Gordura marrom: queima calorias, protege o coração e evita o diabetes

Cientistas descobriram um novo mecanismo de controle da gordura marrom, especializada em queimar gordura do corpo.

Cientistas descobriram um novo mecanismo de controle da gordura marrom, também chamado de tecido adiposo marrom, especializado em queimar gordura do corpo. Essa gordura “do bem” é ativada por determinadas situações, como a exposição ao frio.

“Esse é um tipo especial de gordura corporal, que é ativada quando ficamos com frio. Sob baixas temperaturas, essa gordura marrom queima calorias para gerar calor em um processo chamado termogênese, uma forma de controle do gasto energético e da massa corpórea”, explicou a médica Margarete Henriques, especializada em cardiologia, geriatria e medicina interna, em entrevista ao Portal de Notícias da PebMed.

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A ação do tecido adiposo marrom no corpo já tem sido usada na ciência para auxiliar em tratamentos de redução de peso e em lutas contra a obesidade, como explica Margarete Henriques.

“Os depósitos de gordura marrom podem ser encontrados na região do pescoço, abaixo da clavícula e também ao longo da coluna vertebral. Alguns exames de imagem, como a tomografia spect, conseguem detectar a gordura que fica escondida no corpo. Com o passar do tempo, esse tipo de tecido adiposo acaba sendo substituído pela temida gordura branca, que é responsável pela barriguinha saliente e que pode contribuir para o desenvolvimento de doenças, como obesidade, diabetes e outros”, esclarece a médica.

Gordura marrom: queima calorias, protege o coração e evita o diabetes

O que descobriu o novo estudo

No estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade da Califórnia (UCLA), nos Estados Unidos, foi identificado que o bloqueio de uma proteína específica (npc), que se localiza nas mitocôndrias, aumenta o consumo de gordura pela célula.

“Isso é uma novidade porque em todos os outros casos estudados na literatura, isso não acontece em outros tecidos, em outros órgãos. A única forma anteriormente conhecida para ativar o consumo dessas células adiposas era o estímulo da adrenalina, hormônio também chamado epinefrina”, revelou o pesquisador Marcus Oliveira, do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM/UFRJ), um dos coordenadores do estudo em entrevista à Agência Brasil.

Próximos desafios

A descoberta foi publicada na revista EMBO Reports. De acordo com o professor Marcus Oliveira, a iniciativa abre possibilidade para a produção de novos medicamentos que podem ajudar a promover a ativação do tecido adiposo marrom independentemente da liberação da adrenalina.

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O grande desafio dos pesquisadores a partir de agora será encontrar meios capazes de bloquear seletivamente essa proteína no tecido adiposo marrom. “Existem estratégias que vêm sendo desenvolvidas e aplicadas clinicamente na gordura marrom para tentar aumentar o gasto de energia seletivamente nesse tecido adiposo”, diz o estudo.

Para o grupo de pesquisadores da UFRJ e UCLA, além de encontrar uma droga que seja seletiva e bloqueie a proteína na gordura marrom, o próximo desafios será avançar no sentido de replicar esses achados no tecido adiposo marrom humano e identificar se esse mecanismo de inibição da proteína também favorece a queima de gordura no tecido adiposo branco, que é a principal reserva de gordura do corpo.

Melhoria da saúde cardíaca e metabólica

Um segundo estudo recente publicado, desta vez pela revista Natural Medicine, afirma que existe uma relação entre a presença de tecido adiposo marrom e a melhoria da saúde cardíaca e metabólica. Os estudos confirmam que a sua presença foi associada à menor prevalência de doenças crônicas.

“Esse foi o maior estudo sobre o assunto realizado em humanos. Indivíduos que apresentavam maiores quantidades de gordura marrom no corpo eram menos propensos a desenvolverem diabetes tipo 2. O tecido adiposo marrom também foi associado a níveis mais baixos de hipertensão arterial e a doenças arteriais coronarianas. Porém, os estudiosos afirmam que não existem formas de obter mais gordura marrom. Enquanto isso, podemos começar com o básico: eliminar gordura branca tendo uma alimentação equilibrada, praticando exercícios regulares, e banhos frios, se possível”, ressaltou Margarete Henriques.

A importância desse estudo é que ele revela que a gordura marrom pode atenuar os efeitos negativos da obesidade. O tecido adiposo marrom parece proteger os obesos dos efeitos nocivos da gordura branca. Ainda não se sabe com exatidão como a gordura marrom pode contribuir para melhorar a saúde. Porém, os estudiosos acreditam que ela usa a glicose para queimar calorias, o que pode evitar o aparecimento da diabetes.

“O estudo também revelou que indivíduos com a gordura marrom têm menos risco de desenvolver hipertensão, insuficiência cardíaca congestiva e doença arterial coronariana”, complementou a médica.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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