Gestantes vacinadas contra Covid-19 passam anticorpos para recém-nascidos

Cada vez mais as evidências apontam para uma conduta mais inclusiva de gestantes e lactantes como candidatas a vacinação contra Covid-19.

Apesar dos estudos atuais sobre as vacinas contra Covid-19 excluírem gestantes e lactantes, cada vez mais as evidências apontam para uma conduta mais inclusiva deste grupo como candidatas a vacinação.

O American Journal of Obstetrics and Gynecology divulgou nesta última semana, dia 25 de março, um artigo avaliando a imunogenicidade da vacina de mRNA de Covid-19 em mulheres grávidas e lactantes.

O estudo foi desenhado como uma coorte, comparando pacientes grávidas e lactantes vacinadas (Pfizer/BioNtech e Moderna) com pacientes não grávidas e com as que tiveram infecção natural por Covid-19 durante a gravidez.

Leia também: Resposta às vacinas contra Covid-19 em mulheres gestantes e lactantes

Foram, então, incluídas 84 pacientes grávidas, 31 lactantes e 16 pacientes em idade reprodutiva que não estavam gestando. Os níveis de anticorpos IgG, IgA e IgM para SARS-CoV-2 foram quantificados nos soros das participantes e no leite materno no início, depois segunda dose da vacina, 2-6 semanas após a segunda dose e no parto. Os níveis do soro do cordão umbilical foram avaliados no momento do parto, e foram comparados aos de mulheres grávidas com 4-12 semanas de infecção natural pela técnica ELISA.

Mulheres grávidas e lactantes vacinadas contra Covid-19 passam anticorpos para recém-nascidos

A vacinação produziu mais anticorpos do que a infecção pelo vírus

Todos os níveis de anticorpos foram significativamente maiores em pacientes vacinadas do que naquelas infectadas naturalmente pelo SARS-CoV-2. E os valores nas pacientes vacinadas (grávidas, lactantes e não grávidas) foram equivalentes. A segunda dose da vacina (dose de reforço) aumentou a IgG específica para SARS-CoV-2, mas não a IgA, no sangue e leite materno. Nenhuma diferença foi observada na reatogenicidade entre os grupos.

Vacinação e imunidade do bebê

Infelizmente ainda é incerto se a quantidade dessa transferência de anticorpos induzidos pela vacinação é suficiente para imunizar o bebê pelo leite materno, mas parece ser eficaz. Necessitamos de mais estudos para chegar a essa conclusão.

Imunização transplacentária

Os anticorpos da classe IgG atravessam de forma substancial a placenta conferindo imunidade ao neonato. Anticorpos específicos contra o novo vírus foram encontrados em todos os recém-natos de mães vacinadas. E os maiores níveis de anticorpos foram detectados nas pacientes que realizaram as duas doses, mostrando que o dose de reforço é essencial nesse contexto.

Saiba mais: Vacinação de gestantes e lactantes contra a Covid-19: atualizações

Conclusões

Até o momento parece que as vacinas de mRNA de COVID-19 geram uma importante imunidade humoral em mulheres grávidas e lactantes, com imunogenicidade semelhante às observadas em mulheres não grávidas. As respostas imunes induzidas por vacinas foram significativamente maiores do que a resposta à infecção natural pelo novo vírus. A transferência imunológica para neonatos parece ser eficaz e ocorreu por meio da placenta e do leite materno.

Referências bibliográficas:

  • Gray KJ, Bordt EA, Atyeo C, Deriso E, Akinwunmi B, Young N, Medina Baez A, Shook LL, Cvrk D, James K, De Guzman R, Brigida S, Diouf K, Goldfarb I, Bebell LM, Yonker LM, Fasano A, Rabi SA, Elovitz MA, Alter G, Edlow AG, COVID-19 vaccine response in pregnant and lactating women: a cohort study, American Journal of Obstetrics and Gynecology (2021), doi: 10.1016/j.ajog.2021.03.023.

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