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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença metabólica que frequentemente associa hipertensão, intolerância à glicose, dislipidemia e obesidade. Esses distúrbios estão presentes e de forma simultânea em até 47% das mulheres que têm SOP. Número que é duas vezes mais alto do que em mulheres sem a síndrome. A SOP está associada à inflamação crônica, o que coloca essas mulheres em risco aumentado de doença hepática gordurosa não alcoólica, sendo a dislipidemia o distúrbio metabólico mais comum. Além disso, SOP é a principal causa metabólica de infertilidade feminina, afeta até 13% das mulheres em idade reprodutiva segundo estudos norte-americanos nos últimos anos.
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Ainda sem um consenso da origem da doença, observamos uma hipersensibilidade do hormônio luteinizante hipofisário (LH) ao hormônio liberador de gonadotrofina hipotalâmico.
Consequentemente, o LH elevado estimula as células da teca ovariana a aumentar os andrógenos circulantes. Essa “explosão” de LH explica os resultados frequentes falsos positivos que as mulheres com SOP experimentam ao realizar o teste ovulatório urinário durante tratamentos com indutores ovulatórios.
Elevações na insulina (também sem uma clara explicação do porquê) atuam sinergicamente com o LH aumentando os andrógenos ovarianos e assim inibindo a ovulação. A hiperinsulinemia e a deposição de gordura abdominal contribuem para o comprometimento da tolerância à glicose, que é até três vezes maior para quem tem a síndrome.
A síndrome está associada a sangramento uterino anormal, aborto espontâneo, diabetes gestacional e hipertensão gestacional, todos os quais são maiores com base em um perfil metabólico hiperandrogênico.
A taxa de infertilidade em mulheres com SOP pode chegar a valores até 80%, sendo a disfunção da ovulação a causa dominante.
Para mulheres com SOP com IMC elevado, a modificação do estilo de vida é a primeira linha de tratamento. A perda de peso isolada de apenas 2% -5% pode restaurar a função de ovulação.
Nenhuma dieta específica foi determinada como parte do tratamento, por exemplo: sem glutén, sem lactose, ou outras restrições. Mas, de toda forma, a seleção de alimentos saudáveis e a redução da ingestão calórica combinada com exercícios otimizam tanto a perda de peso, o perfil metabólico e status psicológico.
Durante anos, a primeira linha de indução da ovulação foi o citrato de clomifeno; no entanto, o letrozol mostrou taxas de sucesso na gravidez mais altas, particularmente em mulheres que têm um IMC maior que 30 kg / m 2, segundo um importante estudo publicado no New England Journal em 2014. Além disso, a nova droga desencadeia menos efeitos colaterais.
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Após a publicação no New England Journal, vários estudos demonstraram sua eficácia e segurança, porém o letrozol permanece sem a aprovação pelo FDA para a indução da ovulação.
A metformina é recomendada nas pacientes com pré-diabetes ou IMC acima de 30, e pode melhorar a regularidade menstrual, mas infelizmente não mostrou melhorar as taxas de nascidos vivos nem reduzir as complicações na gravidez decorrentes de aborto espontâneo ou diabetes gestacional.
O inositol, suplemento alimentar, não demonstrou melhora clara na reprodução.
A diatermia ovariana laparoscópica (LOD) é uma opção de segunda linha, assim como o uso injetável de gonadotrofinas, e surge como possibilidade nos casos de tentativas conservadoras mal sucedidas de indução da ovulação.
LOD é mais invasivo, porém os trabalhos atuais demonstram resultados equivalentes ao uso de gonadotrofina, proporcionando uma redução significativa nos casos de gemelaridade, síndrome de hiperestimulação ovariana, bem como o custo de uma fertilização in vitro.
Com terceira linha, a fertilização in vitro surge como uma opção aos casos refratários à estimulação ovariana.
Referências bibliográficas:
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