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Os inibidores de SGLT2 (ISGLT2) são uma classe de medicamentos para tratamento de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), cujo mecanismo de ação é induzir glicosúria ao inibir o cotransportador de sódio e glicose tipo 2 existente nos túbulos renais.
Além da ação metabólica, também demonstraram efeitos positivos em redução de desfechos cardiovasculares e renais. Porém, uma das grandes preocupações com o uso de inibidores de SGLT2 é o risco de ocorrência de cetoacidose diabética observada em alguns relatos e também em alguns dos estudos de avaliação cardiovascular.
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O que ocorre a cetoacidose diabética?
Os principais mecanismos para explicar este fenômeno é que ao induzirem glicosúria e, consequentemente, redução na glicemia, ocorre uma diminuição dos níveis de insulina e aumento dos níveis de glucagon plasmáticos. Com isso, como mostra a figura a seguir, há um aumento na lipólise e produção de ácidos graxos e seus metabólitos, os corpos cetônicos.
Por essa razão, pode haver uma relação entre o uso de inibidores de SGLT2 e cetoacidose diabética, porém com uma apresentação atípica, com valores de glicemia menores ou mesmo normais, mas com sinais e sintomas similares à apresentação clássica.
Porém, existem fatores precipitantes para essa relação e não um risco para toda a população, a saber:
- Estresse cirúrgico;
- Tempo de suspensão insuficiente antes do procedimento cirúrgico;
- Doses de insulina insuficientes nos usuários do medicamento;
- Redução da ingestão oral de alimentos;
- Uso de álcool;
- Doenças concorrentes (infecções, desidratação, malignidade).
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Como reduzir o risco de ocorrência da complicação
O principal ponto é selecionar o perfil adequado de pacientes para o uso do medicamento. Deve-se ter cautela em pacientes idosos, naqueles com déficit cognitivo ou em quem a capacidade de ingestão oral de alimentos e água esteja prejudicada, em pacientes com doenças agudas e em usuários de insulina.
Além disso, é importante que os médicos sempre tenham em mente a possibilidade da complicação em pacientes que usem este medicamento e relatem mal-estar ou sintomas inespecíficos, especialmente diante dos fatores precipitantes.
Autora:
Médica Endocrinologista do Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia Luiz Capriglione (IEDE) – RJ ⦁ Médica Endocrinologista da Universidade Federal Fluminense ⦁ Mestre em Fisiopatologia Clínica e Experimental – UERJ
Referências bibliográficas:
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- Perkovic V, Jardine MJ, Neal B, Bompoint S, Heerspink HJL, Charytan DM, et al. Canagliflozin and renal outcomes in type 2 diabetes and nephropathy. N Engl J Med. 2019.
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