Atualização: Este texto foi preparado com o artigo em pré-print em maio de 2020. O estudo acabou não sendo publicado em nenhuma revista por ter sido feito com o mesmo banco de dados utilizado no artigo da hidroxicloroquina que recebeu diversas críticas e foi retirado do ar.
Atualização 2: Em 2021, diversas entidades, sociedades e a própria Anvisa reforçam que não há evidências para o uso da ivermectina na Covid-19. O uso indiscriminado de medicações off-label pode acarretar eventos adversos graves.
Enquanto se buscam terapias eficazes contra Covid-19, novos agentes farmacológicos surgem como potenciais tratamentos. O antiparasitário ivermectina é um dos medicamentos que vêm sendo estudados e que recentemente tem chamado a atenção da comunidade científica.
Ivermectina na Covid-19
O racional para o uso desse anti-helmíntico é que estudos in vitro mostraram capacidade da droga em reduzir a replicação de RNA viral do SARS-CoV-2, ao se ligar a proteínas de transporte celular e impedir a entrada do vírus no núcleo da célula. Da mesma forma, sua ação in vitro em outros vírus de RNA também já havia sido demonstrada. Entretanto, existem poucas evidências em relação à sua atividade in vivo.
Leia também: Covid-19: quais as principais terapias em estudo?
Um estudo internacional, multicêntrico, observacional de caso-controle procurou avaliar a eficácia clínica do uso de ivermectina em pacientes com Covid-19. Dados em relação à sobrevivência e mortalidade de pacientes com Covid-19 confirmado por exame de PCR-RT e que tenham usado ivermectina foram coletados eletronicamente.
Cada caso foi pareado com um controle que não usou ivermectina, de forma a que casos e controles fossem semelhantes em gravidade, idade, sexo, presença de comorbidades e uso de outras medicações. O desfecho principal foi a proporção de pacientes que morreram no grupo de ivermectina em relação ao grupo controle. As taxas de mortalidade de pacientes em ventilação mecânica foram calculadas separadamente.
Resultados
Ao total, foram coletados dados de 704 pacientes que fizeram uso de ivermectina provenientes de 169 hospitais em três continentes (América do Norte, Europa e Ásia) e 704 controles. A dose média de ivermectina utilizada foi de 150 mcg/kg. A taxa de mortalidade foi menor no grupo que recebeu ivermectina (1,4% vs. 8,5%; IC 95% = 0,11 – 0,37; p < 0,0001), o que também foi encontrado no subgrupo de pacientes que necessitou de ventilação mecânica (7,3% vs. 21,3%; p < 0,001).
Veja mais: Remdesivir: estudo mostra recuperação mais rápida em pacientes com Covid-19
Os autores destacam que esses resultados colocam a ivermectina como um agente potencial para o tratamento de Covid-19, inclusive em pacientes em uso de ventilação mecânica. Entretanto, vale ressaltar de que se trata de um estudo observacional e que, como tal, não é adequado para estabelecer relação de causa e efeito.
Mais estudos são necessários para estabelecer o real papel da ivermectina no cenário de infecção pelo SARS-CoV-2.
[Atualização] Novas considerações
Os resultados desse estudo pré-print observacional de abril de 2020 não foram até o momento comprovados e o estudo nunca foi publicado em revista indexada.
Outros trabalhos mais recentes e com metodologias mais robustas não demonstraram benefício com o uso de ivermectina. Um exemplo é um ensaio clínico duplo-cego randomizado publicado na JAMA que avaliou a eficácia de um curso de tratamento com ivermectina em pacientes com Covid-19 confirmado laboratorialmente e sintomas leves.
Os participantes foram randomizados para receber ivermectina por cinco dias ou placebo nos primeiros sete dias de sintomas. Os resultados não demostraram diferença entre os grupos em relação a tempo para resolução completa de sintomas, na proporção de voluntários com deterioração clínica e nem na chance de melhora clínica, avaliada por meio de escala ordinal com oito categorias recomendada pela OMS.
Reforça-se que, até o momento, não há indicação do uso de ivermectina para o tratamento e nem profilaxia em casos de Covid-19. O uso indiscriminado de medicações não recomendadas pode acarretar eventos adversos potencialmente graves.
