Laringoespasmo: definição e prevenção

O laringoespasmo representa uma exacerbação do reflexo fisiológico do fechamento glótico, ele é imprenscindível para evitar a broncoaspiração.

O laringoespasmo representa uma exacerbação do reflexo fisiológico do fechamento glótico. Esse reflexo é imprenscindível para que as vias aéreas fiquem protegidas de qualquer partícula ou corpo estranho que possa causar asfixia ou broncoaspiração. Ele é proveniente da estimulação do nervo laringeo superior (ramo do nervo vago responsável pela inervação das cordas vocais e epiglote), que gera impulsos ao bulbo cerebral promovendo o fechamento da glote. A fisiologia do laringoespasmo não está totalmente elucidada, porém alguns estudos demonstram que ocorre um exagero ou uma falta de inibição do reflexo fisiológico, gerado pela estimulação glótica. Em determinadas situações esse reflexo torna-se demasiado e o paciente pode evoluir para hipóxia.

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Entendendo e prevenindo laringoespasmo

Etiologia

O laringoespasmo tem etiologia múltipla, estando relacionado principalmente a gatilhos como asma, alergias, exercícios, substâncias irritantes como fumaça e vapores, estresse, ansiedade ou refluxo gastroesofágico. Qualquer situação que possa promover a estimulação do nervo laringeo superior, pode desencadear um laringoespasmo.

No cenário anestésico, o laringoesapasmo contribui para o aumento dos efeitos respiratórios adversos encontrados principalmente na anestesia pediátrica, sendo a causa mais comum de obstrução de vias aéreas após extubação. A população infantil apresenta um aumento do tônus vagal, contribuindo para a maior incidência de laringoespasmo. A incidência é maior e mais grave na faixa etárea de 0-3 meses por apresentarem maior tônus pasassimpático e vias aéreas mais estreitas.

Das causas não relacionadas a prática anestésica, o refluxo gastroesogágico é o mais comum. A exposição frequente do conteúdo gástrico ácido na mucosa esofagiana promove um processo inflamatório constante que pode estimular espasmos das cordas vocais e laringoespasmo. Alguns autores aconselham o tratamento farmacológico nesses casos a fim de diminuir a acidez estomacal tornando o suco gástrico menos corrosivo. Porém em algumas situações o tratamento convencional não é efetivo, tendo o paciente que se submeter a cirurgia de fundoplicatura.

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Na anestesia, alguns fatores contribuem para uma maior incidência de laringoespasmo além da idade como: infecção de vias aéreas superiores, síndrome de Down, Parkinson, sondagem nasogástrica, obesidade e exposição ao fumo. Os primeiros sinais clínicos são estridor com silêncio respiratório e presença de tiragem pelo esforço inspiratório. Mais tardiamente, se não for tratado, evolui para queda da saturação, bradicardia, cianose , hipóxia, podendo evoluir também para o óbito.

O tratamento é realizado com ventilação sob pressão positiva e realização da manobra de digitopressão auricular que desloca a mandíbula e abre as cordas vocais. Em casos extremos deve-se administrar bloqueador neuromuscular com reintubação do paciente.

A prevenção é definitivamente o fator mais importante. Deve-se evitar qualquer estímulo que possa desencadear o laringoespasmo.

Prevenção do laringoespasmo:

  1. Extubar o paciente completamente acordado evitando ao máximo estimular a laringe com aspirações vigorosas ou manipulação do tubo traqueal.
  2. O cuff deve ser desinsuflado somente no momento da extubação.
  3. A extubação não deve ser realizada em um momento de tosse ou apneia.
  4. Administrar lidocaína venosa no momento da extubação a fim de diminuir os reflexos glóticos.

Referências bibliográficas:

  • Robinson J. Laryngospasm: Causes, Symptoms, and Treatments. WebMd June 19, 2020.
  • Moura AT, Silva FC, Taves LO. Laringoespasmo em Anestesia Pediátrica. Rev Med Minas Gerais 2018;28(Supl8);S20-27.

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