Impacto da pandemia causará mais óbitos por HIV, tuberculose e malária, indica estudo

A pandemia do novo coronavírus tem o potencial de causar mais óbitos por HIV, tuberculose e malária, segundo um novo estudo.

A pandemia do novo coronavírus tem o potencial de causar mais óbitos por HIV, tuberculose e malária, segundo um novo estudo publicado no dia 13 de julho no The Lancet.

Pesquisadores de diferentes universidades britânicas quantificaram até que ponto as interrupções nos serviços de Aids/HIV, tuberculose e malária em países de baixa e média renda com alto ônus dessas doenças podem levar a uma perda adicional de vidas nos próximos cinco anos. Os países considerados na pesquisa não foram revelados.

No pior cenário simulado por pesquisadores em modelos matemáticos, pode haver, nos próximos cinco anos, um aumento de 10% de óbitos por Aids/HIV; 20% por tuberculose; e 36% por malária.

Em linhas gerais, os resultados indicam que o impacto da pandemia nestas outras enfermidades varia de acordo com a extensão em que as intervenções contra a Covid-19 precisam durar, causando longas interrupções nas atividades; e com o êxito dessas medidas na redução da transmissão do novo coronavírus, evitando que o sistema de saúde seja sobrecarregado por muito tempo.

Além de simular o impacto das mortes adicionais, os pesquisadores também fizeram modelos considerando anos de vida perdidos, calculando a expectativa de vida de uma pessoa subtraída por uma causa de mortalidade particular.

Em ambos os critérios, a perspectiva de óbitos e anos de vida perdidos por Aids, tuberculose e malária nos próximos cinco anos é menor que a da Covid-19, mas de “magnitude similar”.

Como foi realizada a pesquisa

Assumindo um número básico de reprodução de 3,0, os pesquisadores construíram quatro cenários para possíveis respostas à pandemia: nenhuma ação, mitigação por seis meses, supressão por meses ou supressão por um ano.

Foram utilizados modelos de transmissão estabelecidos de HIV, tuberculose e malária para estimar o impacto adicional na saúde que poderia ser causado em contextos selecionados, devido às intervenções da Covid-19 que limitam as atividades ou devido à alta demanda no sistema de saúde devido à pandemia.

Em seguida, estes dados foram combinados com modelos de transmissão do HIV, tuberculose e malária.
As piores perspectivas para a Aids foram observadas no cenário de nenhuma ação ou supressão aumentada; para tuberculose, no cenário de supressão; e para a malária, em todos cenário com exceção da supressão.

Maiores impactos

Especificamente em relação à Aids, os autores preveem que o maior impacto se dê em problemas no fornecimento do coquetel antirretroviral. Por isso, o trabalho sugere prescrições de medicamentos com maior duração e entregas em domicílio.

Já para a tuberculose, o maior risco pode estar no diagnóstico e tratamento deixarem de ser realizados no tempo adequado. Prevê-se que o período de demanda extremamente alta no sistema de saúde tenha um pequeno efeito no aumento dos óbitos por tuberculose porque é curto e os efeitos são superados durante a fase de recuperação.

Prevê-se ainda que a interrupção leve a um aumento nos óbitos por tuberculose por vários anos porque as interrupções deixam os indivíduos sem tratamento por mais tempo, levando a mais transmissão e mais casos nos anos posteriores.

Leia também: Metas globais de HIV para 2020 não serão alcançadas, aponta relatório do UNAIDS

No pior cenário, projetou-se 20% a mais de óbitos por tuberculose ao longo de cinco anos do que ocorreria sem as interrupções.

Em relação à malária, em problemas nas medidas de combate aos mosquitos.

Desde 2000, óbitos por malária e Aids foram significativamente reduzidos no mundo, destaca o artigo. Entretanto, o mesmo não pode ser dito sobre a tuberculose. A perspectiva que a Covid-19 trouxe para todas elas é altamente preocupante.

“Em países com alto índice de malária e grandes epidemias de Aids e tuberculose, até mesmo interrupções de curto prazo podem ter consequências devastadoras para milhões de pessoas que dependem de programas para controlar e tratar essas doenças. Entretanto, este impacto indireto da pandemia pode ser amplamente evitado pela manutenção dos serviços principais e pela continuidade de medidas preventivas”, disse o professor Timothy Hallett, do Imperial College Londres, em um comunicado para a imprensa.

Em um comentário à parte da pesquisa, Peter Sands, diretor executivo do Fundo Global para a Luta contra Aids, Tuberculose e Malária, sediado na Suíça, afirmou que o impacto indireto da pandemia na Aids, tuberculose e malária pode ser potencialmente ainda pior do que este estudo sugere e, em alguns países, pode ser ainda pior do que o impacto direto da Covid-19.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

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