Inibidores de SGLT2 e cetoacidose diabética: uma relação delicada

Os inibidores de SGLT2 são uma classe de fármacos para tratamento do diabetes mellitus e cetoacidose diabética é um de seus riscos.

Os inibidores de SGLT2 (iSGLT2) são uma classe de medicamentos para tratamento do diabetes mellitus tipo 2 (DM2), também indicados para o tratamento da insuficiência cardíaca, da doença renal crônica e prevenção de eventos cardiovasculares e doença renal, cujo mecanismo de ação é induzir glicosúria. Os iSGLT2 promovem esta ação ao inibirem o cotransportador de sódio e glicose tipo 2, existente nos túbulos renais, reduzindo a reabsorção tubular de glicose e, em consequência, os níveis de glicose circulante.

Este conteúdo foi produzido em parceria com Glic, um aplicativo pioneiro em saúde digital para o tratamento da diabetes. O app é gratuito, saiba mais clicando aqui!

Além da ação metabólica, os iSGLT2 também demonstraram efeito cardio e renoprotetor em pacientes com ou sem diabetes, por meio da melhora da taxa de filtração glomerular e da redução da pressão arterial causada pelo aumento da diurese. Porém, uma das preocupações com o uso de iSGLT2 é o risco de desenvolvimento de cetoacidose diabética (CAD) observada em relatos de caso e em estudos de avaliação cardiovascular.

Leia também: Insulinoterapia no Diabetes Mellitus Tipo 2

Pessoa em tratamento com Inibidores de SGLT2 para de Diabetes Mellitus, corre o risco de desenvolver cetoacidose diabética.

Por que ocorre cetoacidose diabética em alguns usuários de iSGLT2?

Os principais mecanismos para explicar este fenômeno é que ao induzirem glicosúria com redução na glicemia, promovem uma deficiência relativa de insulina, associada a um aumento dos hormônios contrarreguladores, como glucagons, cortisol, GH e catecolaminas. Com isso há um aumento na lipólise e produção de ácidos graxos e seus metabólitos, os corpos cetônicos.

Por essa razão, parece haver uma relação entre o uso de inibidores de SGLT2 e CAD, porém com uma apresentação atípica, sem hiperglicemias importantes ou mesmo com glicemias normais, a CAD euglicêmica, com sinais e sintomas reduzidos ou similares à apresentação clássica (náuseas, vômitos, dor abdominal, mal-estar e, às vezes, falta de ar).

Cetoacidose diabética euglicêmica

Em revisão sistemática publicada recentemente a taxa de risco de CAD em usuários de iSGLT2 foi de 3,70 (IC 95% 2,58-5,29; p<0,00001). Veja abaixo as características mais comuns dos pacientes com CAD euglicêmica e os seus fatores predisponentes, demonstrados neste estudo.

Características dos pacientes

– Sexo feminino;

– DM2 sem comorbidades, com doença cardiovascular, com doenças oncológicas e com outras doenças endocrinológicas, como o hipotireoidismo;

– DM2 com doença renal aguda ou crônica;

– Associação de iSGLT2 com metformina e insulina;

– Uso de iSGLT2 em relação dose-dependente;

Fatores predisponentes:

– Cirurgias, principalmente de emergência (CAD no pós-operatório);

– Infecção do trato urinário;

– Alterações cardiovasculares;

– Gastroenterite aguda.

Como reduzir o risco de ocorrência da complicação

O principal ponto para evitar a cetoacidose diabética em usuários de i SGLT2 é selecionar o perfil adequado de pacientes para o uso do medicamento. Deve-se ter cautela em pacientes idosos, naqueles com déficit cognitivo ou em quem a capacidade de ingestão oral de alimentos e água esteja prejudicada, em pacientes com doenças agudas e em usuários de insulina.

Além disso, é importante que os médicos sempre tenham em mente a possibilidade deste diagnóstico em pacientes que usem este medicamento e relatem mal-estar ou sintomas inespecíficos, especialmente diante dos fatores precipitantes. Recomenda-se observação quanto à suspensão do iSGLT2 3 a 4 dias antes de procedimento cirúrgico eletivo, à ingestão oral habitual de alimentos e água e ter cautela na redução da dose de insulina após a introdução dos iSGLT2 em usuários do medicamento.

 

Conheça já o Glic, um aplicativo pioneiro em saúde digital para o tratamento da diabetes!

*Este texto foi escrito em colaboração com a Dra. Lucia Henriques Alves da Silva.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.

Especialidades