A influência nutricional na perda auditiva

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2011, 28 milhões de brasileiros possuíam algum tipo de problema auditivo, o que revela um quadro de 14,8%.

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De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), cerca de 15% dos adultos, com maior prevalência em homens brancos, queixam-se de perda auditiva. Segundo a Organização Mundial de Saúde, em 2011, 28 milhões de brasileiros possuíam algum tipo de problema auditivo, o que revela um quadro de 14,8% do total de 190 milhões.

O Global Burden of Disease Study é um estudo que usa a incapacidade ajustada ao ano de vida (DALY) combinado aos anos de vida perdidos (YLLs) devido à mortalidade, e anos que o paciente viveu com deficiência (YLDs), em uma única métrica. Um DALY pode ser considerado como um ano perdido de vida saudável. A soma de DALYs numa população pode ser pensada como a lacuna entre o estado de saúde da população atual e uma situação ideal, onde toda a população vive a uma idade avançada, livre de doença. Em 2015, foi evidenciado que os mais importantes contribuintes para o YLDs globais são: perturbações musculoesqueléticas, mentais; uso de substâncias; e a categoria de outras doenças não transmissíveis, representada pelas perdas de audição e visão, além de doenças de pele.

Os principais fatores de risco para hipoacusia adquirida são: diabetes, exposição a ruído, tabagismo ativo e passivo, drogas ototóxicas, doença cardiovascular e genética. O status socioeconômico diminuído e o sexo masculino (mesmo com o histórico da exposição ao ruído poder ser um fator confundidor) são também variáveis a serem consideradas.

Entretanto, a variabilidade à susceptibilidade individual à deficiência auditiva adquirida ainda não é totalmente explicada.

Em países desenvolvidos, estudos de grande população em adultos relataram taxas de proteção contra perda auditiva com maior ingestão de peixe, ácidos graxos de cadeia longa, ácido fólico, β-caroteno e vitaminas A, E e C. Enquanto isso, a exposição alimentar a metais pesados potencialmente ototóxicos (ex.: cádmio e chumbo), obesidade e sedentarismo têm sido associados à perda de audição, demonstrando que o estilo de vida e ambiente podem ter consequências para a saúde do ouvido.

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Em países em desenvolvimento, onde a desnutrição é ainda bastante frequente, a deficiência de micronutrientes (por exemplo, de vitamina A e zinco) já foi identificada como fator de risco para a otite média, principal causa de perda de audição de infância.

A deficiência de ferro, tanto por razões nutricionais quanto por outras causas, provoca a anemia ferropriva.

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS) 2006 avaliou a prevalência de anemia em crianças e observou que 20,9% das crianças menores de cinco anos apresentam a doença, correspondendo a aproximadamente 3 milhões.

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Alguns estudos já demonstraram sua associação com surdez súbita. Especula-se, ainda, que o papel do ferro no sistema vascular e nervoso aumente a possibilidade de sua associação com outros tipos de perda auditiva. A cóclea é altamente sensível à lesão isquêmica, uma vez que somente a artéria labiríntica irriga esta área. Anemia ferropriva já foi evidenciada como um potente fator de risco para acidente vascular encefálico isquêmico, causada pela diminuição do nível de hemoglobina, com consequente deficiência na capacidade de carrear O2. A deficiência de ferro também acarreta limitação na produção de mielina, causando dano na bainha do nervo auditivo.

Portanto, parece evidente a importância da dieta saudável, balanceada e rica em nutrientes para reduzir a perda auditiva globalmente e em toda a extensão da vida. Com isso, políticas de controle de saúde pública devem ser enfatizadas na questão nutricional da população.

Referências:

  • Spankovich, AuD, PhD, MPH and C.G. Le Prell, PhD. Healthy Diets, Healthy Hearing: National Health and Nutrition Examination Survey, 1999–2002. Int J Audiol. 2013 Jun; 52(6): 369–376.
  • GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015
  • https://dab.saude.gov.br/portaldab/ape_pcan.php?conteudo=deficiencia_ferro
  • Nutrition and hearing loss: a neglected cause and global health burden. Am J Clin Nutr. 2015 Nov; 102(5): 987–988.
  • Schieffer KM, Chuang CH, Connor J, Pawelczyk JA, Sekhar DL. Association of Iron Deficiency Anemia With Hearing Loss in US Adults . JAMA Otolaryngol Head Neck Surg. 2016 Dec 29

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