Índice de massa corpórea (IMC) na infância como preditor de risco cardiometabólico

Um estudo prospectivo de 30 anos avaliou a relação do índice de massa corpórea (IMC) no início da vida com o risco cardiometabólico na idade adulta.

Um estudo prospectivo de 30 anos realizado na China, publicado esse ano no The Journal of Pediatrics, avaliou a relação do índice de massa corpórea (IMC) no início da vida com o risco cardiometabólico na idade adulta.

IMC e risco cardiometabólico

Um total de 2839 participantes entre 6 e 18 anos foram seguidos ao longo de 30 anos, e tiveram seu IMC aferido três a seis vezes ao longo desse período. Os desfechos cardiometabólicos avaliados foram: hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, espessamento da camada média e íntima das carótidas, velocidade da onda de pulso braquial e do tornozelo (índice tornozelo-braquial), e hipertrofia de ventrículo esquerdo.

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Os participantes foram separados em três grupos de acordo com a trajetória do IMC ao longo dos anos: (1) pouco aumento, (2) aumento moderado e (3) grande aumento.

Os níveis de colesterol total, triglicérides, LDL, creatinina, ácido úrico e relação albumina/creatinina na amostra isolada de urina foram significativamente maiores no grupo do grande aumento em comparação com o do pouco aumento. Pacientes com aumento moderado e grande aumento tiveram aumento significativo da espessura da carótida e do índice tornozelo-braquial.

Resultados

Após ajustes de sexo, idade, tabagismo, alcoolismo, profissão, estado civil e escolaridade, os participantes classificados no grupo de grande aumento teve duas vezes mais risco de desenvolver hipertensão, diabetes (DM) tipo 2, dislipidemia e alteração do índice tornozelo-braquial que o grupo de pouco aumento.

IMC elevado entre seis a 18 anos foi fortemente associado à hipertrofia de ventrículo esquerdo, e essa alteração pode não ser reversível.

Participantes do grupo de grande aumento apresentaram um risco duas vezes maior de desenvolver rigidez arterial importante (deduzida pelo índice tornozelo-braquial). O risco de aumento de espessura da carótida, entretanto, não parece ter relação com ganhos mais acentuados de IMC ao longo da infância. A correlação do DM tipo 2 com a progressão do IMC parece não ser direta, o que levanta a hipótese de que o risco de desenvolver a doença pode ser reduzido com a perda de peso na idade adulta.

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Conclusões

Esse estudo confirmou a relação entre o padrão de aumento IMC na infância e a predição de risco cardiometabólico no adulto. Devemos citar, entretanto, algumas limitações desse estudo: restrição a uma etnia específica, ausência de dados sobre atividade física, participação de crianças a partir de seis anos somente (sem dados sobre crianças menores) e ausência de avaliação da distribuição da adiposidade (localizada ou generalizada).

Referência bibliográfica:

  • Yuan, Y., Chu, C., Zheng, W.-L., Ma, Q., Hu, J.-W., Wang, Y., … Mu, J.-J. (2020). Body Mass Index Trajectories in Early Life Is Predictive of Cardiometabolic Risk. The Journal of Pediatrics. doi:10.1016/j.jpeds.2019.12.060

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