Haloperidol x antipsicóticos atípicos e risco de morte em pacientes com IAM

Foi publicado esse mês um estudo no The BMJ, que tem como objetivo esclarecer este questionamento nos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM).

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Em 2005, a FDA emitiu um alerta dizendo que os antipsicóticos atípicos (risperidona, quetiapina, olanzapina) estariam relacionados a um aumento de mortalidade em idosos com demência. Após 3 anos, esse alerta estendeu-se aos antipsicóticos típicos (clorpromazina, haloperidol). Porém, ficou uma pergunta no ar: o risco dos antipsicóticos típicos é maior que o dos atípicos?

Desde então, vários estudos em pacientes ambulatoriais ou em clínicas de repouso relataram um risco maior de morte associado a antipsicóticos típicos em comparação com antipsicóticos atípicos, que provavelmente não são explicados apenas por vieses.

Foi publicado esse mês um estudo no The BMJ, que tem como objetivo esclarecer este questionamento nos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). Mas por que especificamente esta população? A justificativa está no fato de os antipsicóticos típicos e atípicos terem efeitos adversos no sistema cardiovascular, incluindo prolongamento do QTc e arritmia. Portanto, os pacientes internados em hospitais com morbidade cardíaca, como aqueles com síndrome coronariana aguda, podem ser mais vulneráveis ​​aos efeitos adversos. de antipsicóticos.

O estudo realizado foi uma coorte com dados de mais de 700 hospitais nos Estados Unidos. Foram incluídos 6.578 pacientes com idade superior a 18 anos que iniciaram haloperidol oral ou antipsicóticos atípicos orais durante uma internação hospitalar com diagnóstico primário de infarto agudo do miocárdio entre 2003 e 2014. O desfecho foi mortalidade intra-hospitalar durante sete dias de acompanhamento do início do tratamento.

Entre 6.578 pacientes (idade média de 75,2 anos) tratados com antipsicóticos orais, 1.668 (25,4%) iniciaram haloperidol e 4.910 (74,6%) iniciaram antipsicóticos atípicos. O tempo médio de duração do tratamento foi menor nos pacientes em uso de haloperidol em comparação aos antipsicóticos atípicos (2,4 v 3,9 dias). A taxa absoluta de morte por 100 dias por pessoa foi de 1,7 para haloperidol (129 mortes) e 1,1 para antipsicóticos atípicos (92 mortes) durante sete dias de acompanhamento do início do tratamento. A probabilidade de sobrevida foi de 0,93 nos pacientes em uso de haloperidol e 0,94 naqueles em uso de antipsicóticos atípicos no dia 7.

Os resultados sugerem um pequeno aumento do risco de morte dentro de sete dias após o início do uso de haloperidol, em comparação com o início de um antipsicótico atípico em pacientes com infarto agudo do miocárdio. É importante ressaltar que o estudo tem alguns fatores de confusão que não foram considerados, por exemplo as comorbidades dos pacientes não foram consideradas. Além disso, não foi avaliada a verdadeira indicação de prescrição dos antipsicóticos e não se sabe exatamente quais pacientes estavam de fato em delirium, o que poderia influenciar nos resultados finais, caso a verdadeira prevalência de delirium seja diferente nos dois grupos, tendo em vista que essa condição aumenta a mortalidade.

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Referências:

  • Park Yoonyoung, Bateman Brian T, Kim Dae Hyun, Hernandez-Diaz Sonia, Patorno Elisabetta, Glynn Robert J et al. Use of haloperidol versus atypical antipsychotics and risk of in-hospital death in patients with acute myocardial infarction: cohort study BMJ 2018; 360 :k1218

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