Hipotensão ortostática e o risco de desenvolvimento de demência

É bem definido que a hipoperfusão cerebral está relacionada ao desenvolvimento de demência. A avaliação do SN autonômico poderia prever o risco de demência?

A perfusão cerebral é mantida por mecanismos locais de autorregulação e pelo sistema nervoso autonômico. É bem definido na literatura médica/neurológica que a hipoperfusão cerebral está relacionada ao desenvolvimento de demência.

Nesse sentido, a avaliação do sistema nervoso autonômico poderia predizer o risco de demência, e foi justamente com essa ideia que um grupo de pesquisadores da Universidade Erasmusm de Rotterdam publicou um interessante artigo avaliando a associação entre Hipotensão Ortostática (HO) e o risco de desenvolvimento de demência a longo prazo. Um trabalho com uma brilhante metodologia e resultados muito interessantes. Confira os principais pontos:

Metodologia:

  • HO foi definida como queda da pressão sistólica ≥ 20 mmHg ou diastólica ≥ 10 mmHg, em qualquer uma das aferições realizadas 1, 2 e 3 minutos após a mudança de posição (Supino -> Ortostática).
  • O diagnóstico de demência foi firmado por uma triagem inicial utilizando escalas de rastreio e, quando positiva, uma avaliação formal com neurologista seguindo critérios consolidados para o diagnóstico.
  • 7157 pacientes foram inicialmente avaliados, foram excluídos aqueles previamente demenciados e outros grupos específicos. Os participantes foram classificados em distintos graus de hipotensão ortostática e receberam diagnóstico específico para Doença de Alzheimer, Demência Vascular ou Demência Mista.

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Resultados:

  • 6626 pacientes, 18.6% apresentaram hipotensão ortostática na avaliação inicial. Esses pacientes foram seguidos por 15.3 anos em média, 1176 (17.7%) desenvolveram demência ao longo do acompanhamento.
  • Após ajuste de confundidores, aqueles pacientes com hipotensão ortostática tiveram significativamente mais chance de desenvolver demência (15%).
  • O risco de desenvolver demência foi maior naqueles indivíduos que não apresentaram um aumento compensatório da frequência cardíaca.

Esse excelente e trabalhoso estudo holandês exemplifica muito bem uma coorte prospectiva que pode determinar a associação entre uma hipotensão postural e risco de demência. Existem duas principais explicações para tal achado: a hipoperfusão cerebral seria a gênese para o desenvolvimento do quadro demencial ou a falha autonômica – representada pela hipotensão ortostática, aconteceria em paralelo ao desenvolvimento do quadro demencial?

Essa última explicação é corroborada pela ideia de que tanto o descontrole autonômico quanto  a perda cognitiva, exemplificada pela morte de neurônios do hipocampo, ocorreriam simultaneamente.

Ainda são necessários mais estudo para compreender as consequências da HO a longo prazo no organismo, entretanto esse trabalho da suporte a realização rotineira de testes clínicos de avaliação do sistema nervoso autonômico não apenas para predizer,  mas também para interferir no risco de desenvolvimento demência.

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Referência:

  • https://journals.plos.org/plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002143

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