Hemoglobina glicada pode superestimar glicemia em pacientes negros com diabetes

Existe um debate se os níveis mais altos de HbA1c observados em pessoas negras são devidos ao pior controle glicêmico ou diferenças raciais na glicação da hemoglobina.

A hemoglobina glicada, também denominada hemoglobina glicosilada ou glico-hemoglobina, é conhecida ainda como HbA1C. É a medida padrão utilizada para avaliar o controle glicêmico sanguíneo durante um período de 3 meses em pacientes com diabetes, orientar o manejo, avaliar o risco de complicações, e, mais recentemente, diagnosticar diabetes.

O grau de HbA1c para uma determinada concentração média de glicose pode variar consideravelmente em pessoas com diabetes. Indivíduos afrodescendentes apresentam níveis mais elevados de HbA1c do que os caucasoides para valores iguais de glicemia em todas as categorias: tolerância normal a glicose, pré-diabetes e diabetes mellitus.

Existe um debate se os níveis mais altos de HbA1c observados em pessoas negras são devidos ao pior controle glicêmico ou diferenças raciais na glicação da hemoglobina. Para responder esse questionamento, um estudo observacional prospectivo conduzido em 10 centros de diabetes nos Estados Unidos foi realizado com o objetivo de avaliar a existência de diferença racial na relação de glicemia média e HbA1c.

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Para isso, foram realizadas avaliações das concentrações de glicose ao longo de um período de 12 semanas em pessoas negras e brancas, a fim de comparar a concentração média de glicose e o nível de HbA1c de um indivíduo. A coorte de análise consistiu de 104 pessoas negras (34 com idade <18 anos e 70 com idade ≥18 anos) e 104 brancas (51 com idade <18 anos e 53 com idade ≥18 anos).

O nível médio de HbA1c foi de 9,1% em pessoas negras e 8,3% em pessoas brancas. Para um determinado nível de HbA1c, a concentração média de glicose foi significativamente menor em pessoas negras do que em pessoas brancas (p=0,013), o que se refletiu na média dos valores de HbA1c em pessoas negras de 0,4 pontos percentuais (IC 95%: 0,2 a 0,6 pontos percentuais) superiores aos de pessoas brancas para uma determinada concentração média de glicose.

Embora os níveis de HbA1c tenham sido maiores em crianças e adolescentes do que em adultos, diferenças raciais similares na relação média de glicose-HbA1c foram observadas quando os participantes foram estratificados por idade <18 anos e idade ≥ 18 anos.

A albumina glicada e fructosamina foram altamente correlacionadas com HbA1c. No entanto, não foram encontradas diferenças clinicamente significativas por raça em sua relação com a concentração média de glicose (p>0,20 para ambas as comparações).

Os níveis de HbA1c, em média, superestimam a média de glicose em pessoas negras em comparação com as pessoas brancas, possivelmente devido a diferenças raciais na glicação da hemoglobina, enquanto a fructosamina e a albumina glicada não. Novo estudos são necessários para a confirmação desses resultados.

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Referências:

  • Bergenstal RM, Gal RL, Connor CG, Gubitosi-klug R, Kruger D, Olson BA, et al. Racial Differences in the Relationship of Glucose Concentrations and Hemoglobin A 1c Levels. Ann Intern Med. 2017 Jun 13. doi: 10.7326/M16-2596. [Epub ahead of print]

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