Insônia na infância pode persistir até a adolescência

O estudo buscou determinar os fatores de risco associados à persistência e remissão de sintomas de insônia na infância e adolescência.

Dificuldades para adormecer e/ou permanecer dormindo são os sintomas de insônia mais comuns relatados pelos pais na juventude de seus filhos, e sua prevalência na infância e adolescência é de cerca de 20 a 25%. Poucos estudos longitudinais avaliaram a persistência e remissão dos sintomas de insônia na infância (SII), bem como sua incidência e as contribuições de vários fatores de risco na juventude.

No artigo Natural history of insomnia symptoms in the transition from childhood to adolescence: population rates, health disparities, and risk factor, publicado no jornal Sleep, pesquisadores da Penn State University, nos Estados Unidos, descreveram que a insônia na infância é altamente persistente, com a remissão completa ocorrendo em somente um terço das crianças na transição para a adolescência.

menina com insônia na infância e adolescência

Insônia na infância

O objetivo do estudo foi determinar os fatores de risco sociodemográficos, comportamentais e clínicos associados à persistência, remissão e incidência de sintomas de insônia na transição da infância para a adolescência.

Metodologia

O Penn State Child Cohort é uma amostra aleatória de base populacional de 700 crianças com idades entre 5 a 12 anos no início do estudo, das quais 421 foram acompanhadas na adolescência (12–23 anos no seguimento). Os pacientes foram submetidos à polissonografia, avaliação de história clínica, exame físico e aplicação de escalas relatadas pelos pais e pelas próprias crianças no início do estudo e no acompanhamento.

Os sintomas de insônia foram definidos como relato dos pais ou autorrelato de dificuldade em iniciar o sono e/ou permanecer dormindo.

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Resultados

A idade média dos participantes foi de 8,7 anos no início e 16,5 anos no acompanhamento. Destes, 53,9% eram do sexo masculino e 21,9% pertenciam a minorias raciais/étnicas. Entre os indivíduos com SII (n = 109), a taxa de persistência na transição para a adolescência foi de 56% (n = 61), com apenas 30,3% apresentando remissão completa. A incidência de sintomas de insônia em adolescentes foi de 31,1%. O tempo de seguimento não foi significativa ou marginalmente associado à persistência de SII (p = 0,742).

Os fatores associados a uma maior persistência ou incidência de sintomas de insônia incluíram: sexo feminino, minoria racial/étnica e baixo nível socioeconômico, bem como distúrbios psiquiátricos/comportamentais ou neurológicos, obesidade, tabagismo e cronotipo noturno.

Conclusões

Os pesquisadores observaram que os SII são altamente persistentes, com remissão completa ocorrendo em apenas um terço das crianças na transição para a adolescência. As disparidades relacionadas a sexo, raça/etnia e nível socioeconômico na insônia ocorrem já na infância, enquanto diferentes fatores de risco de saúde mental/física e estilo de vida/ritmo circadiano desempenham um papel fundamental na cronicidade do SII versus sua incidência na adolescência.

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Os pesquisadores destacaram que esse estudo mostra a contribuição única de fatores de risco sociodemográficos e clínicos individuais para a persistência, remissão e incidência de SII e adolescência, incluindo a identificação de disparidades de saúde e períodos críticos de desenvolvimento para a prevenção de insônia em meninas.

Esses achados permitem que os profissionais de saúde tomem decisões informadas sobre a necessidade de avaliação e tratamento dos SII e reforçam a necessidade de intervenções baseadas na comunidade em minorias raciais/étnicas e/ou desfavorecidas para prevenir o desenvolvimento e cronicidade da insônia.

A triagem precoce e o tratamento de sintomas de insônia em jovens com fatores de risco clínicos específicos, como, por exemplo, transtornos de humor/ansiedade e obesidade, também devem ser uma prioridade, enquanto o manejo adequado de algumas condições médicas (como asma/alergias) pode reduzir o risco de persistência ou incidência dos sintomas de insônia.

Referência bibliográfica:

  • Fernandez-Mendoza J, Bourchtein E, Calhoun S, Puzino K, Snyder CK, He F, Vgontzas AN, Liao D, Bixler E. Natural History of Insomnia Symptoms in the Transition from Childhood to Adolescence: Population Rates, Health Disparities and Risk Factors. Sleep. 2020 Sep 15:zsaa187. doi: 10.1093/sleep/zsaa187. Epub ahead of print. PMID: 32929504.

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