Máscaras cirúrgicas e de algodão são eficazes no bloqueio da Covid-19?

Um pequeno estudo de caso indicou que as máscaras cirúrgicas e de algodão não são eficazes no bloqueio da transmissão da Covid-19.

Um pequeno estudo de caso realizado por pesquisadores da Coreia do Sul indicou que as máscaras cirúrgicas e de algodão não são eficazes no bloqueio da transmissão da Covid-19.

Um estudo anterior havia relatado que máscaras cirúrgicas e de N95 eram igualmente eficazes na prevenção da disseminação do vírus influenza. Portanto, as máscaras cirúrgicas também poderiam ajudar a impedir a transmissão da SARS-CoV-2.

No entanto, como a pandemia contribuiu para a escassez de máscaras N95 e cirúrgicas, as máscaras de algodão ganharam o interesse da população.

O próprio Ministério da Saúde do Brasil indicou o uso de máscaras caseiras com duas camadas de pano para toda a população, não somente para quem está com os sintomas da doença.

Máscaras na Covid-19

Os conselhos institucionais de revisão de dois hospitais em Seul, na Coréia do Sul, aprovaram o protocolo e quatro pacientes com Covid-19 aceitaram participar do estudo de caso.

Os pacientes ficaram durante o experimento em salas de isolamento de pressão negativa, onde foram os pesquisadores compararam as seguintes máscaras cirúrgicas: descartáveis ​​(180 mm × 90 mm, três camadas, com superfície interna, misturada com polipropileno e polietileno, filtro de polipropileno e superfície externa de polipropileno), plissadas e embaladas a granel em papelão; KM Dental Mask, KM Healthcare Corp e com máscaras reutilizáveis de algodão (160 mm × 135 mm, duas camadas, embaladas individualmente em plástico).

Uma placa de Petri (90 mm × 15 mm) contendo 1 mL de meio de transporte viral (solução salina tamponada com fosfato estéril com albumina sérica bovina, 0,1%; penicilina, 10.000 U/mL; estreptomicina, 10 mg; e anfotericina B, 25 µg ) foi colocada a 20 cm da boca dos pacientes.

Os voluntários foram instruídos a tossir cinco vezes cada em na placa enquanto usavam a seguinte sequência de máscaras: sem máscara, máscara cirúrgica, máscara de algodão e novamente sem máscara. Uma placa de Petri separada foi utilizada para cada um dos cinco episódios de tosse.

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As superfícies da máscara foram esfregadas com swabs assépticos de Dacron na seguinte sequência: superfície externa da máscara cirúrgica, superfície interna da máscara cirúrgica, superfície externa da máscara de algodão e superfície interna da máscara de algodão.

As cargas virais medianas das amostras de nasofaringe e saliva dos quatro participantes foram 5,66 cópias de log/mL e 4,00 cópias de log/mL, respectivamente. As cargas virais medianas após a tosse sem máscara, com máscara cirúrgica e com máscara de algodão foram 2,56 cópias de log/mL, 2,42 cópias de log/mL e 1,85 cópias de log/mL, respectivamente. Todas as varetas externas da máscara foram positivas para a Covid-19, enquanto a maioria das varetas das superfícies internas da máscara deu negativa.

Resultados

Nem as máscaras cirúrgicas, nem as de algodão filtraram efetivamente a Covid-19 durante a tosse por pacientes infectados.

Evidências prévias de que as máscaras cirúrgicas filtravam efetivamente o vírus influenza recomendavam que pacientes com Covid-19 confirmados ou suspeitos deveriam usar máscaras faciais para impedir a transmissão. No entanto, o tamanho e as concentrações de Covid-19 nos aerossóis gerados durante a tosse são desconhecidos.

Os pesquisadores demonstraram que as máscaras cirúrgicas não exibiram desempenho adequado de filtro contra aerossóis com diâmetro de 0,9, 2,0 e 3,1.

E também mostraram que partículas de 0,04 a 0,2 podem penetrar nas máscaras cirúrgicas. O tamanho da partícula SARS-CoV do surto de 2002-2004 foi estimado em 0,08 a 0,14.

Supondo que o SARS-CoV-2 tenha um tamanho semelhante, é improvável que as máscaras cirúrgicas filtrem efetivamente esse vírus. Foram encontradas uma maior contaminação no exterior do que nas superfícies internas da máscara.

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Embora seja possível que as partículas do vírus possam atravessar a superfície interna para a externa por causa da pressão física da vareta, os pesquisadores limparam a superfície externa antes da superfície interna.

Segundo o estudo, é improvável que a descoberta consistente de vírus na superfície externa da máscara tenha sido causada por erro ou artefato experimental. As características aerodinâmicas da máscara podem explicar esse achado.

É importante ressaltar que esse experimento não incluiu máscaras N95 e não reflete a transmissão real de infecção de pacientes com Covid-19 usando diferentes tipos de máscaras.

Mais estudos serão necessários para recomendar seguramente se as máscaras faciais diminuem a transmissão do vírus de indivíduos assintomáticos ou daqueles com suspeita de Covid-19 que não estão tossindo.

*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED

Referências bibliográficas:

  • Bae S, et al. Effectiveness of Surgical and Cotton Masks in Blocking SARS–CoV-2: A Controlled Comparison in 4 Patients. Ann Intern Med. 2020. DOI: 10.7326/M20-1342

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