Hipertensão arterial: como deve ser a abordagem do enfermeiro?

Saiba como é a atuação do enfermeiro no manejo de pacientes com hipertensão arterial, como é realizado o diagnóstico e qual é o tipo de intervenção ideal.

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Hipertensão arterial (HA) é condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg.

Frequentemente, se associa a distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo, sendo agravada pela presença de outros fatores de risco (FR), como dislipidemia, obesidade abdominal, intolerância à glicose e diabetes.

Mantém associação independente com eventos como morte súbita, acidente vascular encefálico (AVE), infarto agudo do miocárdio (IAM), insuficiência cardíaca (IC), doença arterial periférica (DAP) e doença renal crônica (DRC), fatal e não fatal.

Sinais e Sintomas

A HAS costuma ser assintomática e seu diagnóstico é estabelecido através de medidas rotineiras de pressão arterial. Em muitos casos, pacientes que nunca tiveram diagnóstico de HAS, estabelecem o diagnóstico a partir de uma urgência ou emergência hipertensiva.

Recomenda-se, pelo menos, a medição da PA a cada dois anos para os adultos com PA ≤ 120/80 mmHg e, anualmente, para aqueles com PA > 120/80 mmHg e < 140/90 mmHg.

Manifestações Clínicas: Definido pela persistência de pressão arterial sistólica acima de 135 mmHg e diastólica acima de 85 mmHg. Os sintomas, geralmente, aparecem quando a pressão arterial excede muito o padrão da normalidade. O paciente pode apresentar: dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal.

Manejo Clínico

Anamnese

O enfermeiro deve: Coletar informações sobre o paciente, sua família e hábitos de vida.

→ Dados objetivos (o que é observável) e dados subjetivos (o que o paciente afirma).

→ Nessa etapa, torna-se imprescindível analisar os Fatores de Risco para HAS:

  • Idade (principalmente, acima de 50 anos);
  • Sexo e etnia;
  • Excesso de peso e obesidade;
  • Sedentarismo;
  • Ingesta aumentada de sal e álcool;
  • Tabagismo;
  • Fatores socioeconômicos e genéticos;

Medicamentos e Drogas que Podem Contribuir para HAS:Anti-inflamatórios não esteroidais (AINE); anticoncepcionais com altas doses de estrogênio; antidepressivos (tricíclicos e inibidores seletivos da recaptação de serotonina); corticoides; estimulantes, anfetaminas e metanfetaminas; cocaína e simpaticomiméticos; descongestionantes nasais (pseudoefedrina); eritropoetina; ciclosporina.

Doenças Relacionadas à Hipertensão Secundária: Doença renal primária; hipertensão renovascular; hiperaldosteronismo primário; síndrome de Cushing; feocromocitoma; apneia obstrutiva do sono; acromegalia; tireoidopatias; hiperparatireoidismo; coarctação de aorta.

Exame Físico

O objetivo é avaliar a presença de sinais de lesão de órgão-alvo, doença cardiovascular estabelecida e evidência de uma potencial causa secundária. Obviamente, a medida da pressão arterial deve ser realizada com a técnica correta e nas melhores condições possíveis.

Recomenda-se que, na primeira consulta, a pressão arterial seja medida em ambos os membros superiores e, em idosos, com o paciente deitado e sentado (para pesquisa de hipotensão postural).

Atenção! A pressão sistólica deve ser equivalente em ambos os membros, sendo assim, uma diferença maior que 15 mmHg deve sugerir a presença de estenose de subclávia ou doença arterial periférica.

Classificação da HAS (Guideline EUA) Média de duas medidas da pressão arterial por consulta em, pelo menos, duas consultas após uma triagem inicial.
Classificação Sistólica (mmHg) Diastólica (mmHg)
Normal < 120 < 80
PA elevada 120-129 < 80
HAS estágio 1 130-139 80-89
HAS estágio 2 ≥ 140 ≥ 90
Sistólica isolada ≥ 130 < 80

Diagnóstico de Enfermagem

  1. Estilo de vida sedentário.
  2. Déficit de conhecimento.
  3. Dor aguda (cefaleia).
  4. Sobrepeso.
  5. Ansiedade.
  6. Controle ineficaz do esquema terapêutico.
  7. Controle de medicamentos.
  8. Risco de pressão arterial instável.

