Infecção de sítio cirúrgico em ginecologia: como evitar?

Infecção de sítio cirúrgico é a complicação mais comum após procedimentos ginecológicos. Sua redução tornou-se prioridade nos Estados Unidos.

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Infecção de sítio cirúrgico é a complicação mais comum após procedimentos ginecológicos. Sua redução tornou-se prioridade nos Estados Unidos. O Colégio Americano de Ginecologia e Obstetrícia (ACOG) recentemente lançou um boletim revisando as estratégias recomendadas para evitar esse tipo de infecção. Confira abaixo as principais recomendações:

1- Identificar fatores de risco
Hiperglicemia, índice de massa corporal maior que 30, espessura do tecido subcutâneo maior que 3 cm, tabagismo, infecção concomitante em outro sítio (pele, trato urinário), imunossupressão, colonização vaginal por microrganismos (estreptococo do grupo B, vaginose bacteriana) são considerados fatores de risco para infecção. Procedimentos eletivos devem ser adiados até o controle glicêmico estar adequado (glicemia de jejum menor que 200mg/dl em pacientes com ou sem diabetes) e as infecções de sítio remoto adequadamente tratadas.

2- Orientações perioperatórias
Recomenda-se banho de corpo inteiro, com água e sabão (antimicrobiano ou não) ou agente antisséptico (clorexidina), pelo menos 24 horas antes de cirurgias abdominais. O CDC não faz nenhuma recomendação específica sobre qual tipo de sabão deve ser preferido, tempo ou número de aplicações. A tricotomia deve ser realizada apenas se estritamente necessária, o mais próximo possível do procedimento, evitando uso de lâmina de barbear.

3- Respeitar técnicas de assepsia e antissepsia
O cirurgião deve lavar e escovar as mãos e antebraços até a altura dos cotovelos. Deve-se preferir a clorexidina pelo seu amplo espectro de atividade antimicrobiana e menor potencial alergênico. A paciente também deve ser preparada antes da cirurgia, com degermação e aplicação de solução antisséptica no sítio cirúrgico. Nos EUA, apenas a iodopovidona é aprovada pelo FDA na preparação para cirurgias vaginais, embora a clorexidina degermante ou aquosa seja usada off-label nos casos de alergia a iodo ou se preferência do cirurgião.

4- Minimizar o tráfego de pessoas na sala de cirurgia
Embora não sejam feitas recomendações específicas, evitar o tráfego desnecessário de pessoas e diminuir a frequência de abertura de portas durante o procedimento cirúrgico pareceu razoável para reduzir a circulação de bactérias no ambiente.

5- Considerações sobre a técnica cirúrgica
Hemostasia adequada sem prejuízo da perfusão tecidual, remoção de tecidos desvitalizados, redução do espaço morto, uso adequado de drenos e material de sutura reduzem o risco de infecção de sítio cirúrgico.

6- Antibiótico profilático, quando indicado, em dose única, 1 hora antes do procedimento.
É recomendado o uso de cefazolina antes de histerectomia (total, subtotal, abdominal ou vaginal) e colporrafia/slings; também deve ser considerada para laparotomias sem abertura da vagina ou intestino. Em pacientes alérgicos a cefalosporinas, as opções são clindamicina ou metronidazol associados a gentamicina ou aztreonam. Nos casos de esvaziamento uterino devido a perda gestacional precoce, é indicada a profilaxia com doxiciclina ou metronidazol. Dose adicional de antibiótico deve ser considerada nos casos de procedimentos longos ou se perda sanguínea excessiva; considerar ajuste de dose em pacientes obesos.

A antibioticoprofilaxia não está indicada antes dos seguintes procedimentos ginecológicos: procedimentos de colo de útero (conização, exérese da zona de transformação, curetagem endocervical), biópsia de endométrio, histerossalpingografia, histeroscopia diagnóstica ou cirúrgica, coleta de óvulos ou transferência de embrião, inserção de dispositivo intrauterino, cistoscopia e estudo urodinâmico; a curetagem ou aspiração manual intrauterina, em não gestantes, também não necessita de profilaxia.

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Referências:

  • ACOG Practice Bulletin number 195 – Prevention of Infection After Gynecologic Procedures. June 2018

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