Junho Violeta: mês de conscientização e prevenção do ceratocone

O ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea de etiologia desconhecida, caracterizada por afinamento progressivo e protrusão em forma de cone.

Junho é o mês de conscientização e prevenção do ceratocone, por isso reunimos os principais pontos que você precisa saber sobre a doença!

Olho humano com princípio de ceratocone, servindo de exemplo no mês de conscientização da doença, junho violeta

15 coisas que você precisa saber sobre Ceratocone

  1. O ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea de etiologia desconhecida. É caracterizada por afinamento progressivo e protrusão em forma de cone, levando a deficiência visual. A córnea em pacientes com ceratocone demonstra anormalidades na estrutura molecular;
  2. Geralmente a doença se inicia na adolescência ou no adulto jovem com borramento visual e diminuição da acuidade visual. Os sintomas geralmente progridem até a quarta década. A prevalência varia de 50 a 230 por 100 mil habitantes, não existindo diferença entre os gêneros;
  3. Os fatores de risco são: doenças sistêmicas (síndrome de Down, Ehlers Danlos, osteogênese imperfecta, etc), doença atópica, asma, prurido ocular, história familiar;
  4. Inicialmente a visão pode ser corrigida com óculos e conforme a doença progride os pacientes desenvolvem astigmatismo irregular mais importante, necessitando de lentes de contato para a correção refrativa. A progressão gera mudanças frequentes no grau da miopia e do astigmatismo, o que pode ser um dos sinais iniciais da doença;
  5. Apesar de ser uma doença geralmente bilateral, os pacientes se apresentam com sintomas de forma assimétrica, podendo um olho ter doença muito mais grave que outro;
  6. O sinal de Munson, visto como uma identação em forma de V da córnea inferior na mirada inferior, é causado por um cone com protuberância importante, geralmente em pacientes com cone avançado;
  7. Conforme a doença progride, alguns pacientes podem apresentar-se com fotofobia e dor súbita associada a diminuição da acuidade visual devido a um quadro de hidropsia corneana. Esses sintomas são causados pelo edema corneano grave causado pela ruptura da membrana de descemet e perda da funcionalidade do endotélio. Ocorre em 3% dos pacientes;
  8. Suspeita-se de ceratocone quando o paciente tem dificuldade de atingir 20/20 de visão, o grau muda muito rapidamente, o paciente tem história familiar e tem o hábito de coçar os olhos. A córnea pode ter aspecto normal na biomicroscopia. A ceratometria pode ter anéis distorcidos principalmente no centro e inferiormente. A topografia corneana é o exame utilizado para o diagnóstico e acompanhamento da progressão. Conforme a doença avança, podemos visualizar na lâmpada de fenda achados como o anel de Fleischer (um anel de cor marrom ao redor da base do cone composto por depósito de ferro no epitélio), as estrias de Vogt (linhas verticais na parte mais fina da córnea, no nível do estroma posterior e descemet que desaparecem se é aplicada pressão na córnea), afinamento central ou paracentral inferior e cicatriz corneana (por quebras na membrana de Bowman conforme a córnea afina);
  9. A retinoscopia demonstra reflexo em tesoura como um sinal precoce do ceratocone em desenvolvimento devido ao astigmatismo irregular;
  10. Devemos considerar no diagnóstico diferencial outras doenças ectásicas como a degeneração marginal pelúcida;
  11. O crosslinking é o procedimento recomendado no manejo do ceratocone em progressão. Comprovadamente reduz a progressão fortalecendo as ligações do colágeno. Usa a riboflavina e a luz ultravioleta. O Haze transitório ou permanente é o efeito adverso mais frequente;
  12. O uso de óculos pode ser feito até que a acuidade visual do paciente com os mesmos satisfaça suas atividades diárias. As lentes de contato podem começar a ser necessárias para maximizar a acuidade visual de pacientes com baixa visão com os óculos. Uma grande parte dos pacientes com ceratocone pode ser manejado de forma conservadora utilizando lentes de contato por um longo período;
  13. As lentes de contato gás permeáveis são as mais comumente utilizadas no ceratocone. Funcionam criando uma nova superfície óptica regular. Em pacientes com cicatrizes ou córneas muito irregulares o uso das lentes pode não ser tolerado. Lentes de contato esclerais, de maior diâmetro, podem ser utilizadas nesses casos;
  14. O implante do anel intraestromal tem o objetivo de melhorar a acuidade visual reduzindo o astigmatismo corneano. Pode ser usado em pacientes com intolerância ao uso de lentes de contato;
  15. A ceratoplastia é o procedimento de escolha quando as lentes de contato já não resolvem a questão visual. Aproximadamente 10 a 15% necessitarão de transplante de córnea. A ceratoplastia penetrante ainda é o principal procedimento realizado (apesar da utilização cada vez mais frequente do transplante lamelar anterior) com taxa de sucesso maior que 90% em pacientes com ceratocone. Estudos demonstram acuidade visual de 20/40 ou melhor em 80-90% dos casos. A rejeição ocorre em 20-35% dos casos nos primeiros 12 meses depois da cirurgia;

Leia também: O que você precisa saber sobre ceratocone?

Referencias bibliográficas:

  • Wayman MD. Keratoconus [Internet]. Trobe J, Givens J, ed. UpToDate. Waltham, MA: UpToDate Inc. (Accessed on May 12, 2020).

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