Referências bibliográficas:
- Patel, Amit, Usefulness of Ivermectin in COVID-19 Illness (April 19, 2020). SSRN. Disponível em: https://ssrn.com/abstract=3580524
- López-Medina, E, López, P, Hurtado, IC, Dávalos, DM, Ramirez, O, Martínez, E, Díazgranados, JÁ, Oñate, JM, Chavarriagia, H, Herrera, S, Parra, B, Libreros, G, Jaramillo, R, Avendaño, AC, Toro, DF, Torres, M, Lesmes, MC, Rios, CA, Caicedo, L. Effect of Ivermectin on Time to Resolution of Symptoms Among Adults With Mild COVID-19: A Randomized Clinical Trial. JAMA março 2021 DOI: 10.1001/jama.2021.3071
SÓ FALTOU O RESTO DO RELATÓRIO DA PESQUISA, QUANDO FAZ CORRELAÇÃO DO USO DA IVERMECTINA COM OUTROS VÍRUS IN VITRO!
A pesquisa ainda carece de comprovação de benefício em ambiente clínico. Assim como outros medicamentos, a Ivermectina surge como uma promessa de sucesso, mas deve ser testada ainda em humanos.
Os resultados encontrados in vitro não podem ser tomados como verdadeiros in vivo. Os testes in vitro encontram-se nos níveis mais básicos da pesquisa na área de saúde. Além disso, a Ivermectina também havia apresentado resultados semelhantes contra vírus como
HIV,
DENGUE,
INFLUENZA,
ZIKA VIRUS,
e nenhum destes se mostrou eficaz na prática clínica.
CRTL+C CRTL+V, amigo!
Tá explicando a pesquisa in vivo aí!
Contudo, seria uma boa estratégia nossas autoridades de saúde e as instituições atinentes acompanharem de perto essa pesquisa australiana, pois este país possui a menor taxa de letalidade do mundo hoje.
Pelo que li foram observações clínicas e não in vitro. Ele explica melhor nesse podcast a partir do minuto 6. https://pebmed.com.br/check-up-semanal-ivermectina-no-tratamento-da-covid-19-e-mais-atualizacoes-podcast/
leu a materia não amigo , os testes foram em humanos !! leia as coisas antes de sair dando opnioes
Dra Isabel, é uma notícia muito positiva, parabens pela pubicação. Deixo uma pergunta: A Invermectina ministrada nos primeiros sintomas desta enfermidade, não seria mais eficaz? Aqui no Brasil, temos uma vantagem, que foi a vacinaçao de gripre para idosos, portadotes de doenças cronicas bem como os profissionais de saúde. Então já temos um marcador para o Covid 19, ou seja, poderemos indentificar a doença nos primeiros sintomas e aplicar a invermectina. No momento, pode ser uma das alternativas pata reduzir osefeitos desta catastrofe.
Sou de Pernambuco técnica de enfermagem na área de hemodiálise e muitos pacientes nossos morreram todos eles sao diabéticos r hipertensos esses sim são os mais vulneráveis a esse maldito vírus.nossa diretora é infectologista e infetologista do hospital universitário Oswaldo Cruz de Pernambuco.os pacientes que informaram com antecedência algum sintoma da doença foram isolados para fazer o tratamento da hemodiálise e fizeram uso desses medicamentos azitromicina e ivermectrina com base nos estudos australianos e tivemos Boa resultados e eles se recuperaram infelizmente os mais idosos com medo de dizer os sintomas de aguentaram e nas últimas qusndo nossa equipe descubria já era ttarde por serem idosos e diabéticos não resistiram esse tratamento tem que ser feito assim que sente o primeiro sintoma os idosos ficam mais vulnerável quando pega o vírus a saturação fica baixa e na maioria dos casos precisa de ventilação mecânica.
Todos os profissionais que foram afastados fizeram uso desses medicamentos e todos se curaram graça a Deus.
Dra. fiquei sabendo que na comunidade de Heliopolis de SP, muitos estão usando a ivermectina no inicio de sintomas e alegam que ao 3º dia, estão bem melhores…
qual seria a posologia correta nestes casos??? por que se estão utilizando , seria melhor que soubessem qual o limite.
Está descrito no estudo clíniico que se trata com 150mcg/kg. Neste acaso um adulto com 80kg necessitaria de 12mg (12000mcg)(geralmente os comprimidos são de 6mg cada em caixas com 2 ou 4 comprimido. Alguns médicos estão utilizando 18mg.
a quantidade de doses diárias então é de acordo com o peso.
mas por quantos dias seria o período de tratamento com a ivermectina?
sei que pessoas que tem asma tem que se ter uma certa cautela.
A ivermectina enquanto tratamento está sendo estudada, mas enquanto profilaxia? Existem pessoas fazendo uso indiscriminado da medicação mesmo sem sintomas, com o objetivo de “proteger” do Sars-Cov-2. Isto é válido? Existe algum estudo que sugira esta abordagem?
Vc obteve resposta? Sobre sua pergunta
Vc obteve resposta? Pq o uso indiscriminado, acredito q pode ser pior.
