AIDS 2022: Doxiciclina como profilaxia pós-exposição de IST

Resultados do estudo DoxyPEP foram apresentados na 24th International AIDS Conference, promovida pela IAS, avaliando o uso de doxiciclina.

Atualmente, infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) podem ser consideradas uma epidemia no mundo. Populações como homens que fazem sexo com homens (HSH) e mulheres transgênero são consideradas como vulneráveis.

Nesse contexto, não só diagnóstico e tratamento precoces são necessários, mas medidas preventivas eficazes seriam altamente desejáveis. Resultados do estudo DoxyPEP foram apresentados na 24th International AIDS Conference, promovida pela IAS, avaliando o uso de doxiciclina com esse objetivo.

 

DoxyPEP

O DoxyPEP é um estudo aberto, randomizado, conduzido em duas cidades norte-americanas e que incluiu indivíduos com HIV ou que estavam em uso de PrEP e que tiveram um diagnóstico de sífilis primária, infecção por Neisseria gonorroheae ou Chlamydia trachomatis no último ano.

Os participantes foram randomizados na proporção de 2:1 para receber 200mg de doxiciclina em até 72h após relação sexual sem uso de preservativo ou para acompanhamento clínico com testagem na inclusão, trimestralmente ou se sintomáticos. O acompanhamento foi de 12 meses, com visitas programadas a cada 3 meses.

Uma análise interina realizada com aproximadamente metade do tempo de seguimento em maio de 2022 e o estudo foi interrompido precocemente de acordo com os parâmetros de eficácia pré-estabelecidos.

 

Resultados

Foram incluídos 554 participantes, sendo 360 em uso de PrEP e 194 com infecção pelo HIV. A mediana de parceiros sexuais nos últimos 3 meses foi de 9. No último ano, 67% tinham apresentado gonorreia, 58% tinham apresentado clamídia e 20%, sífilis. Na inclusão, a proporção de diagnóstico dessas infecções foi de 18%, 10% e 2%, respectivamente.

Entre os usuários de PrEP, foram detectadas 65 ISTs (29,5%) no grupo controle e 47 (9,6%) no grupo que recebeu doxiciclina (RR = 0,33; IC 95% = 0,23 – 0,47; p < 0,0001). Entre os indivíduos vivendo com HIV, a incidência de ISTs foi de 27,8% no grupo controle e de 11,7% no grupo que recebeu doxiciclina (RR = 0,42; IC 95% = 0,25 – 0,75; p = 0,0014).

Houve redução significativamente estatística das 3 ISTs avaliadas, tanto na coorte de usuários de PrEP quanto na de pessoas vivendo com HIV, e nenhum evento adverso grave foi relatado no grupo que usou doxiciclina como PEP. A aceitabilidade também foi alta, com 88% dos participantes considerando o uso de doxiciclina como aceitável ou muito aceitável.

 

Considerações

Mais estudos são necessários para avaliar possíveis impactos do uso de doxiciclina sobre o desenvolvimento de resistência de gonococos a tetraciclinas e também em relação a comportamentos sexuais e o microbioma intestinal.

 

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