Gestações gemelares resultantes de doação de folículos têm maior risco de morbidade?

Estudo francês analisou gestações gemelares oriundas de diferentes métodos de concepção para verificar suas taxas de morbidade associadas.

O sonho da maternidade ronda muitos casais ao redor do mundo. Para alcançar o resultado tão esperado e sonhado, muitos casais fazem loucuras para a tão sonhada maternidade.

Na França, o Centro de Epidemiologia de Sorbonne, da Universidade de Paris, convidaram todas as maternidades francesas para estudar gestações gemelares oriundas de concepção natural, tratamento fertilidade não FIV, FIV, ICSI ou por doação de oócitos. Das 191 maternidades elegíveis, 176 (92%) participaram do estudo no período de 10 de fevereiro de 2014 a 1 de março de 2015, relatando nascimentos a partir de 22 semanas de gravidez.

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Gestações gemelares resultantes de doação de folículos têm maior risco de morbidade?

Dados anteriores sobre morbidades maternas

Previamente sabemos que o risco de morbidades maternas aumenta em torno de 50% nas gestações a partir de FIV com oócitos autólogos e em torno de 270% com oócitos de doadoras. Estudos prévios já demonstraram isso em gestações únicas. mas existiam poucos dados em gestações gemelares.

A partir de 8.748 mulheres gestantes observou-se nesse período:

  • 890 (67,3%) concepções naturais;
  • 854 (9,8%) tratamento de infertilidade não FIV (inseminação intrauterina e estimulação ovariana);
  • 307 (14,9%) FIV com ovócitos autólogos (sem ICSI);
  • 368 (4,2%) ICSI com ovócitos autólogos;
  • 329 (3,8%) com doação de ovócitos.

As definições de Morbidade Materna Aguda Severa englobam:

  • Morte materna;
  • Hemorragia pós-parto severa (necessidade de: ⪄ 4UI concentrados de hemácias);
  • Embolização de artéria uterina;
  • Ligadura vascular;
  • Sutura uterina compressiva;
  • Histerectomia puerperal;
  • Hemorragia puerperal necessitou segunda linha terapia;
  • Eclampsia;
  • HELLP síndrome que necessitou de UTI;
  • Pré-eclâmpsia (necessitou interrupção antes ou até 32 semanas);
  • AVC;
  • Descolamento Prematuro de Placenta;
  • Transtorno psiquiátrico severo;
  • Disfunção hematológica (plaquetopenia menor que 50 mil/mL na ausência de doença crônica ou anemia com Hb < 7,0 mg/dL).
  • Quaisquer outras razões que necessitarem de UTI para a mãe.

Resultados sobre morbidades maternas e gestações gemelares

De todos os nascimentos envolvidos, 6,1% (538) evoluíram com alguma Morbidade Materna Aguda Severa (MMAS). Os resultados mostraram que as gestações gemelares, fruto de alguma tecnologia associada à fertilização assistida apresentaram uma incidência maior do que as gestações gemelares que sobrevieram de concepções naturais.

As hemorragias puerperais foram as complicações mais evidentes nessa população. As pacientes submetidas a FIV (com ovócitos autólogos ou de doadoras) foram as que apresentaram maior prevalência.

Os trabalhos anteriores não tinham uma metodologia e uma caracterização das gestações como esse. Aqui as definições de Morbidade Severa, da tecnologia reprodutiva utilizada, distinguindo por exemplo pacientes que utilizaram ovócitos doados ou não doados para FIV tornou-se relevante nos resultados finais.

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A partir dessa metodologia, os pesquisadores encontraram 7,9% de complicações em gestações gemelares que usaram tecnologias reprodução assistida (com piores resultados para FIV com doação de ovócitos ou mesmo com ovócitos autólogos) frente a menos da metade (3%) para complicações semelhantes em gestações únicas. Concluem o estudo sugerindo evitar a transferência de dois ou mais embriões sempre que possível. A discussão deve envolver o clínico, obstetra, esterileuta e, claro, as mulheres que vão receber o(os) embrião(ões).

Referências bibliográficas:

  • Korb D, et al. Increased risk of severe maternal morbidity in women with twin pregnancies resulting from oocyte donation. Human Reproduction. 20202;0(0):1–14. doi:10.1093/humrep/deaa108

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