Mesa Redonda: impacto das novas variantes SARS-Cov-2

O evento online Mesa Redonda da Cátedra Oswaldo Cruz abordou o impacto das novas variantes SARS-Cov-2 para a população e para as vacinas.

No dia 1 de fevereiro de 2021 ocorreu online a Mesa Redonda da Cátedra Oswaldo Cruz, que abordou o “Impacto dos novos variantes de SARS-Cov-2 na pandemia de Covid-19“. O evento contou com pesquisadores que estão na linha de frente das pesquisas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Acompanhamos a transmissão e traremos neste post os principais insights.

novas variantes

A diversidade genética das novas variantes

A primeira palestra foi realizada por Carolina Moreira Voloch, do laboratório de Virologia molecular da UFRJ. Logo no início, ela ressaltou que muitos genomas de SARS-Cov-2 já foram sequenciados, um total de 456.412 até hoje, número bem maior do que de outros vírus, como HIV. Ela explicou também que é normal o surgimento de novas linhagens por se tratar de um vírus. 

As principais variantes abordadas na palestra foram: B.1.1.7 (identificada no Reino Unido); B.1.351 (identificada na África do Sul); P1 (identificada em Manaus). Mais recentemente foi vista a P2, que foi caracterizada pelo laboratório da UFRJ e identificada no Rio de Janeiro. Muitas das mutações ocorriam na proteína Spike do vírus em todas as linhagens, com número mais expressivo na variante P1. Outros coronavírus também apresentaram este comportamento de mutações na proteína Spike como forma de adaptação. Esta é a proteína de superfície do vírus e faz a ligação com as células hospedeiras, sofrendo grande pressão seletiva. 

Já há registros de reinfecção com essas novas linhagens que surgiram no Brasil e evidências de diminuição dos títulos de neutralização. Ela conclui dizendo que o desafio é interpretar estas informações para conseguirmos driblar esta pandemia.

Qual impacto na pandemia de Covid-19?

A segunda palestra foi realizada por Luciana Jesus da Costa, do Departamento de Virologia da UFRJ. Ela começou ressaltando que ainda não temos a resposta da pergunta que intitula sua apresentação. O esforço é tentar respondê-la ao longo das pesquisas.

Ainda não se sabe se as alterações na proteína S tornaram o vírus mais virulento. Com relação ao MERS, foi visto que não, porque o vírus se ligava com menos afinidade ao receptor e não necessariamente haveria um ganho replicativo.

Importância clínica e epidemiológica das novas variantes

A última palestra foi realizada pelo Dr Amilcar Tanuri, também da UFRJ. Ele começou explicando sobre a resposta sorológica aos vírus, baseado nos dados dos pacientes estudados na UFRJ. Segundo o pesquisador, a resposta imune cai ao longo do tempo. O mesmo paciente com soro colhido em épocas diferentes apresentava quedas importantes de títulos sorológicos quanto a determinadas partes do vírus. 

Foi publicado em maio de 2020 um artigo que declarava que em Manaus havia uma imunidade de 70%, sendo questionado se haveria imunidade de rebanho. Alguns meses depois o vírus veio com uma segunda onda e se questiona se a queda da imunidade poderia estar relacionada com este evento. O pesquisador ressaltou ainda que, com relação às variantes, deve-se ter cautela ao associar a tragédia de Manaus a elas, já que a população se aglomerou, parou de usar máscaras e ainda teve a questão da falta de oxigênio.

As variantes impactam as vacinas já existentes?

O pesquisador compartilhou alguns estudos mostrando que as vacinas ainda eram efetivas contra as variantes. Mas ressaltou que não sabe até onde o acúmulo de mutações irá levar à necessidade de novas vacinas. É necessário que se acompanhe as populações já vacinadas para vermos a resposta. No momento em que o soro dos imunizados não neutralizam as novas variantes, deve-se lançar uma vacina. Porém o processo é complicado porque ela provavelmente teria que passar pelos estudos de fase 1 e 2. 

As mutações podem alterar os testes diagnósticos?

Segundo os pesquisadores, a princípio não, pois os testes moleculares que estão sendo usados no Brasil não utilizam os alvos que estão sendo impactados. Com relação ao teste sorológico, ele seria feito com uma proteína inteira e o vírus teria que mutar muito para perder a imunogenicidade. Já o teste do antígeno é capturado por um monoclonal, se a mutação for na região N, pode haver diminuição da sensibilidade do teste. Foi ressaltado que  a questão é dinâmica e precisamos estar atentos. 

Mensagem prática

A mesa redonda foi muito elucidativa, trouxe dados importantes dos nossos pesquisadores da linha de frente e esclareceu dúvidas (até receios) com relação às novas variantes da Covid-19. Como mensagem final, deixo uma frase do Dr. Amilcar: “A maneira de conter as variantes é a mesma dos vírus originais: vacina, isolamento social e testagem em massa”. Sigamos na luta! 

Para acessar a palestra completa acesse: Mesa Redonda da Cátedra Oswaldo Cruz: Impacto dos novos variantes na pandemia da Covid-19 

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