Monócitos: um novo biomarcador para fibrose pulmonar idiopática (FPI)?

A necessidade de um biomarcador de fácil acesso e custo efetivo e a individualização do tratamento para FPI são mandatórias.

A fibrose pulmonar idiopática (FPI) é uma doença fibrosante heterogênea e, por definição, sempre progressiva. A sobrevida média na era pré antifibróticos era estimada em cerca de 3 a 5 anos e o prognóstico pode ser difícil de se estabelecer. Diante desse cenário, a necessidade de um biomarcador de fácil acesso e custo efetivo e a individualização do tratamento são mandatórias.

Em doenças como asma e DPOC, a utilização de eosinófilos no sangue periférico como biomarcador para direcionamento do tratamento já é bem conhecida. Estudos retrospectivos envolvendo esclerose sistêmica, mielofibrose, cardiomiopatia hipertrófica e a própria FPI apontam para os monócitos como um marcador de prognóstico e mortalidade. 

Leia também: Qual é a relação entre fibrose pulmonar e refluxo gastroesofágico?

Monócitos um novo biomarcador para fibrose pulmonar idiopática (FPI)

Metodologia do Estudo

Esse estudo envolveu a população de quatro grandes trials em FPI, o ASCEND, o CAPACITY (dois estudos) e o INSPIRE (os dois primeiros envolvendo pirfenidona, um antifibrótico, e o último testando interferon-gama, todos contra placebo). Foram avaliados 2.067 pacientes incluídos que tinham um hemograma ao baseline e divididos em três grupos: aqueles com contagem de monócitos menor que 600 cels/mm3, entre 600 e 950 e acima de 950 cels/mm3. Os desfechos avaliados foram progressão da FPI (>10% de declínio de CVF%, redução de > 50 m no teste de caminhada de seis minutos ou morte) internação por todas as causas e mortalidade por todas as causas.

Resultados

A média de idade dos pacientes foi de 66 anos, sendo que 73% eram homens. A contagem média de monócitos foi cerca de 490 cels/mm3, sendo apenas 50 pacientes com contagem superior a 950 cels/mm3. A comorbidade mais relatada foi a doença do refluxo gastroesofágico (31%), seguida por doença arterial coronariana (21,5%), com maior prevalência no grupo de pacientes com maior contagem de monócitos. Na análise bivariada e após ajuste para idade, sexo, CVF%, DLCO% e teste de caminhada de seis minutos, os pacientes com monócitos entre 600 e 950 e acima de 950 cels/mm3 tiveram maior progressão da FPI (HR 1,25, IC 95%, 1,04-1,50, p=0,016), mais hospitalizações por todas as causas (HR 1,29, IC 95%, 1,03-1,63, p=0,03) e maior mortalidade por todas as causas (HR 1,78, IC 95%, 1,19-2,66, p=0,05). Não houve diferença em relação à mudança no valor de monócitos ao longo do seguimento e o efeito do antifibrótico utilizado (pirfenidona) não foi avaliado.

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Mensagem prática

  • Os estudos são retrospectivos mas apontam para um possível biomarcador nas doenças intersticiais, sobretudo a FPI;
  • Caracterizar o risco e avaliar o prognóstico desses pacientes muitas vezes é difícil e demanda exames ainda pouco acessíveis;
  • Individualizar o tratamento nos permite definir quem pode se beneficiar de drogas específicas e até mesmo transplante de pulmão;

E você, já reparou nos monócitos dos seus pacientes?

Referências bibliográficas:

  • Kreuter M, Lee JS, Tzouvelekis A, Oldham JM, Molyneaux PL, Weycker D, Atwood M, Kirchgaessler KU, Maher TM. Monocyte Count as a Prognostic Biomarker in Patients with Idiopathic Pulmonary Fibrosis. Am J Respir Crit Care Med. 2021 Jul 1;204(1):74-81. doi: 10.1164/rccm.202003-0669OC

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