ILAE divulga recomendações para as convulsões neonatais

o jornal Epilepsia divulgou as diretrizes para convulsões neonatais estabelecidas pela força-tarefa da International League Against Epilepsy.

Recentemente, o jornal Epilepsia divulgou as diretrizes para convulsões neonatais estabelecidas pela força-tarefa da International League Against Epilepsy (ILAE). Essas recomendações se alinham às classificações de 2017, também divulgadas pelo ILAE.

Os guidelines de 2017 apresentam uma estrutura para classificação, incluindo tipos de convulsão, tipos de epilepsia e síndromes. No entanto, os pesquisadores destacaram que o ILAE reconheceu que as convulsões em neonatos exigem considerações especiais e, portanto, uma força-tarefa foi estabelecida com o objetivo de integrar convulsões e epilepsias nesta faixa etária. A força-tarefa trabalhou para categorizar convulsões em neonatos de forma que: pudessem ser incorporadas às classificações da ILAE de 2017; fossem baseados no fenótipo do eletroencefalograma (EEG); sublinhassem o papel fundamental do EEG no diagnóstico de convulsões neonatais; tivessem implicações para manejar as crises; fossem aceitáveis para neonatologistas, pediatras, epileptologistas, neurofisiologistas e neurologistas; e tivessem aplicação em todos os cenários de saúde.

o jornal Epilepsia divulgou as diretrizes para convulsões neonatais estabelecidas pela força-tarefa da International League Against Epilepsy.

Pontos-chave das diretrizes para convulsões neonatais estabelecidas pela ILAE

  1. A ILAE apresenta uma nova classificação e estrutura para convulsões no período neonatal, de acordo com as classificações de 2017.

Recém-nascidos (RN) podem apresentar eventos clínicos paroxísticos suspeitos de convulsões de origem epiléptica; esses incluem fenômenos motores e não motores. No entanto, muitos terão, principalmente ou exclusivamente, convulsões apenas ao EEG. Com relação às síndromes de epilepsia, os pesquisadores descreveram que a maioria das convulsões no período neonatal é resultado de uma doença aguda, embora algumas convulsões possam ser a primeira indicação de epilepsia infantil precoce. Como resultado, a diferenciação precoce entre convulsões e epilepsias de início neonatal é importante, porque a avaliação e o tratamento de longo prazo das epilepsias neonatais são únicos.

  1. O EEG tem papel fundamental no diagnóstico de convulsões nessa faixa etária.

Em neonatos, a gravação de vídeo-EEG é o padrão-ouro para o diagnóstico. No entanto, sabe-se que muitas unidades neonatais têm apenas acesso limitado ou nenhum acesso ao EEG. Em vez disso, muitos neonatologistas usam o EEG de amplitude integrada (aEEG), que é uma ferramenta de neurofisiologia simplificada à beira do leito, que exibe um ou mais comumente dois canais de EEG de maneira filtrada e comprimida. Em situações quando e onde o EEG completo não está prontamente disponível, o aEEG pode ser usado com registro concomitante de canais brutos, embora suas limitações sejam bem reconhecidas. Avanços recentes em neuroimagem e tecnologia genômica, bem como a implementação de vídeo-EEG em unidades de terapia intensiva neonatal, permitem a identificação de síndromes de epilepsia neonatal específicas de etiologia mais discretas do que as reconhecidas anteriormente. É provável que a combinação de testes genéticos e monitoramento de vídeo-EEG mais sofisticados permitirão a identificação e estratificação de fenótipos eletroclínicos específicos de etiologia distinta,

  1. As convulsões são consideradas focais no início e, portanto, uma divisão em focal e generalizada é desnecessária.
  2. As convulsões podem ocorrer com ou sem manifestações clínicas (apenas no EEG).
  3. Os descritores são determinados pela característica clínica predominante e divididos em motor, não motor e sequencial.

