Monkeypox: orientações aos profissionais de saúde

Monkeypox é um vírus cuja transmissão se dá por contato com secreções respiratórias e lesões cutâneas de pessoas com a doença na fase ativa.

Com a disseminação rápida entre países e as primeiras confirmações no Brasil, casos de Monkeypox (varíola do macaco) tornaram-se uma grande preocupação para a saúde pública global. Se antes limitada a alguns países africanos, atualmente a infecção pelo vírus mostra-se com um potencial epidêmico e mesmo pandêmico.

Além da ausência de vínculo epidemiológico de muitos casos, a atipicidade das lesões cutâneas vêm chamando a atenção, com casos apresentando-se como lesões únicas de localização genital e perianal, dificultando seu diagnóstico.

Nesse cenário, é importante que os profissionais de saúde que possam entrar em contato com esses pacientes saibam não somente reconhecer um caso suspeito, mas também as medidas de controle e proteção recomendadas.

Leia também: Monkeypox: o que precisamos saber sobre a varíola do macaco?

Formas de Transmissão

Monkeypox é considerada uma zoonose viral. Embora inicialmente descrita em macacos (de onde vem o nome de “varíola dos macacos”), outros animais provavelmente apresentam maior importância como reservatórios na manutenção da circulação do vírus na natureza.

Entre humanos, a transmissão se dá por contato próximo direto com secreções respiratórias e lesões cutâneas de pessoas com a doença em fase ativa ou com contato com superfícies contaminadas. A transmissão por contato é considerada como a forma principal e pode perdurar por todo o período de doença.

Diferente de outras infecções virais com manifestação cutânea, como a varicela ou herpes-zoster, o período de transmissão se encerra somente quando todas as crostas desaparecem. A transmissão respiratória é por gotícula e associada a contato prolongado.

Caso suspeito

A definição atual de caso suspeito é a seguinte:

– Indivíduo de qualquer idade que, a partir de 15 de março de 2022, apresente início súbito de erupção cutânea aguda sugestiva de Monkeypox, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo região genital), associada ou não a adenomegalia ou relato de febre.

E

– Histórico de viagem a país endêmico ou com casos confirmados de Monkeypox nos 21 dias anteriores ao início dos sintomas.

OU

– Ter vínculo epidemiológico com pessoas com histórico de viagem a país endêmico ou país com casos confirmados de Monkeypox, desde 15 de março de 2022, nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

OU

–  Ter vínculo epidemiológico com casos suspeitos, prováveis ou confirmados de Monkeypox, desde 15 de março de 2022, nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

OU

– Histórico de contato íntimo com desconhecido/a(s) e/ou parceiro/a(s) casual(is), nos últimos 21 dias que antecederam o início dos sinais e sintomas.

São consideradas como erupções cutâneas sugestivas de Monkeypox: lesões profundas e bem circunscritas, muitas vezes com umbilicação central; e progressão da lesão através de estágios sequenciais (máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas).

Para vínculo epidemiológico, considera-se exposição próxima e prolongada sem proteção respiratória; contato físico direto, incluindo contato sexual, mesmo com uso de preservativo; ou contato com materiais contaminados, como roupas ou roupas de cama.

Todo caso considerado suspeito deve ser notificado às autoridades sanitárias, em até 24 horas, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde. A ficha de notificação está disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/svs/resposta-a-emergencias/sala-de-situacao-de-saude/sala-de-situacao-de-monkeypox/notificacao-de-caso

Diagnósticos diferenciais

Os principais diagnósticos diferenciais a serem considerados incluem varicela, herpes-zóster, sarampo, infecções cutâneas bacterianas, escabiose, sífilis, reações alérgicas e infecções por herpes simples.

Medidas de precaução

Diante de um caso suspeito ou confirmado de Monkeypox, além de medidas de precaução padrão universais, medidas de precaução específicas devem ser instituídas. Assim, para o atendimento e prestação de cuidados desses pacientes, deve-se respeitar as precauções de contato e respiratória, com uso adequado de EPI e isolamento.

Entre as medidas recomendadas pela Anvisa, encontram-se:

– Precaução de contato: isolamento do paciente, uso de capote e luvas quando da manipulação do paciente e de produtos e superfícies usadas por ele.

– Precaução respiratória por gotículas: isolamento do paciente, uso de máscara cirúrgica pelo profissional quando adentrar no leito ou área de isolamento e quando for prestar assistência a menos de 1m de distância do paciente.

– Precaução respiratória por aerossol: para situações específicas, com potencial para geração de aerossois (como intubação ou aspiração traqueal, ventilação mecânica não invasiva, ressuscitação cardiopulmonar, coleta de amostras respiratórias, entre outras), recomenda-se uso de máscara N95/PFF2 ou equivalente em substituição à máscara cirúrgica. Idealmente, esses procedimentos devem ser realizados em locais com engenharia adequada, com pressão negativa e filtro HEPA. Na ausência dessa estrutura, devem ser conduzidos em quarto individual bem ventilação, com o mínimo de profissionais necessário e de portas fechadas.

Outras medidas importantes a serem lembradas:

– Uso de óculos de proteção ou protetor facial quando houver possibilidade de contato de secreções com mucosa ocular.

– Durante transporte ou quando estiver em áreas comuns, o paciente deve usar máscara cirúrgica.

– Como em todas as situações de prestação de cuidados em saúde, deve-se estar atento à realização de higienização das mãos com técnica adequada e nos momentos recomendados.

– Indivíduos com casos suspeitos ou confirmados e que necessitem de internação devem ser alocados preferencialmente em quarto individual, bem ventilado e que deve permanecer com as portas fechadas.

– Na situação em que o número de casos ultrapasse o de quartos individuais disponíveis, há possibilidade de estabelecimento de áreas de coorte, tomando-se o cuidado de alocar casos suspeitos e confirmados em locais diferentes, assim como adoção de coorte de profissionais.

– Para área de coorte, é necessário que se mantenha uma distância mínima de 1m entre os leitos e circulação mínima de pessoas, inclusive com restrição de visitas e acompanhantes.

– Mesmo dentro de áreas de isolamento ou coorte, os profissionais devem trocar de EPI entre um paciente e outro, não devendo-se utilizar o mesmo capote e/ou o mesmo par de luvas para atendimento de pacientes diferentes. A cada troca de EPI, o profissional deve higienizar as mãos. Essa medida é essencial para prevenir transmissão cruzada de outros agentes infecciosos.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo

Selecione o motivo:
Errado
Incompleto
Desatualizado
Confuso
Outros

Sucesso!

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Avaliar artigo

Dê sua nota para esse conteúdo.

Você avaliou esse artigo

Sua avaliação foi registrada com sucesso.

Baixe o Whitebook Tenha o melhor suporte
na sua tomada de decisão.
Referências bibliográficas: Ícone de seta para baixo
  • ANVISA. NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 03/2022. ORIENTAÇÕES PARA PREVENÇÃO E CONTROLE DA MONKEYPOX NOS SERVIÇOS DE SAÚDE. Brasília, 31 de maio de 2022.

Especialidades