Ingestão de vitamina B12 pré-natal materna e desenvolvimento na infância

As deficiências de muitos nutrientes na gravidez têm efeitos adversos no desenvolvimento do feto, com comprometimento na infância.

As deficiências de muitos nutrientes na gravidez têm efeitos adversos no desenvolvimento do cérebro do feto, com consequente comprometimento da função cognitiva na infância. Alguns estudos já demostraram de forma muito clara efeitos adversos identificáveis no nascimento para crianças nascidas de mulheres com deficiências vitamínicas, como por exemplo, parto prematuro e defeitos do tubo neural.

Estamos em um momento em que o vegetarianismo e o veganismo estão se tornando mais populares, e as mulheres que possuem esse hábito podem ter sua dieta inadequada em nutrientes como a vitamina B12. No entanto, não está claro se a deficiência dessa vitamina no período pré-natal é prejudicial ao feto.

O desenvolvimento do cérebro é mais rápido nos primeiros anos de vida, o que pode torná-lo mais vulnerável a deficiências nutricionais.  Alguns estudos sobre neurodesenvolvimento observaram que bebês com atrofia cerebral e desmielinização de células nervosas, ao receberem vitamina B12 responderam de forma surpreendente, apresentando uma rápida melhora nos sintomas neurológicos.

Leia também: Qual a associação entre distúrbios psiquiátricos maternos e o desenvolvimento neuropsicomotor da prole?

As deficiências de muitos nutrientes na gravidez têm efeitos adversos no desenvolvimento do feto, com comprometimento na infância.

Novas evidências

No dia 30 de dezembro de 2020, a revista Nutrition Research publicou um estudo realizado no Reino Unido correlacionando a ingesta de vitamina B12 na gestação com o desenvolvimento cognitivo infantil.

O estudo selecionou aproximadamente 10 mil gestantes e seus filhos. As mães, na trigésima segunda semana de gestação, respondiam um questionário que detalhava sua alimentação e calculava dessa forma a quantidade de vitamina B12 ingerida. Aos 8 anos de idade, os filhos destas pacientes passavam por uma avaliação cognitiva, que incluíam testes de fala e linguagem, soletração, leitura, matemática e ciências e QI.

Resultados

O trabalho evidenciou que os filhos de pacientes com o menor consumo de B12 estavam em maior risco de vocabulário pobre aos 24 meses, capacidade reduzida de combinar palavras aos 38 meses, baixa inteligibilidade de fala aos 6 anos, baixa compreensão de matemática no quarto e sexto anos (idades de 8-9 e 10-11 anos) e resultados insatisfatórios nos testes nacionais de matemática (13 anos). Não houve tais associações ajustadas significativas para habilidades de leitura ou ortografia, ou para QI verbal ou de escala total (quociente de inteligência) em 8 ou em 15.

Pontos fracos do estudo

O estudo não avaliou pacientes com ingesta muito limitada de Vitamina B12, que pode ocorrer por exemplo em países subdesenvolvidos, bem como não foi avaliada a ingesta da vitamina no início da gestação. Além disso, pacientes com baixa ingesta de vitamina B12 também podem ter outras carências nutricionais, o que gera um fator de confundimento.

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Conclusão

Dessa forma, observamos que existem efeitos adversos no desenvolvimento da criança se a gestante tiver uma baixa ingestão de vitamina B12, principalmente para certas habilidades matemáticas e de fala.

Referências bibliográficas:

  • Jean Golding, Steven Gregory, Rosie Clark, Yasmin Iles-Caven, Genette Ellis, Caroline M. Taylor, Joseph Hibbeln, Maternal prenatal vitamin B12 intake is associated with speech development and mathematical abilities in childhood. Nutrition Research. 2021;86:68-78. doi: 10.1016/j.nutres.2020.12.005.

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