Catarina Carvalho 23/03/2021
A ivermectina enquanto tratamento está sendo estudada, mas enquanto profilaxia? Existem pessoas fazendo uso indiscriminado da medicação mesmo sem sintomas, com o objetivo de “proteger” do Sars-Cov-2. Isto é válido? Existe algum estudo que sugira esta abordagem?
Está descrito no estudo clíniico que se trata com 150mcg/kg. Neste acaso um adulto com 80kg necessitaria de 12mg (12000mcg)(geralmente os comprimidos são de 6mg cada em caixas com 2 ou 4 comprimido. Alguns médicos estão utilizando 18mg.
Para mim a Ivermectina associada a Famotidina em casos leves (corticoides e heparina quando necessário em graves ) é a opção poremquanto….na espera da vacina
CSO, qual a razão da famotidina?
Acompanho esse estudo desde que saiu, a dose de 12mg (varia conforme o peso) no estudo foi administrada por três dias. Essa é uma dose semelhante ao tratamento de finalidade convencional. Não confundi com as altas doses aplicadas em uma pesquisa de teste in vitro! Não vejo sentido como profilaxia, ao menos nos possíveis mecanismos do fármaco. A meia vida é muito curta, poucas horas.
Mas o estudo foi realizado em humanos e houve uma queda de mortalidade. Isso não seria indicativo que houve um efeito do fármaco?
No caso, como vc falou em profilaxia, tecnicamente o medicamento não sustentaria uma prevenção? Sabe dizer se houve algum estudo nesta linha, pq eu ainda não achei.
a ivermectina deve ser usada só com os sintomas ou pode ser usadas como prevenção? Nos casos graves tambem pode ser usadas? Qual é a dosagem correta por peso do paciente? E´dosagem única?
a ivermectina deve ser usada só com os sintomas ou pode ser usadas como prevenção? Nos casos graves tambem pode ser usadas? Qual é a dosagem correta por peso do paciente? E´dosagem única
A ivermectina na dosagem correta é um medicamento seguro, excelente vermífugo – só vai fazer bem. E a doença já está aí, matando muitos, então não se pode ficar de braços cruzados esperando uma comprovação q já sabemos q não chegará a tempo! Quem não quiser, não tome – mas desencorajar as pessoas, sem lhe dar melhor opção, acho um desserviço – minha opinião !
Mas acontece que as pessoas param de se previnir. Começam a ir a aglomerações pensando: se eu pegar a Covid-19, uso a Ivermectina. Penso que todo o problema da divulgação desses fármacos é esse.
Na verdade o abandono dos cuidados de prevenção (isolamento social, uso de máscaras e higienização) vão sendo reduzidos aos poucos, principalmente quando for se abrindo o comércio e o retorno à convivência social. Com o tempo a contaminação ainda vai aumentar (ainda não atingimos nem 1% da população contaminada!) e a perspectiva de cura vai piorar ainda mais. Foi o que ocorreu com o HIV quando aumentou a probabilidade de controle. Espero que esse tratamento seja eficaz, mas a divulgação dessa eficácia (que é relativa…) pode ser mesmo desastrosa…
não é profilaxia. A ivermectina, como qualquer anti parasitário tem tempo de vida no nosso organismo. No caso desta, 24 hrs e excreção nas fezes, apenas 1% em forma de matabólitos são excretados na urina. Como farmacêutica oriento os pacientes a não tomarem como profilaxia, uma vez que será eliminado nas fezes após 24 hrs. Perda de dinheiro, de tempo e falta de leitura para acabar a ignorância. Vírus se combate com vacinas, pois a composição ativa está diretamente relacionada com seu patógeno. O ideal é cuidarmos da imunidade com suplementação vitamínica adequada e sem exageros.
Pelo texto no início eu entendi que o artigo não foi publicado em nenhuma revista por usar uma base de dados que está sendo investigado, é isso? Pergunto pois queria ler o artigo publicado.
“Este texto foi preparado com o artigo em pré-print. O estudo acabou não sendo publicado em nenhuma revista por ter sido feito com o mesmo banco de dados utilizado no artigo da hidroxicloroquina que recebeu diversas críticas e foi retirado do ar.”
A minha opinião é que vivemos em uma época tecnológica, ou seja, quase tudo baseado em certeza científica. Portanto devemos agir sempre com base em pesquisas científicas, esse medicamento, a IVERMECTINA, está sendo analisado se tem ou não efeito contra a covid-19, ainda não é uma certeza. O que pode acontecer é uma corrida desenfreada na busca por esse medicamento desabastecendo os fornecedores e impossibilitando o acesso para quem realmente está precisando. Como parece que aconteceu com a cloroquina!