Hesitação dos pais americanos em vacinar seus filhos contra a gripe

Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, 1 em cada 4 pais americanos hesita em vacinar seus filhos contra influenza.

Segundo uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, quase 1 em cada 15 pais americanos hesita em realizar a vacinação infantil de rotina em seus filhos, enquanto 1 em cada 4 hesita em vacinar contra influenza. O estudo Parental Hesitancy About Routine Childhood and Influenza Vaccinations: A National Survey foi publicado no jornal Pediatrics e seu objetivo foi avaliar e comparar a prevalência de hesitação e fatores que levam à hesitação na rotina de vacinação infantil e de influenza. Além de examinar associações entre características sociodemográficas e hesitação dessas vacinações em uma amostra americana representativa.

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Criança recebe dose da vacina contra influenza, embora pesquisa revele grande hesitação por parte de pais americanos

Pesquisa americana

Em fevereiro de 2019, foram pesquisadas famílias com crianças de 6 meses a 18 anos através de um extenso painel online para gerar amostras representativas dos Estados Unidos. Os critérios de inclusão no estudo foram: ser pai, padrasto ou pai adotivo de uma criança de 6 meses a 18 anos de idade e conseguir completar uma pesquisa online em inglês ou espanhol. Não foram incluídos pais de crianças de até 6 meses porque a vacina contra influenza não é recomendada para este grupo e também porque os pesquisadores queriam que os pais tivessem alguma experiência com a vacinação infantil de rotina.

Uma criança dentro de cada família foi selecionada aleatoriamente para ser o foco da entrevista. As famílias foram selecionadas para atingir um tamanho de amostra desejado de 2.000 questionários concluídos. Os pesquisadores avaliaram a hesitação usando uma escala de vacinação modificada de 5 pontos e classificaram os pais como hesitantes se obtivessem pontuação acima de 3.

Conclusões

Um total de 2.176 dos 4.445 pais da amostra concluiu a pesquisa (taxa de resposta de 49%). A prevalência de hesitação foi de 6,1% na vacinação de rotina e 25,8% nas vacinas contra influenza. Além disso, 12% concordaram fortemente e 27% concordaram de alguma forma que tinham preocupações com os efeitos colaterais graves das vacinas de rotina na infância e também da vacinação contra influenza. Setenta por cento dos pais concordaram fortemente que as vacinas infantis de rotina são eficazes contra 26% da vacina contra influenza (p < 0,001).

Nos modelos multivariáveis, o nível educacional inferior ao diploma de bacharel e renda familiar menor que 400% do nível federal de pobreza previa hesitação quanto às vacinas de rotina da infância e quanto à vacina contra influenza. Raça e etnia não foram significativamente associadas à hesitação em relação às vacinas infantis; contudo, os pais hispânicos foram menos hesitantes quanto às vacinas contra influenza do que os pais brancos, não hispânicos.

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Como resolver a questão

De acordo com os pesquisadores, houve várias revisões recentes discutindo intervenções e métodos que podem ser usados para aumentar as decisões de vacinação entre pais que hesitam. Entretanto, existe uma surpreendente falta de evidência para apoiar a eficácia da maioria delas no combate à hesitação ou no aumento da vacinação.

As evidências são mais fortes para métodos baseados em quaisquer intenções favoráveis de vacinar ou naqueles que se concentram na mudança de comportamento diretamente, em vez de tentar mudar crenças ou atitudes. Tais intervenções incluem: recomendações fortes e presuntivas de um fornecedor confiável; métodos para facilitar a entrega da vacina (por exemplo, clínicas de vacinação contra influenza ou entrega de vacinas em escolas); lembretes e ligações; e, no nível estadual, requisitos de vacinação pré-escolar e escolar; além de minimização de isenções filosóficas a esses requisitos.

Há evidências de que técnicas de comunicação, como a entrevista motivacional, podem ser úteis para convencer alguns pais hesitantes a vacinar no ambiente de atenção primária. O uso de intervenções nas mídias sociais demonstrou alguma eficácia na superação da hesitação.

A Organização Mundial da Saúde designou a hesitação de vacinas como uma das dez principais ameaças à saúde global. Em muitos países, incluindo os Estados Unidos, a hesitação sobre as vacinas infantis contribuiu para reduzir as taxas de vacinação infantil. Isso, por sua vez, leva a surtos associados de doenças preveníveis por vacinas, incluindo coqueluche, caxumba e sarampo.

Referências bibliográficas:

  • Kempe A, Saville AW, Albertin C, et al. Parental Hesitancy About Routine Childhood and Influenza Vaccinations: A National Survey. 2020;146(1):e20193852. doi:10.1542/peds.2019-3852

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