Manejo de sintomas pós-Covid-19 na Atenção Primária à Saúde

É preciso unir esforços para identificar precocemente os sintomas pós-Covid-19 e propor um plano de cuidado individualizado.

Desde o início da pandemia pelo novo coronavírus, sintomas persistentes após a infecção aguda têm sido descritos. Nos pacientes com quadros leves a moderados de Covid-19, cerca de 10% apresentam sintomas prolongados, com duração de semanas a meses. Dentre os pacientes com quadro grave, após sessenta dias do início da doença, quase 90% ainda apresentavam sintomas.

A Atenção Primária à Saúde tem um papel fundamental no acompanhamento, tratamento e reabilitação dos casos de Covid-19. Os sintomas mais comuns envolvem os sistemas respiratório, cardiovascular, neurológico e trato gastrointestinal. É preciso unir esforços da equipe como um todo, para identificar precocemente os sintomas prolongados e propor um plano de cuidado individualizado. Tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, associados ao acompanhamento longitudinal da equipe, são efetivos nesta abordagem.

É preciso unir esforços para identificar precocemente os sintomas pós-Covid-19 e propor um plano de cuidado individualizado.

Sintomas pós-Covid-19  mais comuns: 

  • Tosse seca
  • Dispneia
  • Fadiga
  • Palpitação
  • Taquicardia
  • Desconforto torácico
  • Tromboembolismo venoso
  • Anosmia
  • Disgeusia
  • Cefaleia
  • Tontura
  • Disfunção cognitiva
  • Diarreia
  • Síndrome pós terapia intensiva

Ainda é cedo para que possam ser realizados estudos que avaliem de forma no longo prazo, a melhor abordagem para o manejo dos sintomas persistentes, após infecção pelo SARS-Cov-2. Assim, devemos seguir medidas gerais para cada condição diagnosticada.

Abordagem dos casos

Inicialmente é necessário avaliar a história da infecção pelo coronavírus e as complicações advindas do quadro (ex: trombose venosa profunda), que impactam diretamente nas medicações em uso. Também devemos avaliar comorbidades exacerbadas ou que deixaram de ser controladas durante o quadro agudo (diabetes, hipertensão, DPOC, asma, cardiopatia isquêmica).

Medidas gerais, como evitar etilismo e tabagismo, qualidade do sono, ingesta hídrica satisfatória e alimentação balanceada, precisam ser reforçadas. Para os quadros de fadiga, recomenda-se início lento, com aumento gradual da carga de atividade física.

Novas intercorrências podem acontecer, mesmo após as primeiras semanas de doença. Assim, suspeitas de tromboembolismo, síndrome coronariana aguda, miopericardite, evento neurovascular agudo, entre outros, devem ser encaminhados para o serviço de emergência.

Pacientes com internação prolongada em UTI podem ser acometidos pela síndrome pós terapia intensiva (para mais informações sobre essa doença, assista uma aula sobre o assunto). Essa população merece atenção especial da equipe multiprofissional. A equipe irá avaliar: úlceras de decúbito, descondicionamento físico e respiratório, perda de massa muscular, desnutrição, disfagia, polineuromiopatia, déficits cognitivos, e condições psiquiátricas.

A saúde mental deve ter papel de destaque na avaliação dessa população. Podem ser desencadeados quadros de ansiedade, depressão, e estresse pós-traumático, seja pelo isolamento ou incerteza de sua própria sobrevida.

Por fim, a longitudinalidade e o trabalho em equipe têm grande importância neste processo. A saúde básica tem uma capacidade inigualável de acompanhar os pacientes, relacionando seus sintomas com as comorbidades anteriores, contexto pessoal, familiar e comunitário, a fim de promover um cuidado individualizado dos sintomas persistentes pós-Covid-19.

Referência bibliográfica: 

  • Avaliação e Manejo de sintomas  prolongados de COVID-19. Porto Alegre: Telessaúde RS-UFRGS; Out 2020.

 

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