Glicocorticoide pré-natal para parto prematuro precoce em países com poucos recursos

Países têm investido em ensaios a favor do uso de glicocorticoides na prevenção de mortalidade e morbidade de bebês de parto prematuro.

A prematuridade tem sido a principal causa de morte entre bebês e crianças abaixo de 5 anos de idade em todo o mundo. Aqueles que não sucumbem à morte, podem sofrer com patologias respiratórias, infecciosas, metabólicas e neurológicas de curto e longo prazos durante sua vida a partir de um parto prematuro precoce. Países com recursos vultosos têm investido em ensaios grandes com sucesso a favor do uso de glicocorticoides na prevenção de mortalidade e morbidade de seus bebês de parto prematuro. Apesar dessas evidências, alguns estudos em 2015 evidenciaram, em países mais pobres, que não se obteve os benefícios prévios. Assim a OMS sugeriu que os corticoides deveriam ter critérios mais restritos para seu uso:

  • Avaliação precisa da idade gestacional
  • Parto prematuro iminente
  • Ausência de infecção materna
  • Cuidados adequados para o parto e recém-nascidos prematuros.

Assim, para nova avaliação em países mais pobres (Bangladesh, Índia, Quênia, Nigéria e Paquistão) projetou-se o atual estudo controlado por placebo para dirimir essa dúvida.

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Países têm investido em ensaios com sucesso a favor do uso de glicocorticoide na prevenção de mortalidade e morbidade de bebês de parto prematuro.

Como foi realizado o estudo

Os hospitais selecionados para o estudo multicêntrico seguiram os critérios eleitos pela OMS previamente. Seleção de gestantes incluiu idades gestacionais entre 26 semanas e 33 semanas e 6 dias com parto planejado ou esperado para as próximas 48 horas. As mulheres foram excluídas se apresentassem sinais clínicos de infecção grave, anomalias fetais congênitas importantes, uso concomitante ou recente (nas 2 semanas anteriores) de glicocorticoides sistêmicos ou uma contraindicação para glicocorticoides ou se estivessem participando de outro estudo.

As pacientes foram randomizadas 1:1 para receberem 6 mg de dexametasona intramuscular até número máximo de 4 doses ou até a alta hospitalar ou o nascimento. Caso não acontecesse o nascimento, um novo ciclo era administrado em 7 dias após o primeiro. O acompanhamento puerperal era realizado até 28 dias do parto ou a morte, o que acontecesse primeiro. Períodos semelhantes eram feitos para as mães.

Desfechos primários:

  1. Morte neonatal (morte de um bebê nascido vivo dentro de 28 dias completos de vida);
  2. Natimorto ou;
  3. Morte neonatal;
  4. Um composto de possível infecção bacteriana materna, definida como febre materna (temperatura ≥ 38 °C) ou clinicamente infecção suspeita ou confirmada para a qual foram usados antibióticos terapêuticos. Os desfechos secundários foram mortalidade e morbidade materna e neonatal.

De um total de 7.008 mulheres selecionadas para o estudo, 2.852 puderam ser randomizadas em dois grupos (1.429 com 1.544 fetos no grupo que recebeu dexametasona e 1.423 com 1.526 fetos recebendo placebo)

Neste ensaio randomizado foi descoberto que o uso de dexametasona em mulheres com parto prematuro iminente reduziu as taxas de mortalidade perinatal sem aumentar a incidência de infecção bacteriana materna. Houveram ainda benefícios clínicos para os recém nascidos mesmo considerando que 45% dos casos não conseguiram completar os regimes completos de corticoterapia. Este estudo corrobora com outros 22 estudos realizados em ambientes de muitos recursos que confirmaram os benefícios do uso de glicocorticoides antenatais para o binômio mãe-feto.

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Os resultados mostram-se consistentes mesmo em países com escassos recursos que podem beneficiar seus prematuros com corticoterapia antenatal. Entretanto sugeriu-se mais estudos para avaliação dos regimes ideais que possam trazer mais benefícios.

Referências bibliográficas:

  • The WHO ACTION Trials Collaborators. Antenatal Dexamethasone for Early Preterm Birth in Low-Resource Countries. The New Engl Journ of Med. 2020 Out. [internet]. doi: 1056/NEJMoa2022398

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