Sabemos de longa data que a hipertensão arterial pulmonar (HAP) continua sendo um grande desafio na vida dos neonatologistas, principalmente quando essa surge como complicação da broncodisplasia pulmonar (BDP).
Um estudo de coorte-retrospectivo publicado esse ano teve como objetivo determinar a sobrevida e evolução da HAP em recém-nascidos (RN) prematuros extremos com idade gestacional (IG) corrigida maior que 36 semanas.
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Metodologia
Para tal estudo, foram selecionados 28 RN prematuros extremos menores que 30 semanas ou peso ao nascer < 1.000 g que evoluíram com HAP acima de 36 semanas de IG. O diagnóstico da HAP foi feito através de ecocardiografia. Os principais desfechos foram sobrevivência, taxa de mortalidade e resolução da HAP.
Todos os pacientes selecionados para esse estudo tinham o diagnóstico de BDP, sendo 82% graves. Onze crianças (39%) evoluíram para óbito durante o acompanhamento, devido à combinação de BDP e HAP em oito crianças, à BDP em duas e à sepse em uma.
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As taxas de sobrevivência em 1, 3 e 7 meses a partir de 36 semanas de IG corrigida foram 89%, 70% e 58%, respectivamente. Em 16 dos 17 bebês sobreviventes, a HAP foi resolvida ao longo do tempo, com uma taxa de resolução entre 1 e 2 anos de idade corrigida (IC) de 47% e 79%, respectivamente. Aos 2 anos e meio de IC, a taxa de resolução foi de 94%.
Conclusão
As conclusões desse estudo foram: RN prematuros extremos com HAP e BDP tiveram uma taxa de sobrevivência de 58% aos 6 meses de idade corrigida IC. A pressão supra sistêmica da artéria pulmonar foi associada a um desfecho desfavorável. E RN que sobreviveram além da IC de 6 meses apresentaram excelente sobrevida e resolução da hipertensão arterial pulmonar em quase todos os casos. Ainda são necessários estudos prospectivos de acompanhamento para investigar se a resolução da HAP nesses bebês pode ser melhorada por terapias multimodais, incluindo tratamentos respiratórios, nutricionais e cardiovasculares.
Referências bibliográficas:
- Arjaans S, et al. Fate of pulmonary hypertension associated with bronchopulmonary dysplasia beyond 36 weeks postmenstrual age. Arch Dis Child Fetal Neonatal. Ed 2021;106:F45–F50. doi:10.1136/archdischild-2019-318531