Hemocromatose: como investigar?

A hemocromatose como causa de ferritina elevada é rara, em relação a outras causas comuns no dia a dia (ex: infecção, neoplasia, transfusão sanguínea). No entanto, essa situação deve ser adequadamente investigada, pois a doença sem tratamento pode ter consequências catastróficas, que são totalmente evitáveis.

A hemocromatose como causa de ferritina elevada é rara, em relação a outras causas comuns no dia a dia (ex: infecção, neoplasia, transfusão sanguínea). No entanto, essa situação deve ser adequadamente investigada, pois a doença sem tratamento pode ter consequências catastróficas, que são totalmente evitáveis.

Diante da suspeita de hemocromatose, realizamos a dosagem de ferritina e saturação de transferrina. Caso seja documentada hiperferritinemia (ferritina elevada) e/ou saturação de transferrina elevada, realizamos a pesquisa de uma causa genética, envolvendo as mutações mais comuns. A quantificação da sobrecarga de ferro pode ser feita com ressonância magnética ou histologia hepática. Parentes de 10 grau de pacientes com hemocromatose também devem ser avaliados.

A regulação via hepcidina é impactada por mutação de genes 

A regulação do ferro é feita predominantemente por um hormônio conhecido como hepcidina. O ferro intracelular é transportado para a circulação através do transportador ferroportina, a depender das necessidades do organismo. A hepcidina se liga à ferroportina, impedindo a saída de ferro dos enterócitos. Mutações que reduzem a função da hepcidina acabam aumentando os níveis séricos de ferro, como na hemocromatose. Ao contrário, alguns genes estimulam a produção de hepcidina, como em estados inflamatórios, de forma que o nível sérico de ferro cai.

Os genes HFE, hemojuvelina (HJV), e TRF2 estimulam a hepcidina a ser produzida, de forma que a exportação do ferro intracelular, através da ferroportina, é inibida. Se há mutação nestes genes, ocorre a hemocromatose genética tipo 1 (mutação do HFE), tipo 2 (mutação HJV) ou tipo 3 (mutação TRF2). Nessa situação, a saída de ferro dos enterócitos em direção a circulação acontece mesmo com níveis séricos normais ou altos. Consequentemente, haverá maior saturação da transferrina, demonstrando que maior percentual dela estará envolvida no transporte de ferro.

Outros genes envolvidos na doença

A hemocromatose genética envolve também outros genes como: HAMP, SLC 40A1, ceruloplasmina, transferrina e DMT1.  Os espectros clínicos de apresentação, a depender do gene acometido, estão resumidos na figura 1 (abaixo).

Atualmente é disponibilizado comercialmente um painel para pesquisa de hemocromatose genética envolvendo cinco genes. O sequenciamento avalia tanto as duas variantes comuns de HFE (H63D e C282Y), quanto todas as regiões codificantes dos genes pesquisados (HFE, HAMP, HFE2, Slc40a1 e TRF2).

Figura 1: Outros genes envolvidos na hemocromatose e suas manifestações clínicas (arquivo pessoal da autora).

Leia também: Hiperferritinemia: conceitos e diferentes etiologias

Conclusão 

Quando pensamos em hemocromatose de causa genética precisamos ter em mente que o HFE não é o único gene envolvido. Assim, precisamos ir além na pesquisa genética, sobretudo nos pacientes que têm aspectos clínicos e laboratoriais sugestivos da doença.

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