dessa ferramenta pode então levar a um excesso de diagnóstico de colite pseudomembranosa, aumentando exposição a antimicrobianos e custos com isolamento e eventos adversos.
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