Há preditores de gravidade de Covid-19 em pacientes até 22 anos?

Estudo do The Journal of Pediatrics identificou preditores para desenvolvimento de manifestações graves de Covid-19 em pacientes pediátricos.

Um grupo de pesquisadores identificou variáveis no momento da hospitalização, que podem ajudar a prever o desenvolvimento de manifestações graves de Covid-19 em pacientes pediátricos, segundo um estudo publicado no The Journal of Pediatrics.

Estudo do The Journal of Pediatrics identificou preditores para desenvolvimento de manifestações graves de Covid-19 em pacientes pediátricos.

Close up female doctor holding a red ribbon as a symbol of AIDS

Metodologia utilizada para analisar os pacientes pediátricos

Os pesquisadores realizaram um estudo multicêntrico, retrospectivo e prospectivo de pacientes pediátricos hospitalizados com infecções agudas por SARS-CoV-2 e com síndrome inflamatória multissistêmica em crianças (multisystem inflammatory syndrome in children – MIS-C), em oito locais em Nova York, Nova Jersey e Connecticut, primeiros epicentros da pandemia nos Estados Unidos. Os dados foram coletados, retrospectivamente, para pacientes internados até 12 de abril de 2020 e, posteriormente, de forma prospectiva. Os casos foram identificados em cada local participante usando vigilância hospitalar ativa para Covid-19 e MIS-C, com critérios de inclusão padronizados e definições de caso. 

Os pacientes foram incluídos se tivessem sido hospitalizados entre 1º de março e 22 de maio de 2020, por qualquer motivo, tivessem ≤22 anos de idade no momento da admissão e um teste diagnóstico positivo para SARS-CoV-2 usando PCR para detectar o RNA viral ou atender à definição de caso de MIS-C, conforme estabelecido pelos Centers for Disease Control and Prevention  (CDC). A definição de MIS-C inclui: idade <21 anos, febre relatada ou documentada para mais de 24 horas, marcadores laboratoriais de inflamação, envolvimento de ≥ 2 órgãos, teste de SARS-CoV2 positivo (PCR ou sorologia) ou exposição a um caso de Covid-19 dentro de quatro semanas do início dos sintomas e nenhum diagnóstico alternativo plausível. Cada centro identificou casos retrospectiva e prospectivamente, revisando os resultados do teste Covid-19 (vigilância baseada em laboratório) e registros de admissão de pacientes internados (vigilância MIS-C).

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Foram excluídos neonatos com teste positivo no primeiro dia de vida e pacientes grávidas. Além disso, os pacientes que foram internados no hospital com doenças não relacionadas (como trauma, quimioterapia programada ou doença psiquiátrica) e foram considerados incidentalmente positivos para SARS-CoV-2, por triagem de PCR na admissão, também foram excluídos. Por fim, foram revisados os prontuários médicos eletrônicos para dados demográficos, clínicos, laboratoriais, radiográficos e de desfecho de hospitalização, da admissão até a alta hospitalar.

Resultados

Foram identificados 281 pacientes hospitalizados com infecções por SARS-CoV-2. Os pacientes eram predominantemente do sexo masculino (170/281 [60%]), com mediana de idade de 10 anos. A maioria dos pacientes era hispânica (125/245 [51%]) e com plano de saúde público por meio do Medicaid ou Medicare (188/281 [67%]). Obesidade e asma foram as comorbidades preexistentes mais comumente relatadas (85/250 [34%] e 40/281 [14%], respectivamente). 

Os pacientes foram divididos em três grupos, com base nas características clínicas. Dos 281 pacientes, 143 (51%) tinham doenças respiratórias, 69 (25%) tinham MIS-C e 69 (25%) tinham outras manifestações, incluindo doença gastrointestinal ou febre. Pacientes com MIS-C eram mais propensos a se identificar como negros não hispânicos, em comparação aos pacientes com doença respiratória (35% versus 18%, P = 0,02). No geral, 21% (59/281) dos casos foram considerados clinicamente complexos. Sete pacientes (2%) morreram e 114 (41%) foram internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Em análises multivariadas, a obesidade (odds ratio [OR] = 3,39, intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 1,26-9,10, P = 0,02) e a hipóxia à admissão (OR = 4,01; IC 95%: 1,14-14,15; P = 0,03) foram preditivas de doenças respiratórias graves. Linfopenia (OR = 8,33 por unidade de redução em 109 células/L, IC 95%: 2,32-33,33, P = 0,001) e proteína C reativa mais alta (OR = 1,06 por unidade de aumento em mg/dL, IC 95%: 1,01-1,12, P = 0,017) foram preditivos de MIS-C grave. Raça/etnia ou nível socioeconômico não foram preditivos da gravidade da doença.

Conclusões

Os resultados desse estudo mostram que a mortalidade em pacientes pediátricos hospitalizados é baixa, quando comparada à mortalidade em adultos. No entanto, destaca que a população jovem não é universalmente isenta de morbidade e que mesmo crianças e jovens previamente saudáveis podem desenvolver doença grave que requer terapia de suporte.

Referência bibliográfica:

  • Fernandes DM, Oliveira CR, Guerguis S, Eisenberg R, Choi J, Kim M, Abdelhemid A, Agha R, Agarwal S, Aschner JL, Avner JR, Ballance C, Bock J, Bhavsar SM, Campbell M, Clouser KN, Gesner M, Goldman DL, Hammerschlag MR, Hymes S, Howard A, Jung HJ, Kohlhoff S, Kojaoghlanian T, Lewis R, Nachman S, Naganathan S, Paintsil E, Pall H, Sy S, Wadowski S, Zirinsky E, Cabana MD, Herold BC; Tri-State Pediatric COVID-19 Research Consortium Authors. SARS-CoV-2 Clinical Syndromes and Predictors of Disease Severity in Hospitalized Children and Youth. J Pediatr. 2020 Nov 13:S0022-3476(20)31393-7. doi: 10.1016/j.jpeds.2020.11.016. Epub ahead of print. PMID: 33197493; PMCID: PMC7666535.

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