Intervenção de Enfermagem

  1. Melhora da educação em saúde
  2. Educação: Indivíduo
  3. Melhora da disposição para aprender
  4. Ensino: Atividade/Exercícios prescritos
  5. Terapia Ocupacional
  6. Cuidados Cardíacos: Reabilitação
  7. Promoção do Exercício.

Resultados Esperados

  • Comportamento de aceitação: Dieta prescrita.
  • Comportamento de cessação de fumar.
  • Comportamento de perda de peso.
  • Conhecimento: Controle da hipertensão.
  • Conhecimento: Controle do peso.
  • Conhecimento: Dieta.
  • Conhecimento: Medicação.
  • Nível de estresse.
  • Resposta à medicação.

Acompanhamento na Atenção Primária

Metas Pressóricas:

  • Menores de 65 anos: < 130 x 80 mmHg, objetiva PAS entre 120 e 129 mmHg sempre que possível;
  • Entre 65 – 80 anos: Entre 130-139 de PAS, e PAD < 90 mmHg;
  • Maiores que 80 anos: Entre 130-139 de PAS, e PAD < 90 mmHg caso bem tolerado.

Intervalo de Consultas: Mensalmente, até atingir meta pressórica. Em caso de comorbidades ou lesão de órgãos-alvo, de 2/2 semanas. No hipertenso controlado, acompanhamento de 6/6 meses a anual.

Quando Encaminhar? Suspeita de hipertensão secundária ou meta de PA não atingida após dose plena de quatro classes de anti-hipertensivos.

Indicações de Internação: Internação hospitalar está indicada em urgências e emergências hipertensivas, e em casos de suspeita de hipertensão secundária para investigação intra-hospitalar.

Seguimento Ambulatorial: Hipertensão arterial é uma doença crônica com consequências importantes quando não controlada, e, como tal, todo paciente deve ter acompanhamento médico regular, com intervalo entre consultas de 3/3, 6/6 ou 12/12 meses, na dependência do estágio e do controle da doença e de suas comorbidades.

Orientações ao Paciente

  • Redução de peso (IMC entre 18,5 e 24,9);
  • Mudança de hábito alimentar (rico em frutas e vegetais, pobre em gorduras);
  • Redução do sal (menos que 6 g de sal/dia ou 2,3 g de sódio/dia);
  • Reduzir os níveis de triglicerídeos e colesterol (“gorduras”), evite alimentos com gorduras trans ou saturada (biscoito, margarinas, salgadinhos, frios, carnes gordas) e colesterol (leite e derivados integrais, gema do ovo, carnes vermelhas, embutidos, manteiga);
  • Atividade física (aeróbica, por 30 min, na maioria dos dias da semana);
  • Evitar atividades estressantes;
  • Cessação do tabagismo;
  • Moderação do uso de álcool (menos de 30 mL/dia de etanol, ou 240 mL de vinho, ou 625 mL de cerveja);
  • Moderação no consumo de café;
  • Tomar os medicamentos prescritos diariamente, mesmo na ausência de sintomas;
  • Não usar nenhum medicamento sem antes consultar um médico.

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Referências:

  • Secretaria Municipal de Saúde (RJ), Hipertensão: manejo clínico em adultos. 1a ed. Rio de Janeiro: SMS, 2016
  • Brunner LS, Suddarth DS. Manual de enfermagem médico-cirúrgica. 13a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2015.
  • Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sétima diretriz brasileira de hipertensão arterial. Setembro 2016; 107 (3 Supl. 3).
  • Moura, EC; Bergallo, R. Hipertensão Arterial. Whitebook Clinical Decision. Acesso em: 29 jan 2019

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