Para os pesquisadores, as convulsões durante o período neonatal podem ter apresentação motora (automatismos, clônicas, espasmos epilépticos, mioclônicas, tônicas), não motoras (autonômica, parada comportamental) ou sequencial, e a classificação desenvolvida pela força-tarefa permite que o usuário escolha o nível de detalhe ao classificar as crises nesta faixa etária.

Motora Automatismos Atividade motora mais ou menos coordenada, que geralmente ocorre quando a cognição está prejudicada. Geralmente se assemelha a um movimento voluntário e pode consistir em uma continuação inadequada da atividade motora pré-ictal. Unilateral

Bilateral Assimétrica

Bilateral Simétrica

Clônicas Espasmos, simétricos ou assimétricos, que são regularmente repetitivos e envolvem os mesmos grupos musculares. Focal

Multifocal

Bilateral

Espasmos epilépticos Uma súbita flexão, extensão ou extensão-flexão mista dos músculos, predominantemente proximal e troncular, que geralmente é mais sustentada do que um movimento mioclônico, mas não tão sustentada quanto uma convulsão tônica. Podem ocorrer formas limitadas: caretas, acenar com a cabeça ou movimentos sutis dos olhos. Unilaterais

Bilaterais Assimétricos

Bilaterais Simétricos

Mioclônicas Uma súbita, breve (<100 mseg) contração/contrações, única ou múltipla involuntária (s) de músculos ou grupos de músculos de topografia variável (axial, membro proximal, distal). Focal

Multifocal

Bilaterais Assimétricas

Bilaterais Simétricas

Tônicas Um aumento sustentado na contração muscular, com duração de alguns segundos a minutos. Focal

Bilaterais Assimétricas

Bilaterais Simétricas

Não motoras Autonômicas Uma alteração distinta da função do sistema nervoso autônomo, envolvendo as funções cardiovascular, pupilar, gastrointestinal, sudorese, vasomotora e termorregulatória.
Parada comportamental Pausa de atividades, congelamento, imobilização
Sequencial Este termo é usado no manual de instruções para a classificação operacional ILAE 2017 de tipos de crises para eventos com uma sequência de sinais, sintomas e alterações de EEG em momentos diferentes.
Apenas eletroencefalográfica Subclínica, sem manifestação clínica.
Não classificada Devido a informações inadequadas ou características clínicas incomuns, com incapacidade de classificação em outras categorias.

Os pesquisadores chamam a atenção de que este documento não aborda a definição ou classificação do status epilepticus em RN. O estado de mal epiléptico neonatal é relativamente comum e está associado a um mau prognóstico, mas não existe uma definição amplamente aceita. O relatório recente da força-tarefa da ILAE sobre o estado de mal epiléptico é apenas parcialmente aplicável a neonatos, pois não aborda a carga de convulsões e convulsões apenas eletrográficas e não leva em consideração que a lesão do hipocampo induzida pelo estado de mal epiléptico é dependente da idade e é menos provável de ocorrer em jovens. Embora esta estrutura tenha sido desenvolvida para convulsões no período neonatal, os pesquisadores acreditam que alguns aspectos podem ser prontamente aplicados a convulsões agudas em pacientes graves de qualquer idade, principalmente no ambiente de terapia intensiva. As convulsões não epilépticas são comuns em pacientes criticamente enfermos e a apresentação apenas eletrográfica, devido ao desacoplamento eletroclínicos, foi descrita em dois terços das crianças graves com convulsões. No entanto, as etiologias podem variar com a idade, portanto, há necessidade de mais avaliações prospectivas adicionais dessa classificação em Neonatologia.

Referência

  • Pressler RM, Cilio MR, Mizrahi EM, Moshé SL, Nunes ML, Plouin P, Vanhatalo S, Yozawitz E, de Vries LS, Puthenveettil Vinayan K, Triki CC, Wilmshurst JM, Yamatomo H, Zuberi SM. The ILAE classification of seizures and the epilepsies: Modification for seizures in the neonate. Position paper by the ILAE Task Force on Neonatal Seizures. Epilepsia. 2021 Feb 1. doi: 10.1111/epi.16815. Epub ahead of print. PMID: 33522601.

 

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